Inédito: primeiro clone de égua da raça Brasileiro de Hipismo é registrado no país

Animal carrega genética da campeã Miss Blue e reforça uso da biotecnologia como ferramenta estratégica na equinocultura esportiva; Primeiro clone de égua da raça Brasileiro de Hipismo foi registrado no país

Em um marco inédito para a equinocultura brasileira, o primeiro clone da raça Brasileiro de Hipismo (BH) foi oficialmente registrado no país. A potra, batizada de Magnólia Mystic Rose TN1 (Transferência Nuclear 1), nasceu em outubro de 2024 e foi registrada agora em junho de 2025. O animal é geneticamente idêntico à égua Magnólia Mystic Rose, considerada um marco genético da raça e mãe da consagrada Miss Blue, representante do Brasil nas Olimpíadas de Paris em 2024 e vencedora de provas de salto de alto nível na Europa.

Um salto da ciência na criação esportiva

A clonagem foi realizada pela empresa In Vitro, de Mogi Mirim (SP), usando a técnica de transferência nuclear. O material genético foi extraído do pescoço da égua original e inserido em oócitos, que foram estimulados artificialmente a se desenvolver. Após a formação dos embriões, o material foi transferido para uma égua receptora preparada com hormônios para a gestação.

O processo todo custou cerca de R$ 500 mil, mas o investimento, segundo o criador, já se pagou: o clone tem valor estimado equivalente e poderá render ainda mais conforme se desenvolve e entra para a reprodução ou as competições. Segundo Nilson Leite, advogado e criador à frente do Haras Rosa Mystica, a expectativa é produzir novos clones da mesma matriz em um plano de médio prazo.

“É a minha cópia de segurança da ‘galinha dos ovos de ouro’”, explica sobre clone de égua da raça Brasileiro de Hipismo.

Legado genético de campeãs

A decisão de clonar a Magnólia Mystic Rose não foi apenas técnica, mas também emocional. Com 15 anos, idade-limite para o esporte de alto rendimento, Magnólia já havia deixado um legado raro, ao gerar Miss Blue, único animal brasileiro a vencer provas como o Grand Prix Longines de Hamburgo (2024) e o GP Rolex, de Roma (2025).

A égua também foi finalista do Pan-Americano de Lima (2019), representando a Guatemala, e ajudou a impulsionar o nome da raça BH no cenário internacional. “Na criação, o mais importante é ter a matriz que gera campeões. A clonagem preserva essa capacidade reprodutiva por tempo indefinido”, destaca Nilson.

Clonagem como ferramenta de preservação genética

Nilson Leite, membro do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos BH (ABCCBH), reforça que a clonagem não deve competir com a reprodução tradicional, mas sim atuar como ferramenta estratégica para continuidade genética. “É algo que deve ser usado com propósito claro e responsabilidade. Não se trata de sair clonando qualquer animal”, afirma.

Inédito: primeiro clone de égua da raça Brasileiro de Hipismo é registrado no país
No haras em Salto de Pirapora, Magnólia e seu clone dividem o mesmo piquete. Foto: Haras Rosa Mystica/Divulgação

Magnólia TN1 compartilha o mesmo piquete com sua matriz e é monitorada 24 horas por uma equipe especializada. Dependendo do desempenho, poderá ser usada em competições olímpicas ou em programas reprodutivos de elite.

Regulamentação recente permitiu avanço e clone de égua da raça Brasileiro de Hipismo

A clonagem de animais no Brasil ganhou respaldo jurídico com a sanção da Lei nº 15.021/2024, que regulamenta a produção, manipulação, comercialização e uso de clones no contexto agropecuário. A legislação abriu portas para que projetos como o do Haras Rosa Mystica avancem dentro da legalidade e com padrões internacionais de biossegurança.

Brasil no mapa da equinocultura de elite

Apesar de possuir o terceiro maior rebanho equino do mundo, com quase 6 milhões de cabeças, o Brasil ainda cria apenas cerca de 800 cavalos por ano voltados ao esporte olímpico, número considerado baixo diante do potencial e da demanda global, que gira em torno de 70 mil a 80 mil animais por ano.

O registro de Magnólia TN1 inaugura uma nova era para o país, posicionando o Brasil como um dos protagonistas na aplicação de biotecnologia de ponta no hipismo esportivo. A história, que começou com a paixão de um adolescente por cavalos, agora se transforma em legado genético de elite — e promete seguir fazendo história nas pistas e nas futuras gerações.

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