La Niña e o futuro da safra: O que dezembro reserva para a soja?

Atraso no plantio e instabilidade climática ameaçam a janela do milho e a produtividade; analistas alertam para a volatilidade em Chicago e a procura chinesa mais moderada

O mês de dezembro inicia com um cenário de alerta para o agronegócio brasileiro. Com o plantio da oleaginosa ainda caminhando a passos lentos e abaixo da média histórica, a combinação entre o fenômeno climático La Niña e o futuro da safra tornou-se a pauta central nas mesas de negociação e no planejamento dos produtores, ditando as expectativas de produtividade e preços para o próximo ciclo.

Segundo análises da plataforma Grão Direto, a lentidão no avanço das semeaduras já preocupa agentes do mercado. O temor é que o atraso na soja comprometa a “janela ideal” para o milho safrinha, gerando um efeito dominó que pode afetar a oferta e a competitividade do grão brasileiro ao longo de 2026.

Impactos climáticos: La Niña e o futuro da safra no campo

A irregularidade hídrica tem sido o principal obstáculo para o avanço das máquinas. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Norte, as chuvas mal distribuídas impedem um ritmo constante de trabalho, atrasando o calendário da temporada 2025/26.

A presença confirmada do La Niña, com previsão de persistência até o verão de 2026, intensifica a instabilidade climática. O cenário regional apresenta desafios distintos:

  • Sul do Brasil: O risco de estiagens severas durante as fases críticas de desenvolvimento das lavouras permanece elevado.
  • Centro-Oeste: Embora tenha registrado precipitações recentes, a região ainda convive com a ameaça de veranicos, que podem prejudicar a germinação e o estabelecimento inicial das plantas.
  • Argentina: No país vizinho, a situação é ainda mais delicada. O risco de secas e ondas de calor extremas em dezembro pode afetar drasticamente o potencial produtivo, fator que adiciona volatilidade à Bolsa de Chicago (CBOT).

Mercado externo: China e a movimentação política

Enquanto debatemos o La Niña e o futuro da safra, o mercado internacional observa movimentos atípicos na demanda. Mesmo mantendo a trégua comercial com os Estados Unidos, a China surpreendeu ao adquirir soja norte-americana a preços superiores aos do produto brasileiro. Analistas interpretam essa manobra como uma decisão mais política do que econômica.

Além disso, o apetite chinês no curto prazo parece contido devido a três fatores fundamentais:

  1. Estoques elevados no país asiático;
  2. Margens negativas das indústrias esmagadoras;
  3. Demanda enfraquecida por farelo de soja.

Essa conjuntura gera dúvidas sobre o cumprimento das metas de importação, especialmente o compromisso de compra de 12 milhões de toneladas ainda este ano e a projeção de 25 milhões para 2026.

Exportações recordes e indicadores financeiros

Apesar dos desafios, o Brasil segue mostrando força logística. No acumulado de janeiro a novembro de 2025, o país exportou mais de 104 milhões de toneladas de soja, superando com folga as 95,7 milhões registradas no mesmo período de 2024. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) revisou a projeção de novembro para 4,40 milhões de toneladas, um volume que, embora mostre desaceleração, ainda é quase o dobro do ano anterior.

No mercado financeiro, o reflexo dessas incertezas trouxe leve valorização. O Índice de Soja FOB Santos subiu para R$ 147,47 na última semana. Em Chicago, os contratos futuros reagiram:

  • Janeiro/2026: Alta de 0,98%.
  • Março/2026: Avanço de 0,88%.

O recuo de 1,30% no dólar limitou ganhos maiores no mercado interno, mas o ajuste nos prêmios garantiu o fechamento positivo.

Por que o La Niña e o futuro da safra exigem cautela?

O mês de dezembro será decisivo. A combinação entre o atraso no plantio brasileiro, as incertezas da oferta sul-americana e uma demanda chinesa moderada cria um ambiente de cautela.

Para o produtor, o momento exige monitoramento diário. As cotações em Chicago devem encontrar suporte nas adversidades climáticas da Argentina e do Sul do Brasil. Portanto, acompanhar a evolução do La Niña e o futuro da safra não é apenas uma questão agronômica, mas uma estratégia vital para capturar as melhores oportunidades de comercialização neste fechamento de ano.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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