Ao apostar na recuperação de áreas degradadas, o vice-presidente do Grupo Sakura, Pedro Maeda desafia a lógica tradicional do mercado de terras e projeta um negócio que pode alcançar R$ 4,2 bilhões em uma década
Quantas áreas já foram descartadas no Brasil simplesmente por carregarem o rótulo de “terra que não presta”? Para Pedro Maeda, herdeiro da terceira geração de uma das famílias mais tradicionais do agronegócio brasileiro, essa visão limitada esconde justamente uma das maiores oportunidades estratégicas do agro moderno. Em vez de disputar áreas prontas, férteis e cada vez mais caras, ele decidiu trilhar o caminho oposto: investir em terras degradadas, recuperar sua produtividade e gerar valor onde o mercado só via problema.
Segundo a plataforma digital criada em Goiânia, Chãozão – principal vitrine do mercado de imóveis rurais no Brasil, o vice-presidente do Grupo Sakura, Maeda representa uma ruptura com a lógica adotada por décadas no setor. Enquanto gerações anteriores priorizavam áreas consolidadas, ele passou a olhar para regiões desgastadas, de baixa produtividade e frequentemente ignoradas por investidores e produtores. Essa decisão, longe de ser improvisada, está baseada em números, planejamento e visão de longo prazo.
Um Brasil com milhões de hectares à espera de recuperação
O Brasil possui cerca de 80 milhões de hectares em algum grau de degradação, especialmente em regiões do Cerrado. São áreas que, muitas vezes, já passaram por ciclos intensos de uso, sofreram com manejo inadequado ou simplesmente ficaram à margem dos grandes projetos agrícolas. Para Maeda, essas terras não representam um passivo, mas sim um ativo adormecido, capaz de gerar retorno econômico, ambiental e social quando bem manejado.
Ele reconhece que recuperar áreas degradadas custa mais do que abrir novas fronteiras agrícolas no curto prazo. No entanto, argumenta que essa é a alternativa mais inteligente para o futuro do agro brasileiro, sobretudo diante das crescentes restrições ambientais, da pressão por sustentabilidade e da valorização de ativos que conciliam produção e conservação.
ILPF como base do modelo de negócios em “terra que não presta”
À frente da Re.green, empresa focada em soluções de recuperação produtiva e ambiental, Pedro Maeda estruturou um projeto ambicioso. A companhia está lançando um fundo de R$ 500 milhões com o objetivo de adquirir cerca de 20 mil hectares de áreas degradadas no Cerrado, promovendo sua recuperação por meio do sistema ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta.
O modelo combina produção agrícola, criação de gado e componentes florestais em uma mesma área, promovendo ganhos de produtividade, melhoria do solo, diversificação de receitas e redução de riscos. Mais do que uma técnica, o ILPF é tratado como um pilar estratégico para transformar terras desacreditadas em propriedades altamente valorizadas.

Parcerias e projeções bilionárias na Re.green
O projeto da Re.green conta com parceiros de peso, como a Trius Capital e a Cocamar, reforçando a credibilidade da iniciativa e ampliando sua capacidade de escala. A estimativa é que, se tudo ocorrer dentro do planejado, a estratégia de recuperação de terras possa gerar um impacto econômico de até R$ 4,2 bilhões em um horizonte de dez anos.
Esse potencial não está apenas na produção agrícola ou pecuária, mas também na valorização patrimonial das áreas, na geração de créditos ambientais e no posicionamento dessas propriedades em um mercado cada vez mais atento a critérios ESG.
Uma mudança de mentalidade no mercado de terras
A trajetória de Pedro Maeda evidencia uma transformação silenciosa no agronegócio brasileiro. O foco deixa de ser apenas a expansão territorial e passa a ser a qualificação do que já existe. Terras antes descartadas começam a ser vistas como oportunidades estratégicas para investidores com visão técnica, capital paciente e capacidade de gestão.
A pergunta que fica, e que resume bem essa nova lógica, é direta: quantas terras foram ignoradas ao longo dos anos apenas porque alguém disse que elas não prestavam? Em um mercado cada vez mais competitivo, talvez o verdadeiro diferencial esteja justamente em enxergar valor onde quase ninguém olha.
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