Juros altos e crédito caro empurram setores da economia ao pessimismo em 2025

Juros nas alturas, crédito sufocado e gasto público fora de controle: indústria fecha 2025 pessimista e acende sinal vermelho para a economia brasileira

O encerramento de 2025 confirma um ambiente econômico travado por juros elevados, crédito caro e incertezas fiscais. Esses fatores, que já vêm limitando investimentos e consumo ao longo do ano, agora se refletem de forma clara no humor do setor produtivo. Dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que empresários de 22 setores industriais terminam o ano pessimistas — mais do que o triplo dos segmentos que ainda demonstram confiança —, evidenciando um quadro de desaceleração que preocupa toda a economia.

Segundo os Resultados Setoriais do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), apenas sete setores fecharam dezembro em terreno positivo. O avanço do pessimismo em relação a 2024 revela, na avaliação da própria entidade, uma deterioração das expectativas quanto à capacidade de crescimento da indústria brasileira. “O resultado mostra uma deterioração da confiança do empresário com a capacidade de crescimento da indústria, principalmente por causa do desempenho do setor, que piorou ao longo do ano”, afirmou Claudia Perdigão, especialista em Políticas e Indústria da CNI, mantendo a leitura de que o cenário econômico se tornou mais restritivo ao longo de 2025.

O impacto dos juros elevados aparece como pano de fundo desse movimento. Com o custo do dinheiro em patamares altos, empresas adiam investimentos, reduzem planos de expansão e passam a operar com maior cautela. O crédito caro, por sua vez, atravanca não apenas a indústria, mas também o agronegócio — historicamente um dos principais motores da economia brasileira. A dificuldade de acesso a financiamento competitivo compromete a continuidade de projetos, limita a modernização produtiva e reduz a capacidade de geração de renda e emprego no campo e nas cadeias industriais que orbitam o setor agropecuário.

Os números do ICEI reforçam esse ambiente adverso. Pequenas indústrias fecharam dezembro com 47,9 pontos, após recuo de 0,4 ponto. As empresas de médio porte também registraram queda semelhante, chegando a 48,3 pontos. Entre as grandes, houve leve alta, para 49,1 pontos, ainda assim abaixo da linha dos 50 pontos que separa confiança de falta de confiança. O dado é simbólico: independentemente do porte, a indústria brasileira encerra 2025 sem confiança no curto prazo.

Regionalmente, apenas Centro-Oeste e Nordeste conseguiram sustentar algum otimismo. O Nordeste avançou para 53,7 pontos, consolidando-se como a região mais confiante, enquanto o Centro-Oeste, apesar da queda em dezembro, fechou o ano em 50,7 pontos. Já Sudeste e Sul permanecem como os polos mais pessimistas da indústria nacional, refletindo dificuldades mais agudas em mercados tradicionalmente industrializados e mais sensíveis ao custo do crédito e à desaceleração da demanda.

Esse quadro se agrava quando se observa o cenário fiscal. Em ano pré-eleitoral, cresce a preocupação do setor produtivo com o avanço dos gastos públicos e com a sinalização de políticas fiscais expansionistas sem contrapartidas claras de receita ou controle de despesas.

A percepção de desarranjo fiscal pressiona expectativas, afeta a confiança dos agentes econômicos e pode manter juros elevados por mais tempo, criando um círculo vicioso: gastos públicos elevados aumentam a percepção de risco, elevam o custo do financiamento da dívida, pressionam a política monetária e, consequentemente, encarecem ainda mais o crédito para empresas e produtores.

Para a indústria e para o agronegócio, a mensagem é clara: sem previsibilidade fiscal, redução sustentável dos juros e políticas que ampliem o acesso ao crédito produtivo, a economia tende a entrar em 2026 com crescimento limitado. O pessimismo captado pela CNI não é apenas um retrato do humor empresarial, mas um alerta sobre os desafios estruturais que seguem travando investimentos e ameaçam o ritmo da atividade econômica no país.

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM