O homem do campo por trás de um dos maiores projetos de combate ao câncer do Brasil; A formação rural moldou o gestor que hoje comanda um dos maiores projetos de tratamento oncológico da América Latina
Antes de se tornar um dos nomes mais respeitados da filantropia em saúde no país, Henrique Prata construiu sua identidade no campo. Fazendeiro, peão de boiadeiro, criador de cavalos e profundo conhecedor da lida rural, ele carrega na formação e no caráter os valores do agro brasileiro. É essa base, forjada entre currais, lavouras, negociações e riscos reais, que sustenta hoje a gestão de um dos maiores projetos de tratamento de câncer do Brasil: a Fundação Pio XII, mantenedora do Hospital de Amor.
A história de Henrique Prata, narrada no livro “Acima de Tudo Amor”, deixa claro que sua vocação nunca foi a medicina, apesar de crescer em uma família de médicos. Desde a infância, foi no convívio com o avô materno, Antenor Duarte Villela — um dos grandes fazendeiros de Barretos — que ele encontrou seu verdadeiro chamado. Enquanto os pais se dedicavam aos consultórios, Henrique aprendia no curral, no pasto e na administração da fazenda, absorvendo lições práticas sobre trabalho, risco, disciplina e responsabilidade.

Ainda criança, se encantava mais com bezerros mamando do que com brinquedos. Adolescente, trocava o tempo livre pela ordenha ao amanhecer, pela criação de gado leiteiro, pela engorda de frangos, pelo plantio de arroz e milho. Desde cedo, aprendeu que no campo nada é garantido: o lucro vem do trabalho diário, da observação do mercado e da coragem de decidir. A rotina de acordar antes do sol, lidar com perdas e seguir em frente moldou uma mentalidade que todo produtor rural reconhece.
A veia empreendedora de Henrique Prata se manifestou muito cedo. Ainda jovem, aprendeu com o avô a lógica clássica da pecuária: comprar barato, melhorar, agregar valor e vender com margem. A compra e venda de gado, a observação do ciclo pecuário e a percepção de oportunidades em animais desvalorizados se tornaram parte do seu aprendizado prático. Errou, perdeu dinheiro, apostou no tempo errado, segurou produto esperando preço melhor e, muitas vezes, viu o mercado virar — experiências comuns a qualquer pecuarista brasileiro.

Essas derrotas, longe de desanimá-lo, foram determinantes para formar um gestor realista. Henrique Prata aprendeu cedo que tão importante quanto ganhar é saber perder, honrar compromissos e manter credibilidade. Quando teve prejuízos, vendeu gado para pagar dívidas, enfrentou bancos, financiamentos e juros — situações que criam uma conexão direta com o produtor rural que convive com crédito caro, margens apertadas e riscos constantes.
Henrique cresceu sob a influência de um fazendeiro que tratava peões e banqueiros com a mesma dignidade. Viu de perto o respeito ao trabalhador rural, a valorização de quem está na lida diária e a noção de que prosperar não faz sentido sem responsabilidade social. O jeito de lidar com empregados, ouvir suas histórias e entender suas dificuldades foi uma escola silenciosa de liderança, que mais tarde se refletiria na forma humana e direta com que conduz uma grande instituição de saúde.
Ao decidir parar de estudar formalmente ainda jovem, Henrique apostou tudo no trabalho rural e na atividade empresarial ligada ao campo. Emancipado aos 15 anos, passou a gerir seus próprios negócios, movimentar conta bancária, negociar produção e assumir riscos. Aprendeu, na prática, o que muitos só descobrem tarde: que o campo ensina gestão, planejamento e resiliência de forma implacável.
A lógica da fazenda — onde o caixa precisa fechar, o erro custa caro e o improviso tem limite — tornou-se sua escola definitiva de administração. Essa mentalidade pragmática, típica do produtor rural, seria fundamental décadas depois para enfrentar os desafios financeiros de um hospital filantrópico que depende de eficiência, controle e disciplina para sobreviver.
É justamente esse fazendeiro, moldado pela pecuária e pela agricultura, que hoje comanda uma das maiores estruturas de tratamento oncológico da América Latina. À frente da Fundação Pio XII, Henrique Prata aplica no Hospital de Amor os mesmos princípios do campo: controle rigoroso de custos, visão de longo prazo, decisões duras quando necessárias e foco absoluto em resultado. Como no agro, não há espaço para romantismo quando vidas dependem de gestão responsável.
Não por acaso, a instituição se tornou referência nacional em atendimento gratuito, eficiência e humanização. A mesma firmeza usada para decidir a hora certa de vender um lote de gado ou assumir um financiamento é aplicada na condução de um sistema complexo de saúde, que atende milhares de brasileiros todos os dias.
A trajetória de Henrique Prata desmonta um estereótipo recorrente. Quem lidera um dos mais relevantes projetos de combate ao câncer do país não vem dos gabinetes nem da burocracia estatal. Vem do agro. Vem do curral, da lavoura, do risco assumido com dinheiro próprio, da responsabilidade aprendida cedo.
No fim, sua história mostra que o Brasil que produz alimento também produz gestores capazes de cuidar de pessoas. E que, por trás do hospital que salva vidas diariamente, há um homem que nunca deixou o chapéu, o campo e os valores do agro brasileiro ficarem para trás.
As informações foram tiradas do Livro “Acima de tudo Amor” de Henrique Prata
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