Gripe aviária: piscicultura sente impactos indiretos da crise sanitária no Brasil

Embora não afete peixes, a Influenza Aviária – popularmente conhecida como gripe aviária – influencia preços, exportações e demanda por proteína animal, gerando efeitos inesperados para o setor aquícola.

A confirmação de casos de gripe aviária de alta patogenicidade (H5N1) no Brasil em 2024 e 2025 provocou impactos imediatos na avicultura, com embargos comerciais e queda nas exportações. Mas os reflexos da crise sanitária não se restringem aos aviários: a piscicultura brasileira também começa a sentir os efeitos indiretos, especialmente no consumo, na precificação de proteínas e na logística de exportação.

1. Substituição de proteína e demanda aquecida na piscicultura

Com a redução da oferta de carne de frango em decorrência dos embargos, parte do consumo migra para outras proteínas, como carne suína, bovina e, especialmente, peixes de cultivo como tilápia e tambaqui.

Segundo especialistas do setor aquícola, há um aumento na procura por peixes frescos e processados, principalmente em redes varejistas do Sul e Sudeste.
A demanda por tilápia no mercado interno cresceu cerca de 8% nos últimos meses, segundo dados preliminares da Peixe BR.

2. Exportações: gargalos logísticos compartilhados

A gripe aviária levou à revisão de protocolos sanitários e inspeções mais rígidas nos portos e aeroportos, o que acaba afetando também a logística de exportação da piscicultura.
Contêineres refrigerados e liberação aduaneira sofrem atrasos, principalmente em estados com grande volume de exportação de peixes, como Paraná e Rondônia.
A concorrência por espaços logísticos com outros setores afetados pressiona os custos de escoamento e compromete contratos internacionais.

3. Mercado internacional e imagem do país

Embora a Influenza Aviária não afete peixes, a imagem do Brasil como fornecedor de alimentos seguros pode sofrer abalos no exterior.
Alguns países importadores têm adotado cautela na liberação de produtos brasileiros, inclusive do setor aquícola, até que a situação sanitária se normalize.
A manutenção do status livre de IA em granjas comerciais é crucial para evitar danos maiores à reputação do país também na piscicultura.

4. Oportunidade para fortalecimento da cadeia aquícola

Em meio à crise, há espaço para que a piscicultura ganhe protagonismo como alternativa viável e segura de proteína animal, inclusive com estímulo a programas governamentais e campanhas institucionais.
Entidades como a Peixe BR e cooperativas regionais têm defendido ações de promoção do pescado nacional como resposta estratégica à crise sanitária.

5. Recomendações e vigilância para a piscicultura

Embora a gripe aviária não represente risco direto à piscicultura, a recomendação é de reforço nas práticas de biosseguridade nas unidades aquícolas, evitando possíveis contaminações cruzadas em ambientes rurais integrados.
O MAPA segue monitorando possíveis interações indiretas, especialmente em sistemas de produção integrados com avicultura.

Opinião: Uma crise para uns, uma chance histórica para outros

Apesar dos desafios, o atual cenário sanitário representa uma janela estratégica rara para a piscicultura brasileira crescer, ganhar espaço e consolidar sua posição no mercado de proteínas.
Enquanto a avicultura enfrenta restrições internacionais e retração na produção, os peixes — especialmente espécies como tilápia e tambaquiganham protagonismo como alternativa segura, saudável e sustentável.

Para aproveitar esse momento, os produtores de peixes devem:
Aumentar sua capacidade produtiva de forma planejada, garantindo qualidade e biosseguridade;
Fortalecer a rastreabilidade e a conformidade sanitária, elementos cada vez mais exigidos pelo mercado externo;
Buscar certificações e se posicionar como fornecedores confiáveis, aproveitando a busca global por proteínas com menor risco sanitário;
Investir em marketing e relacionamento com o varejo e canais de exportação, mostrando que a piscicultura brasileira está preparada para abastecer o mercado com segurança e eficiência;
Controlar todos os processos de alta produtividade da porteira para dentro, produzindo os peixes com eficiência, controle de custos, conhecendo o lucro que é conseguido através do manejo eficiente.

Esse é o momento em que os criadores que se anteciparem e se profissionalizarem irão colher os maiores resultados.

Enquanto uma barreira se fecha para o frango, uma porta se escancara para o peixe.
É hora de o setor aquícola assumir esse protagonismo — com estratégia, produtividade e visão de longo prazo.

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