No aniversário de 60 anos de seu nascimento, relembramos como o Chummak, filho direto de Karvadi redefiniu padrões, elevou a genética nacional e marcou para sempre o caminho do Nelore no Brasil.
Há personagens que atravessam o tempo e permanecem como pilares de uma história — e, no Nelore brasileiro, poucos nomes carregam tanta simbologia quanto Chummak, nascido em 9 de dezembro de 1964. Seis décadas depois, sua influência continua presente nas principais linhagens, nos debates técnicos e na memória dos maiores selecionadores do país. O touro que ajudou a transformar o Nelore no Brasil não foi apenas um campeão: foi um divisor de águas para a pecuária moderna.
A história de Chummak se entrelaça diretamente com a trajetória de Adir do Carmo Leonel, referência nacional e membro do colegiado de juízes da ABCZ. Em 1971, Adir, ao lado de Fausto Pereira Lima e Hélio Boa Ventura, identificou naquele jovem touro um diferencial que mudaria tudo. Chummak recebeu em Presidente Prudente o primeiro campeonato de sua carreira, antecipando a revolução genética que promoveria nos anos seguintes.
O Brasil vivia, à época, um momento decisivo. O Nelore nacional ainda apresentava desafios importantes: padrões distantes do ideal racial, biotipos desuniformes e pouca consistência genética. A chegada dos animais importados entre 1960 e 1962, liderados pelo lendário Karvadi, abriu caminho para uma transformação estrutural — e Chummak foi um de seus mais brilhantes expoentes.
O touro reunia atributos considerados inovadores para a época:
- Biotipo extremamente equilibrado,
- Comprimento corporal superior,
- Harmonia estrutural rara,
- Caracterização racial exemplar,
- Umbigo curto,
- Rusticidade marcante, fundamental para sistemas extensivos.
Mesmo com um frame que hoje poderia gerar discussões, as qualidades de Chummak foram fundamentais para elevar o nível do Nelore no momento em que o país mais precisava de referência genética.

Como lembra o especialista Carlos Marino, o Nelore é uma raça altamente plástica, capaz de responder rapidamente aos estímulos de seleção. Essa característica, ao mesmo tempo que impulsiona avanços acelerados, exige equilíbrio e critério — dois pilares que marcaram o trabalho de Adir e que foram fundamentais para o legado de Chummak.
A mensagem permanece atual:
O Brasil não precisa de um “Angus branco”. O que o país precisa é de Nelore dentro do padrão — funcional, adaptado e equilibrado.
Em uma pecuária tão diversa quanto a brasileira, onde convivem sistemas intensivos, semi-intensivos e extensivos, os extremos podem levar a riscos como a difusão inadvertida de genes indesejáveis, incluindo o nanismo. Por isso, Chummak simboliza não apenas um grande touro, mas também um alerta sobre responsabilidade na construção genética da raça.
Filho direto de Karvadi, Chummak (POI SBB) se tornou um dos principais transmissores da genética que consolidou o Nelore brasileiro no topo da pecuária mundial. Sua descendência forma uma verdadeira espinha dorsal das linhagens de elite reconhecidas até hoje.

Entre seus principais legados:
1. Formação de linhagens de elite
Chummak é pai de touros influentes e avô de nomes históricos como Gim, além de bisavô de Ludy de Garça. A partir dessa base surgiram reprodutores icônicos como:
- Taju,
- Bitelo SS,
- Panagpur (pai do célebre Enlevo).
Esses animais se tornaram referências em programas de seleção, reforçando características como rusticidade, funcionalidade e desempenho em produção de carne.
2. Disseminação nacional de qualidade
Através de Chummak e de seus irmãos de geração, os genes de Karvadi se espalharam por todo o país, construindo o alicerce da pecuária de corte brasileira que hoje lidera rankings mundiais de produção e exportação.
3. Base do melhoramento oficial da raça
Sua linhagem integra a estrutura genética do Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN/ABCZ), influenciando avaliações técnicas e contribuindo para a seleção de animais de maior potencial produtivo.
Mais do que um protagonista isolado, Chummak representa um símbolo de visão, coragem e critério, características que sempre acompanharam o trabalho do Grupo Adir, um dos criatórios mais influentes da genética zebuína brasileira. Sua história está diretamente conectada à evolução do Nelore e permanece viva no discurso e na memória dos grandes selecionadores.
Chummak não foi apenas um touro. Foi um marco.
Um farol que iluminou o caminho da seleção zebuína no Brasil.
Um capítulo que continua inspirando gerações.
Ele moldou a raça, transformou o padrão, elevou a pecuária e deixou um legado que, 60 anos depois, segue inabalável.
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