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LabAgroMinas vai fomentar desenvolvimento sustentável do Cerrado Mineiro

Enquanto a Embrapa Cerrados vai contribuir com ações de pesquisa e inovação que promovam o desenvolvimento tecnológico da agropecuária dos TACs

Incentivar a adoção de práticas de agricultura sustentável, visando não apenas ao incremento da produtividade, mas também a benefícios sociais e ambientais como a mitigação das emissões de gases de efeito estufa na produção de grãos e café no Cerrado de Minas Gerais. Esse é o objetivo do Programa de Desenvolvimento Sustentável Territorial Baseado em Agroinovação (LabAgroMinas), lançado no dia 12 de abril em Belo Horizonte (MG) pela Embrapa, por meio da Embrapa Cerrados (DF), e pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), com a presença de instituições parceiras.

O acordo de cooperação técnica e financeira firmado pelas instituições será operacionalizado nas três regiões mineiras compreendidas pelo bioma Cerrado – Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste, chamadas, no programa, de Territórios de Agroinovação dos Cerrados (TACs). Enquanto a Embrapa Cerrados vai contribuir com ações de pesquisa e inovação que promovam o desenvolvimento tecnológico da agropecuária dos TACs, o BDMG oferecerá soluções de crédito para os produtores que adotarem soluções tecnológicas sustentáveis, como os remineralizadores de solo (ou pós de rocha) e os bioinsumos, além das contempladas no Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (Plano ABC+), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como a Integração Lavoura-Pecuária e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

Ao longo dos cinco anos de vigência do acordo, serão aportados cerca de R$ 10,9 milhões, sendo R$ 4,6 milhões pelo BDMG, incluindo 200 mil euros captados junto à União Europeia, em parceria com a LAIF/Agência Francesa de Desenvolvimento; e R$ 6,3 milhões como contrapartida da Embrapa em infraestrutura e pessoal. A Fundação Arthur Bernardes fará a gestão dos recursos financeiros repassados pelo banco de fomento estadual para a execução do LabAgroMinas, bem como a contratação dos serviços requisitados.

“Neste momento, temos o início de uma nova era na agricultura”, anunciou o chefe geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, ao lembrar os primórdios do desenvolvimento da atual agricultura brasileira, concebida pelo ex-ministro Alysson Paolinelli há mais de quatro décadas, e o tempo em que trabalhou como engenheiro agrônomo no Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer), em Paracatu. 

“Passamos, hoje, por um portal que nos leva a uma agricultura baseada em biologia e desenvolvimento sustentável. Neste momento de guerra (entre Rússia e Ucrânia), em que o País tem dificuldades com fertilizantes e outros insumos, trazemos novas alternativas, tecnologias brasileiras como os bioinsumos. E ter um agente financeiro com o porte e a história do BDMG junto com a Embrapa e com os demais parceiros, é prenúncio de sucesso”, afirmou.

Marcelo Bonfim, presidente do BDMG, lembrou que atualmente 22% da carteira de crédito do banco (cerca de R$ 1,25 bilhão) está alocada no agronegócio, e que o LabAgroMinas nasce para reforçar a contribuição da instituição para a agropecuária mineira e como fruto do alinhamento a uma agenda global de desenvolvimento sustentável – os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas, que também norteia o VII Plano Diretor da Embrapa

“Temos que estar comprometidos com iniciativas para desacelerar o aquecimento global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Queremos com este programa, e ao longo dos próximos cinco anos, apoiar produtores mineiros na adoção de novas tecnologias e na construção de um ambiente cada vez mais inovador, competitivo e sustentável”, disse, salientando a importância da capacitação dos agricultores para que possam ter acesso a crédito.

O subsecretário de Política e Economia Agropecuária, João Ricardo Albanez, representou o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes. Ele ressaltou que o desenvolvimento sustentável do estado passa pela agricultura. “Hoje, 22,6% do PIB mineiro é proveniente do agronegócio, e estamos crescendo. Em 10 anos, dobramos o valor bruto da produção agropecuária. As minas são finitas, mas nos (campos) gerais, na agropecuária, temos a perspectiva de nos desenvolvermos de forma sustentável. Sempre fomos referência na introdução de tecnologias. Minas é o local ideal para lançarmos esse programa e fazermos uma revolução para oferecer alimento em quantidade e qualidade”, afirmou, ressaltando o perfil inovador do produtor mineiro.

Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), destacou que o LabAgroMinas chega em bom momento para o estado, que planta cerca de 1,7 milhões de ha de soja e é responsável por 4% da produção nacional do grão. “Sabemos que Minas Gerais tem regiões onde se pode produzir soja, mas há o desafio da tolerância hídrica. Sabemos que já há materiais (cultivares) sendo trabalhados para que essas regiões possam ser aproveitadas. Por onde passa a soja e a agricultura, o índice de desenvolvimento humano é muito maior que onde não há produção de alimentos. Estamos juntos neste desafio”, disse.

Ao comentar sobre as atuais dificuldades enfrentadas pela agricultura convencional, de base química, o presidente do Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), Rogério Vian, destacou que o lançamento do LabAgroMinas é um momento histórico, e que o programa irá, sobretudo, difundir conhecimentos: “A agricultura de base biológica, que utiliza insumos regionais, já está acontecendo em pelo menos 6 milhões de ha. É uma agricultura de processos, em que se olha o todo e se deixa de (apenas) usar produtos para usar conhecimento, trabalhando com várias ferramentas. Já conseguimos aplicar esse modelo em larga escala”. 

Também estiveram presentes no lançamento do programa a diretora-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Nilda Soares; a diretora de fomento à pesquisa e transferência de tecnologia da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Glaucia da Silva; o diretor-técnico da Emater-MG, Gelson Lemes; o superintendente federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Minas Gerais, Fernando Costa; o presidente da Aprosoja Tocantins, Dari Fronza; o representante da Aprosoja Minas Gerais, Luiz Carlos Saad; Edson Zacharias, gerente de desenvolvimento de negócios em agricultura da empresa VLI Logística; além de gestores e analistas do BDMG e representantes de outras empresas públicas e privadas.

Sobre o programa

Os fundamentos do LabAgroMinas foram apresentados pelo coordenador da Coordenadoria de Suporte à Inovação (CSI) da Embrapa Cerrados, Chang Wilches. Ele sinalizou que, apesar do horizonte de cinco anos e da abrangência restrita ao Cerrado mineiro definidos no acordo de cooperação técnica, o programa tem perspectiva de longo prazo, devendo alcançar todo o estado de Minas Gerais de maneira progressiva.

O programa pretende acelerar os processos de desenvolvimento territorial sustentável baseado em agroinovação, com intervenções no ambiente produtivo que gerem ganhos sociais, econômicos e ambientais para os produtores rurais e a sociedade, além do desenvolvimento de estratégias com modelos de intervenção que possam ser replicados em outras regiões de interesse.
Wilches explicou que no método científico padrão, a tecnologia agrícola é desenvolvida em campos experimentais da instituição de ciência e tecnologia para depois ser transferida ao setor produtivo; já na agroinovação, a tecnologia é também trabalhada nos territórios, considerando as respectivas condições edafoclimáticas (relativas a solo e clima) e o empreendedorismo dos produtores rurais. “Este é um programa de aceleração baseado em conceitos da teoria da inovação”, disse.

O programa terá interação com o LabCerrado, iniciativa similar da Embrapa Cerrados em parceria com a empresa VLI Logística para o desenvolvimento sustentável de territórios de agroinovação ao longo da ferrovia Norte-Sul no Tocantins. A interação se dará por meio da aceleradora de agroinovação dos Cerrados, entidade virtual que mediará a gestão da inovação.

Entre as intervenções previstas estão o estabelecimento de sistemas produtivos e indicadores de sustentabilidade baseados em condições edafoclimáticas; a geração de soluções de inovação relacionadas a práticas de agricultura sustentáveis e climaticamente inteligentes; a constituição ou fortalecimento de ambientes promotores de agroinovação; além do escalonamento da aplicação das soluções geradas, com foco no estabelecimento de processos produtivos capazes de gerar produtos de alta qualidade e competitividade associados à produção de ativos ambientais e de valor compartilhado, potencializando assim a geração de benefícios ambientais, econômicos e sociais pelo agronegócio. As ações envolvem assistência técnica pública e privada, além de crédito diferenciado.

“Na realidade, o que queremos promover com essas práticas e tecnologias é o novo paradigma para a agricultura brasileira e mundial. A agricultura de base biológica revela um potencial ambiental e produtivo descomunal, com o uso de técnicas que promovem alterações na condição do solo, aumentando a atividade biológica e a fertilidade a partir de fontes alternativas às fontes solúveis”, comentou o coordenador da CSI da Embrapa Cerrados.

Além de operar com uma Unidade Especial de Referência para Inovação (UERI) em cada TAC, que constitui a base de pesquisa, desenvolvimento e inovação fornecida pela Embrapa Cerrados, o programa vai estabelecer uma rede formada pela assistência técnica local capacitada pela Embrapa e por produtores de grãos e empresas, cooperativas ou associações agropecuárias com áreas de cultivo a partir de 500 ha e, a partir do terceiro ano, produtores de café com áreas a partir de 50 ha. 

Esses produtores ou entidades agropecuárias serão os chamados agroempreendedores empresariais e constituirão o grupo que iniciará a transformação produtiva e de inovação nos TACs. Eles serão considerados como startups e vão sediar as Unidades Experimentais para Agroinovação (UEAs), onde soluções tecnológicas serão geradas ou adaptadas para as condições locais. Produtores de menor escala poderão participar do programa por meio de organizações representativas, como associações e cooperativas. Todos estarão inseridos no ecossistema de inovação, que contempla outros agentes em cada um dos TAC, como universidades e órgãos e assistência técnica e extensão rural. 

Os agroempreendedores participarão de imersões em agroinovação com técnicos da Embrapa, do BDMG e de parceiros. A primeira imersão está programada para maio, em Paracatu. Além de detectarem desafios e oportunidades nos TAC, os encontros vão capacitar os produtores rurais em diversas tecnologias sustentáveis. 

Os agroempreendedores também serão orientados sobre como elaborar os planos de negócio e os projetos agro (agrícolas e agropecuários) que adotem sistemas de alto desempenho para a superação de gargalos e que poderão receber financiamento pelo BDMG – neste primeiro ano do LabAgroMinas, serão selecionados e validados pela Embrapa 18 projetos de produtores indutores de inovação – seis de cada TAC –, com oferta de R$ 20 milhões em crédito. No segundo ano, serão selecionados projetos de 22 produtores indutores. 

“Há uma perspectiva de ampliação dos valores que serão objeto de financiamento pelo BDMG a cada ano, estimulando o desenvolvimento de uma agricultura baseada em ciência absolutamente diferenciada, de acordo com o novo paradigma, que estamos chamando de agricultura agroambiental ou agricultura sustentável”, observou Wilches, acrescentando que a base dessa nova agricultura é o aumento de produtividade com redução expressiva do custo de produção. “Ao longo da execução do programa, isso ficará evidente para todos nós”, finalizou.

Fonte: Embrapa

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