
Setor de laticínios em MS enfrenta queda histórica na produção, concorrência desleal e pede medidas emergenciais; Entre 2010 e 2023, a produção de leite no Estado caiu quase 40%, passando de 511,3 milhões para 307,1 milhões de litros.
A indústria de laticínios de Mato Grosso do Sul vive um dos momentos mais críticos de sua história. Em carta aberta divulgada nesta segunda-feira (15), o Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínios de Mato Grosso do Sul) alertou para o risco de colapso do setor e cobrou do Governo do Estado medidas urgentes para evitar que empresas fechem as portas. Setor de laticínios em MS enfrenta queda histórica na produção, concorrência desleal e pede medidas emergenciais.
O sindicato destaca que, enquanto os produtores recebem programas de incentivo, as indústrias seguem “em estado de emergência”, sem políticas específicas que garantam sua sobrevivência. As informações foram divulgadas pelo Campo Grande News.
Queda drástica na produção de leite
Os dados apresentados pelo Silems mostram um cenário alarmante. Entre 2010 e 2023, a produção de leite no Estado caiu quase 40%, passando de 511,3 milhões para 307,1 milhões de litros. Do total produzido no último ano, apenas 42,5% foi processado pelas indústrias locais, evidenciando a perda de competitividade e o enfraquecimento da cadeia.
A situação se agravou em 2024, quando foram industrializados 112,5 milhões de litros, retração de 13,9% em relação ao ano anterior. “Até o momento não há medida saneadora destinada às indústrias, que hoje vivem em estado de emergência”, declarou Abraão Giuseppe Beluzi, presidente do sindicato.
Concorrência desleal e pressão externa
Outro fator que ameaça a sobrevivência das indústrias locais é a entrada maciça de produtos de fora do Estado. Somente em 2024, R$ 181,4 milhões em leite UHT e R$ 86,2 milhões em queijo muçarela foram importados de outras regiões. Segundo Beluzi, essa realidade representa “uma concorrência desigual, que sufoca quem investe e gera empregos dentro do território sul-mato-grossense”.
Propostas do setor de laticínios em MS
Na carta, o Silems defende uma aliança entre produtores, indústrias e poder público para reverter a crise. Entre as principais reivindicações estão:
- Priorização de produtos fabricados em MS nas compras públicas;
- Revisão da política tributária sobre itens vindos de fora;
- Retirada dos laticínios locais da substituição tributária do ICMS.
“O setor não pede privilégios, mas condições mínimas de competitividade, como já ocorre com o produtor rural”, reforçou Beluzi.
Função social do leite
Além da questão econômica, o sindicato destacou o papel social da cadeia do leite. Para o Silems, o produto vai além da nutrição: “O leite cumpre uma função social decisiva ao fixar o homem no campo, garantindo renda, dignidade e permanência das famílias nas áreas rurais”.
Investimentos do governo
O Governo do Estado anunciou neste ano o investimento de R$ 9,2 milhões por meio do Proleite (Plano Estadual de Desenvolvimento da Bovinocultura Leiteira), lançado durante a Expogrande em abril. O programa prevê ampliar a produção em 6 milhões de litros, com foco em melhoramento genético, assistência técnica, apoio às indústrias e programas de comercialização.
Apesar do anúncio, o setor avalia que as medidas ainda são insuficientes para resolver a crise estrutural que ameaça a sobrevivência das indústrias de laticínios em Mato Grosso do Sul.
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