Infrator tem 11 fazendas confiscadas e recebe R$ 2,8 bilhões em multa

MP pede prisão do homem considerado o responsável pelo maior dano ambiental já registrado em Mato Grosso; Claudecy Oliveira Lemes foi alvo da Operação Cordilheira que resultaram na indisponibilidade de 11 fazendas e multa de R$ 2,8 bilhões, a maior da história

A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema), realizou o interrogatório do pecuarista, alvo da Operação Cordilheira, responsável pelo desmate químico em uma área mais de 80 mil hectares na região do Pantanal mato-grossense. O desmatamento ilegal atingiu vastas áreas de vegetação em, ao menos, 11 propriedades rurais pertencentes ao investigado.

No interrogatório, realizado por vídeo, o fazendeiro Claudecy Oliveira Lemes, optou em permanecer em silêncio, sobre as condutas em apuração, que ocasionaram a mortandade de espécies arbóreas com o uso irregular reiterado de agrotóxicos em área de vegetação nativa.

O Ministério Público de Mato Grosso apelou contra uma decisão que recusou o pedido de prisão para Claudecy Oliveira Lemes, um pecuarista acusado de desmatar ilegalmente 80 mil hectares no Pantanal com produtos químicos. Ele deve pagar R$ 2,8 bilhões em multas e por danos ao meio ambiente, segundo a Operação Cordilheira.

A região, deveria ser ícone na proteção ambiental por se constituir em Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, reconhecida pela Unesco, patrimônio nacional assegurado na Constituição Federal, além de ser a maior planície alegável do planeta e abrigar riquíssima biodiversidade. O investigado possui em torno de 277 mil hectares, o correspondente a 2.700 km² de área integralmente no bioma pantaneiro e constitui quase 6% da área total do Pantanal de Mato Grosso, estimada em 48.865 km².

Claudecy, que é visto como o maior responsável por danos ambientais no estado, teve 11 fazendas bloqueadas, os animais apreendidos e suas áreas interditadas judicialmente. O tribunal também suspendeu suas atividades econômicas e o proibiu de sair do país.

Medidas similares foram aplicadas ao técnico responsável pelas fazendas, Alberto Borges Lemos, e ao piloto Nilson Costa Vilela, que espalhou o agrotóxico. Essas decisões foram tomadas em 18 de março.

As investigações mostram que o desmatamento foi feito repetidamente em propriedades em Barão de Melgaço, utilizando agrotóxicos em vegetação nativa, matando árvores e destruindo áreas de preservação. Entre julho e agosto de 2023, foram emitidas várias multas e embargos devido aos danos causados.

Durante as investigações, foram coletadas amostras de vegetação, água, solo e sedimentos, encontrando-se quatro tipos de herbicidas tóxicos. Foram também apreendidos vários produtos agrotóxicos. As amostras coletadas na vegetação e nos sedimentos detectaram a presença de quatro herbicidas: Imazamox, Picloram, 2,4-D e Fluroxipir. Os produtos são classificados com potencial de periculosidade ambiental III, perigoso ao meio ambiente.

Operação Cordilheira
POLICIA CIVIL

Além disso, foram examinadas notas fiscais e outros documentos relacionados à compra desses produtos, concluindo-se que a quantidade de substâncias era suficiente para cobrir uma área de 85 mil hectares, correspondente ao dano causado.

Conforme as investigações e considerando as ofertas de imóveis similares à venda no Pantanal, cujo preço de mercado está em torno R$ 2,8 mil, o hectare para as áreas de maior valor, as propriedades investigadas valem juntas, aproximadamente, R$ 775,6 milhões. A análise de dados fiscais realizados pelo Núcleo de Inteligência da Dema constatou que no período de 1º de fevereiro de 2021 a 08 de fevereiro de 2022 foram adquiridos agrotóxicos de várias distribuidoras destinados à propriedade investigada, totalizando R$ 9,5 milhões.

Segundo a polícia civil, a conduta investigada resultou na mortandade de espécies arbóreas mediante o uso irregular e reiterado de 25 tipos de defensivos agrícolas em área de vegetação nativa. A aplicação dos produtos se deu por via aérea, o que agravou ainda mais a situação.

Este processo é fruto da colaboração entre várias entidades de segurança e meio ambiente e começou com denúncias anônimas. O inquérito está quase concluído e após isso, será apresentada uma acusação formal. Claudecy já está sendo processado em outras ações e inquéritos relacionados a crimes ambientais, conforme relatado pela promotora Ana Luíza Ávila Peterlini.

Operação Cordilheira
POLICIA CIVIL

As autuações do órgão ambiental do Estado, a Operação Cordilheira, decorrentes da investigação policial, e lavradas apenas no período de julho a agosto de 2023 resultaram em nove termos de embargo e interdição pelas degradações ambientais, contra nove dos imóveis rurais do investigado. A multas dos autos de infração somaram R$ 2,8 bilhões e é a maior autuação já registrada pela Sema e, consequentemente, a maior penalidade aplicada em Mato Grosso.

O custo da reparação dos danos ambientais somado ao valor das multas aplicadas pelo órgão ambiental do Estado apontam um prejuízo de mais de R$ 5,2 bilhões, soma superior ao valor de venda de todas as propriedades do investigado situadas no bioma Pantanal, levando em conta a avaliação de mercado das áreas rurais da região.

Pecuarista cria o próprio frigorífico e aposta em carnes premium – que segue crescendo – no Brasil

Da seleção genética no campo à verticalização da cadeia produtiva, trajetória de Valdomiro Poliselli Júnior mostra como a pecuária nacional passou a disputar espaço com as carnes mais valorizadas do mundo; Pecuarista cria o próprio frigorífico e aposta em carnes premium

Continue Reading Pecuarista cria o próprio frigorífico e aposta em carnes premium – que segue crescendo – no Brasil

Produção em dia, contas apertadas: por que o dinheiro não fecha no caixa

Diante desse cenário, é comum buscar explicações em fatores externos, como clima adverso, preços baixos, aumento dos custos de produção ou juros elevados. No entanto, eles não explicam completamente por que produtores submetidos às mesmas condições chegam ao fim do ano em situações tão diferentes.

Continue Reading Produção em dia, contas apertadas: por que o dinheiro não fecha no caixa

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM