Governo corta 42% do orçamento previsto para seguro rural; setor reage com indignação

Mapa teve corte de 42% do orçamento previsto para seguro rural; Decisão surpreende produtores e entidades do agro, que temem impactos na proteção contra riscos climáticos e financeiros

A relação entre o governo federal e o setor agropecuário sofreu um novo abalo com o anúncio do corte de R$ 445 milhões no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), representando uma redução de 42% do orçamento inicialmente previsto para 2025. A medida, adotada sem aviso prévio, gerou forte reação de entidades representativas do setor e deve provocar movimentações políticas em Brasília nos próximos dias.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o bloqueio de recursos – R$ 354,6 milhões congelados e R$ 90,5 milhões contingenciados – integra o esforço do governo para cumprir a meta fiscal, diante da contenção de R$ 31,3 bilhões no orçamento federal.

Um “absurdo”, diz FAEP

O presidente do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, classificou a medida como “um absurdo”, reforçando que os valores já estavam muito abaixo do necessário para garantir a segurança produtiva no campo. “Agora, a situação ficou ainda mais complicada, deixando os produtores rurais descobertos em meio à safra. Mais uma vez, o governo virou as costas para o setor que segura a economia e gera renda e emprego”, afirmou.

A FAEP havia solicitado R$ 4 bilhões para o PSR, valor que, segundo a entidade, refletiria melhor o tamanho e a importância da atividade agrícola nacional.

Impacto direto na segurança produtiva

A subvenção ao prêmio do seguro rural é um auxílio financeiro essencial para viabilizar a contratação de apólices que protejam os produtores contra eventos climáticos extremos, como secas e enchentes. O modelo atual já sofre críticas por ser oneroso e, em muitos casos, incapaz de cobrir os custos totais da produção em caso de sinistro.

Em 2024, cerca de 86 mil produtores contrataram mais de 136 mil apólices, sendo 67,5% destinadas à cultura de grãos. Para 2025, apenas 13 mil produtores haviam aderido ao PSR até o momento, o que reflete a insegurança crescente diante da falta de garantias e cortes orçamentários.

Parlamentares ruralistas articulam reação após orçamento previsto para seguro rural

Integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foram pegos de surpresa com o corte e devem pressionar o governo federal para a recomposição dos valores. A medida também eleva a tensão em torno do Plano Safra 2025/2026, cujo anúncio é aguardado para o fim de junho ou início de julho.

Historicamente, o Congresso Nacional já havia aprovado emendas impedindo cortes ou bloqueios no PSR, mas os vetos presidenciais neutralizaram essas tentativas de blindagem do seguro rural.

Incertezas para a próxima safra

Até o momento, o Mapa liberou R$ 179,2 milhões para cobrir culturas de inverno, o que segundo fontes da pasta, preserva parte da cobertura de curto prazo. No entanto, a safra de verão está sob risco direto, caso não haja desbloqueio do restante dos valores contingenciados.

A pasta informou que divulgará na próxima semana o cronograma de liberação dos recursos restantes, mas não detalhou como pretende recompor os valores essenciais à manutenção do programa.

O corte de 42% no orçamento previsto para seguro rural para 2025 é mais do que um ajuste técnico — representa um golpe direto na previsibilidade e segurança da produção agrícola nacional. Em um cenário de crescente instabilidade climática e elevada pressão sobre os custos de produção, especialmente com o aumento no preço de insumos como fertilizantes, a ausência de apoio governamental por meio do seguro rural fragiliza ainda mais os produtores e compromete o desempenho do agronegócio brasileiro, um dos pilares da economia nacional.

A expectativa agora recai sobre uma possível reversão do corte com apoio do Congresso e sobre as sinalizações que virão com o Plano Safra 2025/2026. Para o setor, trata-se de uma decisão que exige resposta rápida e contundente, sob o risco de comprometer parte significativa da próxima colheita.

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