
Tecnologia inédita, promete proteger bovinos e ovinos de uma das doenças mais temidas do mundo, evitando prejuízos bilionários a pecuária mundial; Um dos diferenciais é que a vacina vacina de mRNA contra febre aftosa pode ser mantida em temperatura ambiente por até um mês
A pecuária mundial vive um momento histórico com o anúncio da primeira vacina de mRNA contra a febre aftosa, desenvolvida para bovinos e ovinos. A doença viral, altamente contagiosa, provoca grandes prejuízos econômicos, impacta o comércio internacional e já devastou rebanhos inteiros em diversos países.
O avanço científico foi possível graças a um plano de biossegurança de US$ 1 bilhão do governo de Minnesota, aliado à necessidade da Austrália de se manter livre da doença. Embora esteja entre os poucos países isentos de febre aftosa, especialistas alertam que um surto poderia custar até US$ 80 bilhões à economia australiana.
Desenvolvida por um consórcio que inclui Tiba Biotech, o Departamento de Indústrias Primárias e Desenvolvimento Regional de NSW, a Meat & Livestock Australia e o Instituto Alemão Friedrich-Loeffler, a nova vacina é totalmente sintética. Isso significa que não utiliza vírus vivo ou inativado no processo, reduzindo riscos de biossegurança e acelerando a produção.
Outro diferencial está na logística de armazenamento: a vacina pode ser mantida em temperatura ambiente por até um mês, algo que facilita a aplicação em larga escala no campo.
Em testes internacionais, animais vacinados expostos ao vírus não desenvolveram a doença nem transmitiram o patógeno — um indicativo de eficácia e potencial de contenção de surtos de forma rápida e segura.
Comparativo: vacina tradicional x vacina de mRNA
Característica | Vacina Tradicional (Brasil e outros países) | Nova Vacina de mRNA (Austrália) |
---|---|---|
Composição | Vírus inativado (sorotipos A e O) | Material genético sintético (mRNA) |
Produção | Requer cultivo e inativação do vírus | Produzida em laboratório sem vírus real |
Tempo de desenvolvimento | Anos | Menos de 18 meses |
Aplicação | Dose de 2 ml em bovinos, reforço periódico | Dose única planejada; estudos sobre reforço em andamento |
Armazenamento | Cadeia de frio constante (2°C a 8°C) | Pode ficar até 1 mês em temperatura ambiente |
Risco de manejo | Necessita manipulação de vírus (mesmo inativado) | Sem risco de manipulação de patógeno real |
Status regulatório | Amplamente aprovada e usada | Em testes e aprovação na Austrália |
Disponibilidade | Uso corrente em países que vacinam | Disponível para uso emergencial na Austrália |
No Brasil, a vacinação contra febre aftosa foi suspensa a partir de maio de 2024 em quase todo o território, com exceção de Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e parte do Amazonas, que continuam vacinando até obter o status internacional de área livre sem vacinação.
O objetivo é que o país seja reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como livre da febre aftosa sem vacinação, o que abre portas para mercados mais exigentes e reduz custos.
Atualmente, não há vacinas de mRNA contra febre aftosa em uso comercial no Brasil. A imunização, quando realizada, utiliza vacinas tradicionais com vírus inativado, aplicadas em doses bivalentes de 2 ml.
A ministra da Agricultura Regional e Ocidental de NSW, Tara Moriarty, destacou que a entrega da vacina faz parte de um compromisso maior de proteção da indústria pecuária e da economia. O diretor administrativo da Meat & Livestock Australia, Michael Crowley, afirmou que a medida é preventiva, dado o risco constante de entrada do vírus no país.
Já o diretor financeiro da Tiba Biotech, Peter McGrath, salientou a vantagem logística da vacina de mRNA e seu potencial de aplicação rápida em emergências sanitárias.
A febre aftosa continua sendo um dos maiores desafios sanitários para a pecuária mundial. Além de prejuízos econômicos diretos, a doença provoca bloqueios imediatos nas exportações e afeta o abastecimento interno de carne, leite e derivados.
Com a chegada da vacina de mRNA, produtores e autoridades sanitárias passam a contar com uma ferramenta moderna, rápida e segura para conter surtos e proteger a produção agropecuária global.
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