“Governo da ‘tiro no pé’ ao suspender o crédito rural”

“Ao suspender o crédito rural, neste atual cenário, o crescimento projetado para o setor deve ser afetado”, afirma o consultor Thiago Pereira; Agro terá que buscar meios mais caros!

A Secretaria do Tesouro Nacional suspendeu, nesta segunda-feira (7), juntamente com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as contratações de crédito rural para a safra 2021/22. Sendo assim, foram suspensas temporariamente as contratações de crédito rural nas linhas subsidiadas do Plano Safra, com a justificativa de que a alta da taxa Selic acabou colaborando para esgotar os recursos, informou o Ministério da Economia.

A medida pegou o setor produtivo de surpresa, provocando incerteza sobre o financiamento da safra. “Ao suspender o crédito rural, neste atual cenário, o crescimento projetado para o setor deve ser afetado negativamente. Além disso, o Governo da um ‘tiro no pé’, tendo em vista que o setor é responsável por quase 30% do PIB“, afirma o consultor Thiago Pereira.

O setor agropecuário deve passar por grandes dificuldades após essa medida entrar em vigor, tendo em vista que o momento é de grande necessidade desse apoio para garantir a produtividade e investimentos no setor.

Para o consultor, essa surpresa que o setor teve é resultado de uma falta de estrutura e coordenação por parte do Governo. ” O que o setor, que tanto apoia o Governo, tem neste momento é uma surpresa com essa decisão. Essa manobra realizada pelo Tesouro Nacional é fruto de uma má gestão e desorganização na gestão da política agrícola, que já não começou correta”, lembra o consultor.

Precisamos contextualizar que o atual Plano Safra, já começou com problemas, com a suspensão de outras linhas. As contratações do crédito rural ajudam no desenvolvimento do setor, permitindo que o produtor possa adotar novas tecnologias, investimento em qualidade de vida para permanência no campo e outros. Com essa suspensão, em um momento onde a safra ainda não chegou ao fim, trará um grande impacto negativo no futuro do setor.

O produtor deve ficar atento que essa não é a única opção de capital que ele possui, existem outras alternativas que o setor pode buscar, como o barter ou as, tão conhecidas, Cédulas de Produto Rural – CPRs. Mas sim, o agricultor irá encontrar maiores taxas e dificuldades nestas opções de financiamentos”, apontou Pereira.

Já na avaliação do diretor de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes, a CPR pode ser uma opção, mas que diante da alta nos juros aumenta o valor do crédito rural. “A suspensão anunciada se soma a outras dificuldades que já vínhamos observando para acessar o crédito rural. Isso vai prejudicar a captação de recursos para o início do novo Plano Safra em julho”, avalia.

De acordo com um ofício encaminhado pelo Ministério da Economia às instituições financeiras na última sexta-feira (4), o dinheiro disponível no orçamento deste ano se tornou insuficiente para a subvenção, especialmente depois dos aumentos consecutivos da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano, que elevaram os gastos do governo com a equalização dos juros nas operações de financiamento.

A medida deve se estender até o fim de fevereiro. “O governo entende a importância dessa questão e está trabalhando na busca pela sua solução”, disse o ministério.

A suspensão temporária das contratações de crédito rural nas linhas subsidiadas ocorre após aumentos em sequência da taxa básica Selic, que elevaram os gastos do governo com a equalização dos juros nas operações de financiamento. Isso fez com que os recursos para crédito subsidiado se esgotassem mais cedo que o previsto.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM