Medidas buscam equilibrar compromisso climático com apoio produtivo; agronegócio reforça papel estratégico na economia e na agenda ambiental.
O governo federal anunciou ajustes no Plano Clima 2024-2035 após críticas de representantes do agronegócio sobre possíveis impactos negativos das metas ambientais na produção rural. As mudanças vieram acompanhadas da ampliação de incentivos e mecanismos de apoio financeiro ao setor, em uma tentativa de alinhar os compromissos climáticos do país com a competitividade do campo, a segurança alimentar e o crescimento econômico.
O Plano Clima estabelece diretrizes nacionais para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a adaptação do país aos efeitos das mudanças climáticas. Entre os principais objetivos está a redução gradual das emissões até 2035 e o compromisso de alcançar a neutralidade climática até 2050. A agropecuária, por seu peso na economia e no uso da terra, ocupa papel central nesse planejamento.
Críticas do setor produtivo e revisão de metas
Produtores rurais, cooperativas e entidades representativas do agronegócio apontaram que a versão inicial do plano trazia metas consideradas excessivamente rígidas, com prazos difíceis de cumprir e pouca diferenciação entre produtores que adotam práticas sustentáveis e aqueles que ainda enfrentam desafios estruturais. Outro ponto sensível foi a atribuição de responsabilidades relacionadas ao uso da terra e ao desmatamento, considerada desproporcional por parte do setor.
Diante das críticas, o governo promoveu ajustes nas metas setoriais da agropecuária, flexibilizando prazos, aprimorando critérios técnicos e ampliando o diálogo com representantes do campo. A proposta revisada busca reconhecer a diversidade regional do país e o papel já desempenhado por tecnologias como plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e recuperação de áreas degradadas.
Ampliação de incentivos e crédito rural
Paralelamente às mudanças no Plano Clima, o governo reforçou políticas de estímulo ao agronegócio por meio da ampliação do crédito rural. O novo Plano Safra prevê volume recorde de recursos, com linhas específicas para produtores que adotam práticas sustentáveis, investem em inovação e reduzem impactos ambientais.
Entre as medidas anunciadas estão juros diferenciados para sistemas de produção de baixo carbono, estímulo à modernização tecnológica no campo e fortalecimento de programas voltados à agricultura familiar. A intenção é garantir que a transição climática não comprometa a renda dos produtores nem a oferta de alimentos.
Agricultura familiar e transição sustentável
A agricultura familiar também foi contemplada com políticas específicas, incluindo ampliação do acesso ao crédito, incentivos à diversificação produtiva e apoio à transição agroecológica. Sistemas que combinam produção de alimentos, preservação ambiental e geração de renda local passaram a ser prioridade dentro das novas diretrizes.
Essas medidas buscam fortalecer pequenos e médios produtores, considerados estratégicos para o abastecimento interno e para a redução das desigualdades regionais.
Agenda internacional e imagem do agro brasileiro
No cenário internacional, o governo e o setor produtivo trabalham para apresentar o agronegócio brasileiro como parte da solução para o enfrentamento das mudanças climáticas. A estratégia inclui destacar avanços tecnológicos, ganhos de produtividade e iniciativas de sustentabilidade, especialmente em fóruns globais e negociações climáticas.
Representantes do agro defendem que o Brasil reúne condições únicas para conciliar produção em larga escala com preservação ambiental, desde que haja políticas públicas adequadas, previsibilidade regulatória e apoio financeiro.
Desafios na implementação
Apesar dos ajustes, especialistas alertam que a efetividade do Plano Clima dependerá da execução das políticas, da articulação entre diferentes níveis de governo e da continuidade do diálogo com o setor produtivo. A implementação das metas exigirá monitoramento constante, investimentos em assistência técnica e mecanismos claros de avaliação.
O governo informou que a versão final do Plano Clima será oficialmente publicada e servirá como base para a consolidação das políticas climáticas e agrícolas do país nos próximos anos.
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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