Gir avança em programa de melhoramento para produção de carne de qualidade

Animal com dupla aptidão apresenta acabamento frigorífico nato; raça faz um brilhante trabalho na produção de leite e produz um bom bezerro

O Gir surge no Brasil nas importações da Índia em meados do século passado, uma raça que hoje está ligada em todas as cadeias produtivas de leite país e vem ganhando força na pecuária de corte também, principalmente devido a qualidade da carne.

Em entrevista exclusiva ao editor do portal Compre Rural, Marcio Peruchi, Jorge Sab, Diretor de Comunicação da Associação Brasileira de Criadores de Gir (Assogir) falou sobre os avanços da raça no Brasil.

Segundo Sab o Gir é uma raça considerada de dupla aptidão, faz um brilhante trabalho na produção de leite, produz um bom bezerro – que é o lucro da propriedade, e atualmente no cenário de vendas externas, a commodity apresenta uma carne de qualidade e sem perder as características básicas importantes da raça.

“A raça Gir tem um papel fundamental na pecuária tropical de um modo geral, e nosso entendimento é que ela pode contribuir tanto no corte quanto no leite”, destacou.

A raça teve seu momento áureo há 30 anos e atualmente voltou à acessão por interesse em rebanhos com rusticidade.

“Características como rusticidade foi perdida, caracterização racial, animal que consiga remunerar o produtor, e tentar fazer um mercado mais real. Credibilidade maior para oferecer genética aos produtores que buscam por números absurdos e acabaram-se perdidas”, disse.

foto: JORGE SAB

Programa Carnegir

A Assogir vem realizando um Programa Nacional de Fomento e Melhoramento Genético para Produção de Carne da Raça Gir (Carnegir). O programa tem o objetivo de oferecer ao mercado animais melhoradores e a compreensão da competência frigorífica da raça atendendo as demandas por qualidade na produção de carne.

“Mesmo divulgando poucos resultados até agora o programa tem bastante informações coletadas para serem divulgadas, só estão sendo alinhadas da melhor maneira possível para quando a gente for divulgar possa já oferecer ao mercado material genético para que as pessoas tenham dentro da raça várias opções. Então se quiser uma linhagem mais voltada para o leite ok, bom bezerro criado, carne de qualidade também. Nós temos animais identificados que produzem excelentes resultados e para commodity – animais precoces e muito eficientes”, destacou Sab.

Foto: Divulgação

Marmoreio

Outro ponto que está sendo explorado pela associação são os cruzamentos. Como o Girolando que é muito conhecido nacionalmente pela força do leite sem deixar a caracterização racial, produzindo altas quantidades de leite a um custo economicamente viável.

“ A gente tem feito alguns acasalamentos intrazebuinos como do Gir com o Nelore, por exemplo, que tem dado resultados fantásticos. Temos um associado que fez um trabalho dentro do nosso programa utilizado uma vacada Nelore PO e colocou em cima delas um touro Gir e conseguiu uma média de carcaça 3.8 marmoreio, então a gente consegue ver que tem atingido bons índices e a qualidade da carne cabe em todas as raças, e o Gir é um animal que tem uma peculiaridade que está sendo estudado a fundo para garantir ao mercado esse material”, destacou.

Acabamento frigorífico nato

Segundo Sab, quando a gente fala de qualidade de carne, a gente tem algumas métricas que são relativamente proporcionais se existe uma questão que ela é inversamente proporcional é a questão do animal ter eficiência e qualidade. O animal com mais qualidade na carne geralmente é menos eficiente, e ao contrário também é válido, o animal mais eficiente tem menos qualidade na carne, mas o Gir tem uma peculiaridade que ele tem esse traseiro com acabamento frigorífico muito interessante.

“Hoje nas grandes boutiques de carnes nobres os cortes mais valorizados também estão no dianteiro, mas pensando nesse volume posterior desse animal é um trabalho que a gente nunca deixou de fazer. As nossas fêmeas produzindo leite tinham acabamento frigorífico interessante, lógico que animal que produz mais leite vai ter um fenótipo voltado para o leite pois é natural que toda a energia daquele animal se concentre no bezerro, que a gente busca aqui não é o animal mais pesado nem o mais leiteiro é o animal que atenda os rebanhos de maneira equilibrada, com rusticidade e qualidade”, disse.

Alimento para o mundo

Sab lembrou que por volta de 1975 foi lançada uma moeda de 5 Centavos de Cruzeiro com a gravura: FAO Alimentos para o Mundo e o desenho de um animal Gir.

“Então essa missão de alimentar existe dentro do criador de Gir, é papel fundamental da Assogir e dos criadores. Por muito tempo em outras raças também, quando o animal era considerado de melhoramento o preço da dose de sémen subia. Aqui temos o compromisso de manter o valor altamente comercial, a dose de sémen é vendida na média de R$30 para que a gente consiga disseminar essa genética, porque a gente via as vezes criador querendo começar um rebanho e tinha dose sendo vendida a R$200 R$300 e isso não é democratizar essa genética, e o papel da Assogir é democratizar com valores acessíveis para que os pequenos produtores também consigam usar. A gente tem que ter um acesso geral desta genética e a palavra de ordem aqui é democracia”, finalizou.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM