
Os fertilizantes registraram uma queda média de 1,5% nos preços, por causa de variações internacionais no balanço de oferta e demanda.
São Paulo, 10 – O Índice de Poder de Compra de Fertilizantes (IPCF) de agosto fechou em 1,27, representando uma queda de quase 4% em relação ao mês anterior. A melhora é resultado de um mês com subida de preço das commodities e queda no preço dos fertilizantes, período marcado por incertezas globais, como os impactos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e revisões sobre o balanço global de oferta e demanda de grãos.
O IPCF é divulgado mensalmente pela Mosaic e consiste na relação entre indicadores de preços de fertilizantes e das principais lavouras brasileiras: soja, milho, cana-de-açúcar e algodão.
Segundo cálculos da Mosaic, os fertilizantes registraram uma queda média de 1,5% nos preços, por causa de variações internacionais no balanço de oferta e demanda das principais matérias-primas e também com a proximidade do plantio no Brasil com as entregas de fertilizantes para a safra de verão 2025/26. “O Brasil ainda tem cerca de 10% do volume de fertilizantes esperados para serem negociados para safra de soja, praticamente todos Estados do Brasil ainda apresentam saldo de mercado, com destaques para Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás sendo cada dia mais decisivo para o agricultor que ainda não adquiriu seus fertilizantes a tomada de decisão pois a janela já complexa de entregas de setembro tende a ficar ainda mais pressionada”, destacou a companhia.
As commodities agrícolas registraram alta em agosto, com destaque para a soja (4%), milho (3%) e cana-de-açúcar (4%). O algodão foi a única exceção, com queda de 4%, mas sem impacto significativo na média geral. A valorização está ligada à revisão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que reduziu os estoques globais de soja, e ao aumento da demanda chinesa voltada ao Brasil. O dólar também influenciou o IPCF, com queda de 1,5%, refletindo a cautela do mercado diante das políticas comerciais dos Estados Unidos.
Com o início do plantio da safra de verão em setembro, o principal ponto de atenção recai sobre as condições de crédito do mercado agrícola, ressaltou a Mosaic. Nos últimos meses, o setor de fertilizantes tem enfrentado gargalos relevantes, resultado do maior rigor adotado pelos canais de distribuição na liberação de pedidos, que hoje dependem de garantias integralmente formalizadas. Soma-se a isso um movimento de retração do mercado financeiro, decorrente das regras de provisionamento contábil estabelecidas pelas instituições financeiras, que reduziu de forma significativa o apetite para a concessão de novas linhas de crédito ao setor. Essa conjuntura tem se refletido de maneira concreta no dia a dia do campo, com produtores e distribuidores reportando maior dificuldade de acesso a financiamento. “Diante desse cenário, torna-se imprescindível tratar o tema com máxima cautela, uma vez que a disponibilidade de crédito será determinante para assegurar o ritmo adequado das entregas de insumos nesta fase crucial da safra”, concluiu a Mosaic.