Lactalis busca expandir sua presença no mercado brasileiro

Depois de incorporar a operação da DPA, o grupo planeja investir em linhas de maior valor agregado.

A Lactalis, líder global na produção de produtos lácteos, está traçando planos ambiciosos para fortalecer sua posição no mercado brasileiro. Seu objetivo é aumentar sua participação no mercado de 11% para 15% até 2028, um salto significativo em relação ao ano anterior.

No curto prazo, a empresa francesa está concentrando seus esforços na integração das operações da DPA Brasil, uma joint venture entre as empresas Fonterra e Nestlé. A conclusão dessa transação, avaliada em R$ 700 milhões e aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em dezembro de 2023, abre caminho para novas oportunidades de crescimento.

Um dos principais objetivos da Lactalis é aumentar a quantidade de leite processado de 2,5 bilhões para 3,5 bilhões de litros por ano até 2028. Além disso, almeja expandir sua participação no mercado de laticínios, passando de 13% em 2023 para 20% em cinco anos.

Emmanuel Besnier, CEO da Lactalis, destacou o Brasil como um mercado com grande potencial de crescimento para o grupo. A empresa está priorizando investimentos no país, refletindo seu compromisso em aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mercado brasileiro.

Recentemente, Besnier visitou as instalações da Itambé, uma subsidiária do grupo, acompanhado de jornalistas franceses, demonstrando o interesse contínuo da Lactalis em fortalecer sua presença no Brasil.

Há uma década presente no Brasil, a Lactalis já destinou consideráveis investimentos para fortalecer sua presença no mercado nacional. Cerca de 1,3 bilhão foi investido em aquisições, enquanto outros 300 milhões foram direcionados para melhorias na produtividade e qualidade do leite, além do desenvolvimento de novos produtos. Com um portfólio que engloba 16 marcas, como Elegê, Itambé, Cotochés, Parmalat e Batavo, a empresa obteve vendas no ano anterior na ordem de 2,5 bilhões.

Patrick Sauvageot, CEO da Lactalis no Brasil, revela que a operação nacional representa quase 10% da receita global da empresa. Em 2023, o Brasil se posicionou como o quinto maior mercado para a Lactalis, ficando atrás apenas de França, Estados Unidos, Canadá e Itália. No primeiro trimestre deste ano, as vendas brasileiras superaram as da Itália, destacando ainda mais a importância desse mercado em ascensão.

Para o ano de 2024, a Lactalis concentra seus esforços na integração eficaz da operação da DPA. Emmanuel Besnier enfatiza o compromisso de manter a empresa adquirida como uma entidade independente, ao mesmo tempo em que busca sinergias com outras atividades do grupo. Com essa aquisição, a Lactalis amplia seu portfólio com marcas como Chandelle, Chamyto e Chambinho, além do direito de uso da marca Nestlé em produtos refrigerados. As fábricas da DPA, localizadas em Garanhuns (PE) e Araras (SP), juntamente com oito centros de distribuição, empregam cerca de 1,3 mil colaboradores e geraram vendas líquidas de 361 milhões em 2023.

Para fortalecer sua posição no mercado brasileiro a longo prazo, a Lactalis tem direcionado esforços significativos para o desenvolvimento de produtos de maior valor agregado. Emmanuel Besnier ressalta a importância desse movimento em um mercado onde predominam as commodities, como o leite UHT e grupos de queijos de margens reduzidas.

A estratégia da empresa visa ampliar a oferta de queijos refinados, iogurtes e outros produtos lácteos premium, buscando atender à demanda crescente por produtos de maior qualidade e valor percebido.

Patrick Sauvageot destaca que a Lactalis também enfrentou os desafios decorrentes do aumento das importações de leite em pó da Argentina e do Uruguai, o que resultou na redução dos preços dos lácteos no mercado brasileiro. Ele enfatiza a necessidade de apoio governamental para melhorar a competitividade da produção leiteira nacional.

Recentemente, a Lactalis e outras empresas do setor propuseram ao governo federal aumentar a devolução dos créditos de PIS e Cofins de 50% para 100%. Em contrapartida, comprometeram-se a destinar 10% desses créditos para investimentos em melhorias de produtividade, em vez dos atuais 5%. Essa medida, segundo Sauvageot, poderia impulsionar os investimentos no setor, elevando-os para uma média anual de R$ 440 milhões. Desde a implementação dessa regra em 2015, mais de 1,8 mil projetos foram realizados pela indústria, totalizando investimentos superiores a R$ 900 milhões e beneficiando mais de 168 mil produtores.

Benefícios

A iniciativa pode trazer benefícios significativos para os pecuaristas de leite em Minas Gerais, visto que a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) é um dos principais fornecedores da Lactalis. Guilherme Portella, Diretor de Marketing da Lactalis do Brasil, destaca o potencial do país em se tornar um exportador de lácteos, especialmente com o apoio das marcas reconhecidas da empresa, como Président e Parmalat, que facilitam o acesso aos mercados latino-americanos.

A estratégia da Lactalis é produzir no Brasil e exportar para os países onde já possuem presença com suas marcas internacionais, visando expandir significativamente esse mercado. Além disso, a empresa pretende introduzir no mercado brasileiro produtos já existentes em outras partes do mundo, como uma variedade de queijos especiais e finos, e testar sua aceitação. A fabricação local de produtos atualmente importados também está nos planos da empresa.

O projeto de transformar o Brasil em um hub de exportação já está em andamento, com a exportação de produtos brasileiros para Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Há planos de expansão para Colômbia, Venezuela e República Dominicana. Entre os produtos exportados estão leite em pó e queijos, com a possibilidade de incluir iogurtes e compostos lácteos para alguns países, como o Chile.

Para garantir a qualidade do leite e viabilizar o projeto, a Lactalis está investindo em melhorias. Além dos serviços de consultoria e assistência técnica aos produtores e cooperativas, a empresa está negociando uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para impulsionar a qualidade, captação, produtividade e competitividade do leite nacional.

Projeto disruptivo

Guilherme Portella enfatiza que a parceria em negociação com a Embrapa trará uma revolução significativa. “O objetivo é aprimorar tanto a produtividade quanto a qualidade no campo. Embora ainda estejamos finalizando os detalhes, este projeto promete romper com o status quo da produção de leite em Minas Gerais e em todo o Brasil.”

O empoderamento dos produtores rurais e das cooperativas é considerado crucial. “A Lactalis já é a principal empresa na captação e produção de lácteos no país. Desde a aquisição da Itambé, estamos consolidando nossa posição para liderar de forma positiva no setor de lácteos, investindo em inovação e novos projetos industriais. Além disso, estamos fortalecendo nossas parcerias no campo para impulsionar a produtividade,” destacou Portella.

Ele também salienta que a empresa está colaborando estreitamente com as cooperativas. Atualmente, mais de 100 profissionais estão envolvidos na assistência técnica, desenvolvendo iniciativas no campo. Em Minas Gerais, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR) é uma das principais parceiras, trabalhando arduamente para elevar tanto a produtividade quanto a qualidade do leite.

“Entendemos que não há indústria sem produtores, nem produtores sem indústria. Por isso, estamos empenhados em fortalecer os produtores de leite, garantindo que recebam um preço justo pelo seu trabalho. Nosso objetivo é melhorar a qualidade, garantindo uma rentabilidade adequada sem comprometer os preços de mercado. Acreditamos que qualidade e produtividade são essenciais para garantir a rentabilidade. Assim, estamos comprometidos em manter nossos produtores resilientes,” concluiu.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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