Hydro e Embrapa desenvolvem técnica para aumentar a fertilidade do solo no interior do Pará

A principal contribuição desta biotecnologia para a sustentabilidade dos sistemas florestais é a redução/substituição da adubação mineral.

Alinhado ao objetivo de criar sociedades mais viáveis, desenvolvendo os recursos naturais em produtos e soluções de maneira inovadora e eficiente, a Hydro firmou parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para aplicação de uma técnica inovadora no reflorestamento das áreas da Hydro Paragominas, localizada no interior do Pará. Ao todo, oito atividades de pesquisa estão em desenvolvimento a partir desta parceria, entre elas o de produção de inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico. A fixação biológica do nitrogênio (FBN) utiliza o gás (N2) presente na atmosfera em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. Na natureza, o processo é realizado por alguns grupos de microrganismos e constitui a principal via de incorporação do nitrogênio à biosfera e, depois da fotossíntese, é o processo biológico mais importante para as plantas e fundamental para a vida na Terra.

A principal contribuição desta biotecnologia para a sustentabilidade dos sistemas florestais é a redução/substituição da adubação mineral, que em alta quantidade e sem o manejo adequado, além de custos, pode se tornar nociva ao meio ambiente. A nova metodologia tem outros pontos positivos, como o desenvolvimento mais acelerado e contínuo das mudas, a produção de mudas mais saudáveis e a diminuição da taxa de mortalidade das mudas produzidas. É uma tecnologia que pode dar importante suporte nos esforços de recuperação de áreas degradadas.

“A vantagem da inoculação nessa fase é que quando as primeiras raízes da semente aparecem, a bactéria já está lá para se associar àquele exemplar florestal em formação. Diferentemente de quando a muda já está produzida, em que as relações já estão estabelecidas com o sistema radicular, a inoculação na fase de semente tende a potencializar essa associação e o sucesso do processo”, explica Jonilton Paschoal, gerente de meio ambiente da Hydro, em Paragominas.

Na técnica, as bactérias transformam o nitrogênio do ar, nutriente essencial ao desenvolvimento das plantas, para uma forma assimilável para as mudas. A Hydro Paragominas, com base em seu conhecimento de reabilitação com plantio de mudas florestais, em conjunto com a Embrapa – Agrobiologia, seleciona as espécies mais promissoras para se associar às bactérias que assimilam o nitrogênio. A Embrapa produz os inoculantes específicos para cada espécie florestal selecionada e a Hydro produz as mudas, após a inoculação das bactérias nas sementes.

“É uma grande oportunidade e desafio para o desenvolvimento científico e tecnológico para a nossa pesquisa e ao mesmo tempo auxiliamos a empresa no desenvolvimento de uma tecnologia sustentável na restauração ambiental das áreas impactadas. Além das bactérias, os fungos captam a água e outros nutrientes e passam para as plantas, em troca a planta fornece açúcares para os fungos e para as bactérias. É uma associação que chamamos de simbiose”, relata Sérgio Miana de Faria, coordenador do projeto e pesquisador da Embrapa.

As pesquisas abrangem 14 espécies florestais, todas da família das leguminosas (família de plantas à qual pertencem a soja, o feijão, a ervilha, entre outras). A expectativa é produzir mais de 50 espécies florestais nativas da Amazônia, constantes na lista utilizada pela Hydro Paragominas para a reabilitação de áreas mineradas, podendo chegar a 50 mil unidades/ano de mudas produzidas utilizando a biotecnologia.

“Somos uma das primeiras mineradoras a utilizar inoculantes e a primeira a produzir mudas com inoculantes específicos para espécies florestais do bioma amazônico, em parceria com a Embrapa, que tem trabalhos em sua maioria para espécies agrícolas e de outros biomas brasileiros”, destaca Jonilton Paschoal.

Os estudos devem durar até 2026. O projeto é importante também para auxiliar na recuperação da vegetação da região da mina de bauxita mantida pela empresa em Paragominas, no Pará. Mais de 2.905 hectares do bioma amazônico já foram reflorestados desde o início de suas operações. Só em 2022, a empresa atuou na reabilitação de cerca de 259 hectares, um crescimento de 55% em relação ao ano anterior.

A companhia utiliza três metodologias para restauração florestal: nucleação, regeneração natural e plantio tradicional. Em 2022, a Hydro Paragominas plantou 75.449 mudas de 131 espécies de 39 famílias adaptáveis à realidade da região, a exemplo do ipê amarelo, maçaranduba, jatobá, copaíba, ingá-de-macaco, sucuuba, paricá, fava bolota, entre outras. As espécies usadas na recuperação das áreas da Hydro Paragominas são referenciadas no inventário feito antes da extração do minério, com aproximadamente 160 espécies adaptáveis à realidade da região.

Foto: Divulgação

Processo natural

Segundo a Embrapa, a fixação biológica de nitrogênio (FBN) é um processo natural que ocorre em associações de plantas com bactérias. Seu principal produto, o nitrogênio, é um nutriente essencial para o crescimento e o desenvolvimento vegetal. O nutriente é capturado do ar e fixado pelas bactérias encontradas em muitos tipos de solos. A atuação da Embrapa Agrobiologia em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação é fundamentada na aplicação de processos agrobiológicos que visam a reduzir o impacto da atividade agrícola sobre o meio ambiente. Atualmente, o objetivo é estender a alta eficiência da FBN que é obtida em cultivo de soja para outras leguminosas de grãos, como feijão comum e feijão-caupi, assim como para cana-de-açúcar e milho, culturas de grande importância socioeconômica.

Ganho social

O ganho social da tecnologia da FBN pode ser ainda mais evidente no contexto da agricultura familiar, que hoje representa 84,4% dos estabelecimentos rurais e 24,3% da área total cultivada, onde a adoção da tecnologia poderá melhorar a geração de renda e a qualidade de vida das famílias deste segmento agrícola.  Como exemplos, podem ser citadas as culturas do feijoeiro comum e feijão-caupi, onde o principal contingente de produtores está vinculado à agricultura familiar.

Do ponto de vista social, os cenários de crescimento populacional e segurança alimentar indicam que, em 2030, a população mundial deve chegar a 8,3 bilhões de habitantes, causando um aumento de 40% na demanda global por alimentos. Para fazer frente a este cenário, torna-se necessário otimizar a produção de alimentos, fibras têxteis, oleaginosas e carne a partir da adoção das boas práticas agrícolas, das quais a FBN se destaca por fornecer nitrogênio em formas assimiláveis para plantas.

Investindo na sustentabilidade

Alinhado ao objetivo de criar sociedades mais viáveis, desenvolvendo os recursos naturais em produtos e soluções de maneira inovadora e eficiente, a Hydro promove uma série de outras ações voltadas para o meio ambiente. Entre elas, estão o compromisso de atingir zero emissões de carbono na produção de seu alumínio até 2050. A ambição é assumir a liderança no fornecimento de alumínio com carbono zero em escala industrial até 2030.

Além disso, a mina de bauxita da Hydro em Paragominas tem sido um laboratório para análises técnicas e científicas voltadas ao aperfeiçoamento de técnicas de recuperação florestal de áreas mineradas. A unidade é o ambiente para estudos desenvolvidos por pesquisadores do BRC – Biodiversity Research Consortium (Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil – Noruega), composto pela Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Rural da Amazônia (UFRA), do Museu Paraense Emílio Goeldi, da Universidade de Oslo (UiO) e profissionais da Hydro.

Com a iniciativa, a Hydro investe na pesquisa para o fortalecimento das estratégias de conservação da fauna e da flora amazônica, além de gerar informações para subsidiar a melhoria dos processos de recuperação florestal nas áreas de suas operações. Desde sua criação em 2013, 26 projetos foram aprovados, engajando cerca de 220 pesquisadores de diferentes níveis acadêmicos e especialistas de diferentes grupos biológicos.

ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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