Gigante do agro com dívida de R$ 250 milhões, ganha ex-desembargador como fiscalizador de plano de recuperação judicial

Setor enfrenta nova onda de reestruturações, com casos envolvendo frigoríficos, curtumes e usinas; ex-desembargador assume processo de R$ 250 milhões no Mato Grosso, envolvendo o Grupo Malp

O ano de 2025 tem sido marcado por uma nova escalada nos pedidos de Recuperação Judicial (RJ) no setor agropecuário brasileiro. Em meio ao cenário de instabilidade econômica, alta no custo de produção e dificuldades de liquidez, empresas tradicionais do agro têm recorrido com frequência à Justiça como forma de reorganizar suas operações e evitar a falência. Um dos exemplos mais recentes é o caso do Grupo Malp, conglomerado com atuação em curtumes, frigorífico e geração de energia, que acumula dívidas superiores a R$ 250 milhões e teve sua RJ homologada com reestruturação de comando na fiscalização judicial.

A Recuperação Judicial do Grupo Malp, que integra o Grupo Redenção, foi marcada por uma reviravolta decisiva: a Justiça substituiu a advogada Adriana Pugliesi, doutora pela USP e professora da FGV, que ocupava o cargo de “Watchdog” — agente fiscalizador nomeado pelo juízo — pelo ex-desembargador Paulo da Cunha, que atuou por mais de 20 anos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e se aposentou em 2024.

A decisão foi proferida pelo juiz Márcio Aparecido Guedes, da 2ª Vara Empresarial de São Paulo, após um dos credores questionar a atuação de Pugliesi por suposta inércia e ausência de relatórios. Embora o magistrado tenha reconhecido que a advogada atuava dentro dos limites técnicos e legais, concluiu que a complexidade crescente do processo exigia um perfil mais ativo, intensivo e qualificado para acompanhar o plano de recuperação e garantir transparência e efetividade.

O novo fiscalizador, Paulo da Cunha, receberá salário de R$ 25 mil mensais, conforme decisão judicial. A mudança foi classificada como “medida de adequação técnica, e não penalidade”, de acordo com a fundamentação do juiz .

Crise no Grupo Malp remonta à pandemia e à greve de caminhoneiros

Esta é a segunda Recuperação Judicial enfrentada pelo Grupo Malp, que já havia recorrido ao instrumento em 2009, quando o passivo acumulado superava R$ 106 milhões. Na época, o plano foi integralmente cumprido e encerrado em 2013. No entanto, segundo os autos do processo, a crise se agravou novamente a partir de 2018, com impactos da greve dos caminhoneiros e, posteriormente, a interrupção das exportações de carne para a China e outros países durante a pandemia de Covid-19, gerando queda abrupta no fluxo de caixa e inviabilizando o pagamento de dívidas no curto e médio prazo .

O grupo, que possui atuação relevante no agronegócio de Mato Grosso, inclui também uma pequena central hidrelétrica (PCH) e movimenta centenas de empregos diretos e indiretos. A nova fase da RJ busca reestruturar as dívidas junto a credores financeiros e operacionais, reorganizar contratos e restabelecer a capacidade produtiva.

📌 Fatos principais do processo:

ItemDetalhes
Grupo em RJGrupo Malp (parte do Grupo Redenção)
Dívida acumuladaR$ 250 milhões
Substituição no cargo de fiscalizadorAdriana Pugliesi (USP/FGV) → Paulo da Cunha (ex-desembargador TJMT)
Remuneração do novo fiscalR$ 25 mil mensais
Motivo da substituiçãoMaior complexidade e necessidade de atuação intensiva
Histórico de RJ anteriorEm 2009, encerrada com sucesso em 2013
Causas recentes da criseGreve dos caminhoneiros (2018) e pandemia de Covid-19 (2019–2020)

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM