Goiás autoriza Planalto Bioenergia a investir R$ 1,8 bilhão e construir usina de etanol de milho

Projeto de R$ 1,8 bilhão prevê duas unidades industriais e produção de 200 milhões de litros de etanol de milho por safra, reforçando a aposta no biocombustível de baixo carbono

A cidade de Cristalina (GO) vive um clima de otimismo com a chegada de um grande investimento no setor de biocombustíveis. A Planalto Bioenergia obteve a Licença de Instalação (LI) da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad), autorizando o início da construção de uma usina de etanol de milho.

O empreendimento faz parte de um projeto que prevê a implantação de duas plantas industriais no estado — uma em Cristalina e outra em Formosa — com investimento total estimado em R$ 1,8 bilhão.

Licenciamento e cronograma das obras

De acordo com Paulo Sérgio Rangel Filho, sócio e diretor executivo da Planalto Bioenergia, a liberação representa um marco importante após anos de estudos e negociações com investidores. “É um grande marco para o projeto. A expectativa é de que dentro de 30 dias também seja emitida a licença da unidade de Formosa, porque já respondemos os questionamentos”, afirmou o executivo em entrevista concedida ao AgFeed.

A previsão é de que as obras em Cristalina comecem ainda em 2025. Por se tratar de um projeto greenfield (construção do zero), o tempo de execução é mais longo, podendo levar até 18 meses até que a unidade esteja efetivamente produzindo etanol.

Parceria com produtores e garantias de suprimento

Um diferencial do projeto é a sólida relação com produtores rurais. A empresa já firmou cartas de intenção de fornecimento de milho, garantindo as 500 mil toneladas necessárias para sustentar a produção de 200 milhões de litros de etanol por safra. Além do biocombustível, cada planta deve gerar 145 mil toneladas de DDG (grão seco de destilaria) e 9 mil toneladas de óleo de milho, subprodutos que já despertam interesse no mercado.

Segundo Rangel, a construção de armazéns de estocagem será uma das primeiras etapas, avançando paralelamente à instalação da caldeira. O objetivo é começar a receber milho já a partir da safra de 2026, garantindo o processamento em 2027.

Impacto regional e perspectivas de mercado

O empreendimento deve incentivar não apenas o cultivo da safrinha, mas também o plantio de milho verão, que apresenta maior produtividade na região de Goiás — diferente de Mato Grosso, onde predomina a segunda safra.

Para além da demanda atual, a estratégia da Planalto Bioenergia está voltada a tendências de longo prazo. O executivo destacou a busca por etanol de baixo carbono, com potencial de conversão para SAF (combustível sustentável de aviação) e para o biobunker, voltado ao transporte marítimo. “Vemos que haverá para a conversão de etanol em SAF, que não tenho dúvida que vai acontecer. Estamos olhando a questão do biobunker, combustível para navio, que também é uma grande demanda”, afirmou Rangel.

A abertura de mercados internacionais, como Japão e Índia, também está no radar da companhia. A expectativa é que o Nordeste brasileiro se torne um importante destino do etanol de milho produzido no Centro-Oeste, reduzindo a dependência das importações dos Estados Unidos.

Um novo ciclo de investimentos no etanol de milho

O anúncio da Planalto Bioenergia se soma a outros grandes projetos em andamento no Brasil, como a joint venture entre Amaggi e Inpasa, que prevê novas usinas em Mato Grosso e até em Rondônia. Para especialistas, o movimento sinaliza um boom de investimentos no etanol de milho, com impacto direto na segurança energética e no fortalecimento do agro brasileiro.

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