
Novos dados trouxe à tona um escândalo preocupante que escancara o abandono de mais de 907 mil famílias de assentados no Brasil, revelando a fragilidade e o descaso do governo federal em relação à reforma agrária.
Um recente relatório divulgado pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), com dados copilados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Controladoria-Geral da União (CGU), trouxe à tona um escândalo preocupante que escancara o abandono de mais de 907 mil famílias de assentados no Brasil, revelando a fragilidade e o descaso do governo federal em relação à reforma agrária. Desde 1975, mais de 9.501 assentamentos foram criados, mas apenas 6% foram efetivamente consolidados, deixando a maioria dessas famílias em condições sub-humanas.
“Enquanto isso, os recursos para consolidar esses assentamentos em 2024 são muito menores do que o necessário. Dividindo o orçamento disponível pelo número de famílias necessitadas, chegaríamos ao valor de R$ 37,80 por família de assentados, em média”, destacou publicação da FPA. Que ainda na divulgação dos fatos, questionou: “Será que a reforma agrária deixou de ser uma prioridade no Brasil?”
A Crise dos Assentamentos
Os números não mentem e são alarmantes. A consolidação de assentamentos envolve uma série de ações essenciais, como implantação de obras de infraestrutura (água, energia e estradas), concessão de créditos de instalação, e a titulação definitiva dos lotes para garantir a segurança jurídica das famílias. No entanto, o que se vê na prática é que essas promessas ficaram no papel. Segundo o relatório, milhares de famílias assentadas ainda vivem sem acesso a serviços básicos, como água potável, energia elétrica e infraestrutura de transporte.
Os números não mentem e são alarmantes.

Além disso, a falta de infraestrutura impede que essas famílias possam produzir e gerar renda de forma sustentável, perpetuando um ciclo de pobreza e dependência do Estado. A situação é agravada pela ausência de supervisão e acompanhamento adequado por parte do governo, o que torna a vida nos assentamentos ainda mais precária.
Orçamento Irreal e Abandono da Reforma Agrária
Um dos pontos mais chocantes do relatório é a discrepância entre o orçamento destinado à consolidação dos assentamentos e as reais necessidades das famílias assentadas. Em 2024, o governo federal destinou apenas R$ 34,3 milhões para o processo de consolidação de assentamentos. Quando dividido entre as 907 mil famílias, esse valor chega a absurdos R$ 37,80 por família.

Como é possível consolidar a infraestrutura de um assentamento com um valor tão irrisório? Esse montante não cobre nem o mínimo necessário para garantir dignidade às famílias que dependem da reforma agrária. O relatório compara o orçamento atual com os anos anteriores e evidencia que os investimentos vêm caindo drasticamente. Em 2018, o valor empenhado foi de R$ 552 milhões, enquanto em 2024 foi de apenas R$ 34 milhões – uma redução gritante que escancara o abandono da política agrária no país.

Prioridades do Governo: Quem Realmente é Beneficiado com a atual reforma agrária?
Um dos aspectos mais polêmicos é a suposta priorização da distribuição de novas terras, muitas vezes beneficiando grupos de militantes, enquanto assentamentos antigos continuam à espera de infraestrutura básica. Essa prática tem gerado revolta no setor agropecuário e entre especialistas, que afirmam que o governo está mais interessado em promover um discurso político do que em resolver os problemas estruturais da reforma agrária.
Para muitos, essa estratégia é uma forma de angariar apoio político, sem se preocupar com as condições de vida das famílias que já foram assentadas há décadas e continuam vivendo em extrema pobreza. Essa realidade choca e traz à tona uma pergunta essencial: o Brasil realmente defende a reforma agrária ou essa política foi abandonada?

O Impacto no Agronegócio
O agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, também sente os impactos da ineficiência da reforma agrária. A falta de infraestrutura nos assentamentos compromete o desenvolvimento de pequenas propriedades agrícolas, reduzindo a produtividade e contribuindo para o aumento das desigualdades no campo. A falta de consolidação dos assentamentos, além de ser um golpe contra as famílias assentadas, também freia o desenvolvimento econômico de diversas regiões do país, prejudicando o crescimento do setor agrícola como um todo.
Conclusão
O que está em jogo não é apenas a vida de mais de 900 mil famílias que vivem à mercê de uma política agrária ineficaz, mas também a credibilidade de um governo que, ao priorizar questões políticas em detrimento das necessidades básicas da população rural, coloca em risco o desenvolvimento de um setor crucial para a economia brasileira.
Com um orçamento que não cobre nem o básico, a reforma agrária parece ter sido relegada ao segundo plano, e o que deveria ser um processo de inclusão social e produtiva se tornou uma verdadeira tragédia nacional. O Brasil merece respostas e, principalmente, ações concretas para reverter esse cenário de abandono e precariedade.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.
Como prosperar no agronegócio mesmo sem possuir terras?
Profissionais do setor têm transformado produtores rurais em gestores estratégicos, multiplicando produtividade, eficiência e lucro sem a necessidade de propriedade direta
Continue Reading Como prosperar no agronegócio mesmo sem possuir terras?
Parceria histórica leva tecnologia de cercas virtuais a fazendeiros nos EUA
Parceria inédita une governo, pecuaristas e tecnologia para expandir o uso de cercas virtuais, beneficiando milhares de produtores em áreas administradas pelo BLM.
Continue Reading Parceria histórica leva tecnologia de cercas virtuais a fazendeiros nos EUA
Plano Brasil Soberano terá ao todo 4 linhas de crédito, detalha diretor do BNDES
A linha de capital de giro a gastos operacionais tem prazo de até cinco anos, incluindo até um ano de carência, disse Barbosa.
Continue Reading Plano Brasil Soberano terá ao todo 4 linhas de crédito, detalha diretor do BNDES
SRB defende revisão do Plano do Clima
A entidade avalia que o plano traz “ônus” aos produtores rurais sem reconhecer os benefícios do agro na captação de gases ligados ao efeito estufa.
Datagro e Milenio estruturam FIDC para financiar fornecedor de cana da Bevap
Segundo a sócia da Datagro Financial, Carolina Troster, a estrutura permite aos produtores acesso a capital de longo prazo.
Continue Reading Datagro e Milenio estruturam FIDC para financiar fornecedor de cana da Bevap
Safra de soja do Brasil em 2025/26 pode crescer 3% ante ciclo anterior, diz AgResource
Para o milho, a AgResource Brasil estima que o Brasil poderá produzir 138,44 milhões de toneladas na safra 2025/26.