Jalles Machado prevê superávit global de açúcar e alta de preço do etanol no País

O aumento da oferta global de açúcar virá principalmente da Índia, que deve sair de uma produção de 26 milhões de toneladas na última safra para 31,6 milhões.

São Paulo, 20 – A Jalles Machado projeta um cenário de superávit no mercado global de açúcar na safra 2025/26, enquanto o mercado de etanol no Brasil deve ser afetado pela menor oferta, o que tende a sustentar os preços no mercado interno. A avaliação é do diretor de Relações com Investidores da companhia, Rodrigo Penna Siqueira, em teleconferência para comentar os resultados da companhia no quarto trimestre de 2024/25.

Segundo ele, o aumento da oferta global de açúcar virá principalmente da Índia, que deve sair de uma produção de 26 milhões de toneladas na última safra para 31,6 milhões. Do lado da demanda, o executivo destacou que o consumo mundial continua crescendo a uma taxa anual de cerca de 1%, puxado por países da Ásia e da África. Ainda assim, os preços internacionais já se aproximam do custo brasileiro de exportação. A situação é pior para países como Índia e Tailândia, com custos de produção mais elevados, o que tende a desestimular os embarques.

Para o Centro-Sul, a Jalles estima uma produção de até 42 milhões de toneladas de açúcar, apoiada por uma maior participação do adoçante no mix. “A gente acha que vai chegar próximo ou atingir os 52% de mix”, disse o diretor, destacando o aumento da capacidade de cristalização nas usinas da região.

Já no mercado de etanol, a Jalles vê uma redução na oferta total para o ciclo 25/26, mesmo com o crescimento do etanol de milho. “A produção de etanol total sai de quase 35 bilhões de litros para 33,5 bilhões de litros”, disse Siqueira. A retração decorre da maior destinação de cana para açúcar e do crescimento da demanda interna.

O executivo também comentou o impacto da possível elevação da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30% (E30), cuja decisão pode sair ainda em junho. “Se entrar o E30 a partir de julho, ele também demandaria mais 874 milhões de litros de etanol na safra”, afirmou. Nesse caso, a paridade do etanol nas bombas frente à gasolina – hoje estimada em 67% – poderia subir para 68%.

Investimentos

O diretor de Relações com Investidores da Jalles Machado, Rodrigo Penna de Siqueira, afirmou que a empresa está concentrada em consolidar os investimentos já realizados e aprimorar a eficiência operacional antes de avançar em novos projetos. “Não temos investimentos pesados previstos no curto e médio prazo”, disse. Como justificativa, ele citou, especialmente, o atual cenário de juros elevados.

Quanto ao biometano, a Jalles Machado mantém parcerias e projetos em andamento, mas com investimentos modestos. “É bastante provável que, caso avancemos, seja em parceria e com baixo comprometimento de capital. Por exemplo, na Otávio Lage, o aporte da Jalles será de apenas R$ 10 milhões, um valor pouco relevante”, explicou. “Isso não terá impacto relevante no endividamento ou na geração de renda no momento. Nosso foco é operar bem, finalizar o enchimento das plantas, melhorar a produtividade, buscar eficiência operacional e otimização”, comentou.

Sobre o etanol de milho, segmento que já foi tema de discussões anteriores, Siqueira declarou que “não é algo prioritário agora”. “Nosso foco é preservar capital para novos investimentos no futuro”, disse.

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