Inmet alerta para possibilidade de La Niña na safra 2025/26

O rápido resfriamento observado nas últimas semanas sinaliza um possível avanço para condições de La Niña nos próximos meses.

Brasília, 19 – O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) avalia que existe a possibilidade de formação de La Niña durante a safra 2025/26 brasileira de grãos, cuja semeadura começa neste mês. O prognóstico climático do Inmet para a safra foi apresentado pela pesquisadora Lucietta Martorano durante o evento “Perspectivas para a Agropecuária na Safra 2025/26“, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizado nesta quinta-feira (18), em Brasília (DF). “O modelo climático está começando a mostrar que pode ter La Niña na safra. As águas no Pacífico estão esfriando muito rápido, o que é sinal de alerta para a configuração do La Niña”, afirmou Martorano.

O rápido resfriamento observado nas últimas semanas sinaliza um possível avanço para condições de La Niña nos próximos meses, segundo a pesquisadora, embora o cenário de neutralidade ainda seja o mais provável. Conforme Martorano, ao fim deste mês, haverá maior segurança para o prognóstico de ocorrência ou não do La Niña, que pode levar ao aumento da produção de grãos em algumas regiões e impacto em outras. “Se La Niña se confirmar, teremos antecipação de safra em alguns locais e em outros retardamento”, apontou.

Receita oferece até 65% de descontos para regularização fiscal de produtores

O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Para que o La Niña seja oficialmente declarado, esse resfriamento precisa chegar a -0,5ºC ou menos ao longo de um período. O fenômeno pode durar de nove meses a mais de um ano.

Neste primeiro trimestre da safra, de setembro a novembro, o Inmet prevê volumes de chuva abaixo da média histórica em boa parte da região Norte e com temperaturas acima da média histórica. Por outro lado, em Roraima, norte do Amapá, porção norte do Amazonas, Acre e Rondônia, são previstos volumes próximos à média histórica para o período, segundo boletim agroclimático de setembro do instituto. As projeções, segundo o Inmet, indicam intensificação das condições de seca no Pará, Amapá, Tocantins, Rondônia e centro-sul do Amazonas com déficits superiores a 100 milímetros neste mês.

No Nordeste, para os próximos meses, o Inmet prevê volumes de chuva abaixo da média em todo o Maranhão, Piauí, maior parte do Ceará, além das porções central e noroeste da Bahia. Por outro lado, é prevista chuva próxima à média em todo o restante da região. As temperaturas também deverão permanecer acima da média histórica em toda a região, com valores entre 0,5ºC e 2,0ºC acima da média

No Centro-Oeste, o prognóstico climático do Inmet aponta para volumes de chuva dentro da média em praticamente toda a região, à exceção da porção central de Goiás, leste do Mato Grosso e Distrito Federal, onde são previstos volumes de até 30 milímetros acima da média histórica do trimestre. As temperaturas tendem a ficar acima da média em toda a região, segundo o Inmet, com elevação entre 1,0ºC e 2,0ºC acima da média histórica.

O déficit hídrico se intensifica em setembro em áreas de Mato Grosso e de Goiás, segundo o Inmet, o que favorece a ocorrência de queimadas. “A regularização das chuvas no fim do trimestre garante a umidade adequada no solo para o plantio da soja e do milho primeira safra, favorecendo estabelecimento inicial das lavouras e reduzindo o risco de replantio”, observou o instituto.

Já na região Sudeste, a previsão climática aponta para volumes de chuva até 30 milímetros acima da média histórica no Rio de Janeiro e nas áreas central, sul e noroeste de Minas Gerais. No restante da região, são previstas condições próximas à média histórica. As temperaturas tendem a permanecer acima da média histórica em toda a região, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, segundo o Inmet.

O instituto prevê ainda que a deficiência hídrica tende a predominar, especialmente em setembro e outubro no norte de Minas Gerais, no Triângulo Mineiro e no oeste paulista. “Essa escassez de água no solo pode comprometer a fase inicial do plantio da soja e do milho 1ª safra, além de afetar a florada do café e a manutenção das pastagens, aumentando o risco de queda de produtividade. Já em novembro há uma mudança desse cenário, com excedentes hídricos superiores a 80 milímetros”, projetou o Inmet.

No Sul, a previsão do Inmet é de volumes de chuva acima da média histórica em Santa Catarina, no sudeste do Paraná e na maior parte do Rio Grande do Sul e chuva próxima à média na maior parte do Estado do Paraná. As temperaturas permanecerão acima da média em toda a região Sul, prevê o Inmet. A previsão indica a manutenção de níveis elevados de umidade no solo nos próximos meses. “Essa condição é considerada favorável ao desenvolvimento de culturas de inverno, como o trigo, aveia e cevada, e contribui para o adequado crescimento vegetativo das culturas”, avaliou o Inmet no boletim.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM