Governo Lula: Área de queimadas no Brasil em 2024 está 62% acima da média histórica

Apesar do discurso, a gestão federal mostrou-se reativa, sem recursos e estrutura adequados à prevenção efetiva das áreas de queimadas; dados do MapBiomas mostram omissão do Governo Federal

As queimadas no Brasil voltaram a ganhar destaque em 2024, e os números são alarmantes. Segundo dados do projeto MapBiomas, a área queimada no país no último ano chegou a 30,8 milhões de hectares, o que representa um aumento de 79% em relação a 2023. Esse número é 62% superior à média histórica registrada nos últimos anos. E mais: 73% das queimadas atingiram vegetação nativa, como florestas e campos naturais.

Diante desse cenário, o agronegócio mais uma vez é colocado no centro do debate, muitas vezes de forma rasa e generalista. No entanto, lideranças do setor e especialistas apontam para a ausência de medidas efetivas por parte do Governo Federal, que falha na prevenção, no monitoramento e na execução das políticas públicas necessárias para conter o avanço do fogo.

Área de queimadas A dimensão do problema

De acordo com o relatório do MapBiomas Fogo, o volume de vegetação queimada em 2024 equivale a quase todo o território da Itália. As maiores áreas atingidas foram registradas em estados com presença intensa de vegetação nativa, como o Pará, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins.

Embora os focos de incêndio ocorram, em sua maioria, em áreas privadas – cerca de 95% –, especialistas reforçam que a responsabilidade não pode recair exclusivamente sobre os produtores rurais. A falta de coordenação nacional e o enfraquecimento da fiscalização nos últimos anos contribuíram para o descontrole atual.

Omissão federal e ausência de estratégia

Apesar do discurso de preservação ambiental, o Governo Lula demonstrou pouco preparo e agilidade no enfrentamento da temporada de queimadas de 2024. Faltam recursos, planejamento e reforço institucional aos órgãos responsáveis, como IBAMA e ICMBio.

Programas importantes como o PPCerrado e o PPCaatinga estão em curso, mas sem orçamento suficiente e sem um plano de ação emergencial coordenado entre União, estados e municípios. A ausência de uma operação robusta de campo, como ocorreu em gestões anteriores, deixa brechas que favorecem a continuidade das queimadas ilegais e dificulta a responsabilização de infratores.

Além disso, mesmo com o crescimento exponencial dos focos de incêndio, o governo federal limitou-se a ações reativas, como a aplicação de multas, que somaram R$ 224 milhões em 2024, segundo o IBAMA, mas sem efeito prático significativo na contenção do avanço do fogo.

O papel do agronegócio: parte da solução, não do problema

O setor agropecuário brasileiro tem sido um dos pilares da economia nacional, responsável por mais de 70% das exportações do país, gerando renda, empregos e desenvolvimento para o interior do Brasil. Apesar disso, enfrenta críticas constantes, muitas vezes pautadas por desinformação ou militância ideológica.

Produtores que atuam dentro da legalidade têm investido cada vez mais em tecnologias sustentáveis, como o plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), reflorestamento e recuperação de áreas degradadas. Além disso, muitos utilizam monitoramento por satélite e brigadas privadas para evitar incêndios em suas propriedades.

A criminalização generalizada do setor, além de injusta, fragiliza a segurança jurídica e o estímulo à preservação dentro da porteira. O agronegócio não apenas precisa de regras claras, como também exige ações concretas do Estado para garantir o cumprimento da lei e punir infratores com rigor.

Propostas e caminhos

Diante do cenário, entidades do setor propõem a criação de parcerias público-privadas para combate e prevenção de incêndios, com ações educativas, linhas de financiamento para infraestrutura de controle do fogo, e uso de tecnologias de rastreamento e alerta.

É preciso ainda que o governo federal:

  • Reforce a estrutura dos órgãos de fiscalização com mais equipes de campo e investimentos em inteligência ambiental;
  • Coordene ações emergenciais em períodos críticos com os estados e municípios;
  • Incentive a regularização ambiental dos imóveis rurais com desburocratização e apoio técnico.

O Brasil não pode assistir passivamente à destruição de seus biomas. O combate às queimadas exige responsabilidade compartilhada, mas o protagonismo da ação precisa partir do Estado. Ao mesmo tempo, o agronegócio brasileiro, que alimenta o mundo e movimenta a economia, não pode ser tratado como vilão por narrativas simplistas e enviesadas.

Se o país quer ser referência em produção sustentável, precisa de um governo que vá além do discurso e atue com eficiência, planejamento e justiça.

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