
Cooperativa Languiru, dona do frigorífico para 1.700 cab/dia e avaliado em R$ 169 milhões, aciona Judiciário para tentar destravar unidade parada desde 2023 e quitar dívidas com credores
A Cooperativa Languiru entrou com uma ação judicial para leiloar a planta do Frigorífico de Suínos de Poço das Antas (RS), cuja capacidade é de abater até 1.700 animais por dia. A medida busca solucionar um impasse que já se estende por dois anos, desde que a unidade encerrou suas operações, em 30 de junho de 2023. Avaliado em R$ 169 milhões, o ativo poderá ser adquirido pelo maior lance em hasta pública, caso o Judiciário autorize o procedimento.
A informação foi revelada na manhã desta terça-feira (10) à Rádio Popular por Paulo Roberto Birck, presidente liquidante da Languiru, e por Gustavo Marques, superintendente administrativo e financeiro da cooperativa. Ambos participaram do programa Comunidade Alerta e apresentaram detalhes da estratégia adotada após a frustração das negociações privadas.
Nos últimos dois anos, a cooperativa tentou vender o frigorífico por meio de tratativas diretas com possíveis compradores. Segundo os dirigentes, a negociação chegou a avançar, mas acabou não se concretizando. “Após negociações bem encaminhadas que acabaram frustradas, decidimos ingressar com a ação judicial para a venda via leilão”, explicou Birck.
A opção inicial por uma venda fora do ambiente judicial visava agilidade na solução, especialmente para os produtores associados que ficaram sem destino para os suínos produzidos. Marques reforça: “Tentamos exaurir todas as possibilidades da venda direta porque entendemos que seria mais ágil, especialmente para o produtor”.
Impacto direto para produtores e cooperados
Desde a paralisação da planta, muitos suinocultores enfrentam dificuldades. A unidade representava um elo fundamental da cadeia produtiva da suinocultura local. “Desde março, os produtores fecharam 2 anos sem alojar. Alguns conseguiram se realocar em outras integrações, mas muitos ainda aguardam que o frigorífico volte a operar”, lamentou Marques.
A capacidade de abate de 1.700 suínos por dia era considerada estratégica para a cooperativa e seus associados. O fechamento da unidade desarticulou parte da cadeia produtiva e comprometeu a renda de diversos pequenos e médios produtores da região do Vale do Taquari.
Leilão busca saldar dívidas e reativar estrutura
O processo judicial foi protocolado pela própria cooperativa, e não por imposição de credores. O objetivo é permitir que, com a venda do ativo em leilão, a cooperativa possa quitar débitos com credores que possuem garantias reais sobre o imóvel, como o Badesul e o Fundopem, além de cumprir o plano de recuperação firmado com outros credores.
Segundo informações da cooperativa, parte dos recursos arrecadados também poderá ser destinada a investimentos no setor de aves, outro braço de operação da Languiru, e ao pagamento de credores que aderiram ao plano de recuperação judicial.
Trâmites legais podem levar tempo
Apesar da urgência, os representantes da Languiru admitem que o processo judicial pode ser moroso. “Vamos buscar que os prazos andem o mais rápido possível, mas sabemos que temos, além do tempo do Judiciário, formalidades como intimações, estabelecimento de hastas públicas e do leilão”, destacou Marques.
A cooperativa informou que o andamento do caso será divulgado no portal oficial da liquidação extrajudicial e nas redes sociais da Languiru, a fim de garantir transparência e manter os cooperados informados.
Esperança para a comunidade onde está localizado o frigorífico
Para além do aspecto financeiro, a reativação da planta frigorífica é vista como uma esperança para a retomada da atividade suinícola regional. “É preciso olhar para o associado e o produtor de suíno com granjas ao redor. Ele é o mais interessado que as coisas voltem a acontecer”, finalizou Marques.
A definição sobre o leilão dependerá agora do andamento do processo na Justiça, que poderá estabelecer os prazos para publicação do edital e realização da hasta pública. O desfecho é aguardado com ansiedade por dezenas de famílias impactadas pela paralisação da planta e que enxergam na medida uma nova chance de reconstrução.
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