Com investimento de R$ 2,3 bilhões da gigante do etanol, unidade da Satarem vai produzir combustível sustentável para aviação – também conhecido como SAF – e promete aquecer o setor sucroenergético no Paraná
Um dos investimentos mais estratégicos da América Latina acaba de ser anunciado para Maringá (PR) e promete movimentar não apenas a economia regional, mas também o agronegócio nacional. A cidade foi escolhida para receber a primeira fábrica de combustível sustentável de aviação (SAF) da Satarem America Inc. no continente, com investimento de R$ 2,3 bilhões, gerando 800 empregos diretos e até 3 mil indiretos. A matéria-prima principal? Etanol, um produto que nasce do campo.
A nova planta industrial será instalada na divisa entre Maringá e Sarandi e terá o etanol como base da produção na fase inicial, fortalecendo ainda mais a cadeia do setor sucroenergético no Brasil — o maior produtor mundial do biocombustível. A expectativa é que o primeiro litro de SAF seja produzido em dezembro de 2028, dando início a uma nova rota comercial sustentável para o país, com forte potencial exportador.
Demanda por etanol deve crescer com o avanço do SAF
A escolha do etanol como insumo principal para a produção do SAF representa uma oportunidade direta para o agronegócio, em especial para os produtores de cana-de-açúcar, milho e sorgo, culturas já utilizadas na fabricação do biocombustível. Com isso, o setor pode ganhar novo fôlego com a ampliação da demanda nacional e internacional por etanol para fins não apenas veiculares, mas também aeronáuticos.
“O projeto tem impacto global, em um mercado que tende a crescer rapidamente com a exigência de uso de combustíveis sustentáveis pela aviação comercial”, destacou o vice-governador do Paraná, Darci Piana. Ele acrescenta que o investimento reforça o papel do Paraná e do agro brasileiro na transição energética mundial.
Infraestrutura e agro: uma combinação estratégica
De acordo com o CEO da Satarem America Inc., Jerome Friler, a escolha por Maringá foi baseada em três fatores: alta oferta de etanol, infraestrutura logística eficiente e proximidade com o Porto de Paranaguá, o que facilita o escoamento da produção para o exterior. Segundo ele, trata-se do maior investimento da empresa atualmente na América Latina.
Além disso, Friler reforçou o caráter inclusivo da operação: 50% dos contratados serão mulheres e 30% jovens, reforçando o impacto social do projeto.
Potencial de expansão e novos insumos agrícolas
Além da unidade anunciada, a multinacional já estuda a implantação de uma segunda planta industrial no Paraná, com foco em novas matérias-primas de origem renovável, como o biogás, que pode abrir novos caminhos para a diversificação da matriz energética rural e a valorização de resíduos agropecuários.
A companhia também está em negociação com companhias aéreas internacionais, como a Ethiopian Airlines, interessadas em adquirir o SAF produzido no Brasil, o que pode abrir mercados importantes para o etanol brasileiro no setor aéreo global.
Apoio institucional e políticas públicas
O projeto foi viabilizado com apoio do governo estadual, por meio de um decreto voltado à atração de investimentos estratégicos, citado pelo secretário da Indústria, Comércio e Serviços, Marco Brasil, como fator decisivo para garantir a instalação da planta no Paraná.
A fábrica da Satarem em Maringá vai muito além de um investimento bilionário: ela representa um marco para o agronegócio brasileiro, ao ampliar o uso do etanol e abrir novos mercados sustentáveis para o produto rural. Em um momento em que a aviação mundial busca soluções para reduzir suas emissões, o agro brasileiro se apresenta como parte da resposta, reforçando sua posição estratégica na transição energética global.
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