Juros do crédito pessoal e cartão rotativo avançam para as famílias

Juros bancários sobem para famílias e caem para empresas em novembro. Selic a 15% pressiona crédito, endividamento e inadimplência.

As taxas médias de juros cobradas pelos bancos subiram para as famílias e caíram para as empresas em novembro, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta sexta-feira (26), pelo Banco Central (BC).

Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, o destaque do mês foram os avanços de 5,5 pontos percentuais (pp) no crédito pessoal não consignado, que subiram para 106,6% ao ano, e de 3,2 pp no cartão de crédito parcelado, que ficou em 181,2% ao ano. Também houve aumento de 0,7 pp no cartão de crédito rotativo, chegando a 440,5% ao ano.

Essa última modalidade é uma das mais altas do mercado. Mesmo com a limitação de cobrança dos juros do rotativo, em vigor desde janeiro do ano passado, os juros seguem elevados, com redução de 5,4 pp em 12 meses para as famílias. Isso porque a medida visa reduzir o endividamento, mas não afeta a taxa de juros pactuada no momento da contratação do crédito.

O crédito rotativo dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito. Ou seja, contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar.

Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito, na modalidade de cartão parcelado. Nesse caso, mesmo com o aumento de novembro, também houve redução de 2 pp em 12 meses.

Já para o crédito pessoal não consignado, que foi um dos destaques de aumento no mês, a alta dos juros em 12 meses chega a 7,3 pp.

No total, a taxa média de juros do crédito livre para famílias teve aumento de 0,9 pp em novembro, acumulando alta de 6,2 pp em 12 meses e chegando a 59,4% ao ano.

No caso das operações com empresas, os juros médios caíram 0,6 pp no mês, apesar de alta de 2,8 pp em 12 meses, alcançando 24,5% ao ano.

Destaca-se a queda nos juros de desconto de duplicatas, que ficaram em 19,3% ao ano, e também a redução na taxa de capital de giro acima de 365 dias, que chegou a 21,8% ao ano.

No crédito livre, os bancos têm autonomia para definir as taxas. Já o crédito direcionado, com regras do governo, é destinado principalmente aos setores habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito.

No crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 10,9% ao ano, enquanto para empresas caiu para 11,8% ao ano.

Juros em alta

Considerando recursos livres e direcionados, a taxa média de juros das concessões chegou a 31,9% ao ano.

A alta acompanha o ciclo de elevação da taxa Selic, definida em 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação, encarecendo o crédito e reduzindo o consumo.

O spread bancário também apresentou alta, refletindo custos, riscos e margem de lucro dos bancos.

Desaceleração no saldo

Em novembro, as concessões de crédito somaram R$ 637,5 bilhões, com queda de 6,6%. Em 12 meses, cresceram 8,9%.

O estoque total de crédito atingiu R$ 6,971 trilhões, com crescimento mensal de 0,9%, mas segue em trajetória de desaceleração.

O crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$ 20,341 trilhões, com crescimento de 11,2% em 12 meses.

Endividamento das famílias

A inadimplência foi de 3,8%, sendo 4,7% para pessoas físicas.

O endividamento das famílias chegou a 49,3% da renda, enquanto o comprometimento da renda ficou em 29,4%, ambos em trajetória de alta.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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