Lula deverá lançar plano emergencial de reforma agrária no Brasil

Após integrantes do movimento realizar dezenas de invasões desde a eleição do mandatário petista, Lula anunciará plano emergencial de reforma agrária

Outra reivindicação do movimento, trocas no Incra devem ser concluídas na próxima semana, diz ministro
Após invasões do MST em abril, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), afirmou neste sábado (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar em maio um plano emergencial de reforma agrária.

O ministro disse ainda que o governo deve concluir na próxima semana a troca em todas as superintendências do Incra no país, incluindo Alagoas, que é comandada por um primo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Amapá, que está com um aliado do senador Davi Alcolumbre (União-AP).

ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira
Foto: Divulgação

Segundo Paulo Teixeira, “está praticamente pronto” o plano emergencial de reforma agrária a ser lançado por Lula, com novos assentamentos. O ministro, no entanto, não quis dizer quantas famílias poderão ser atendidas. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estima em 60 mil o número de famílias acampadas em todo o país. “Ele [o plano] será maior do que foram os planos dos primeiros anos dos governos Lula”, afirmou, em referência às duas gestões anteriores do presidente (2003-2010).

O ministro criticou as gestões de Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL) por não avançarem na reforma agrária. “Estamos há seis anos e nenhum centímetro de terra foi destinado à reforma agrária. Tem um represamento e daí a razão dessas reivindicações dos movimentos”, disse, sobre as invasões do MST em abril. “Não podemos responder por esses seis anos de represamento. Mas vamos dar uma resposta agora no mês de maio ao tema da reforma agrária”, afirmou.

Teixeira participa neste sábado de um evento promovido pelo MST em São Paulo, ao lado do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). O ato foi organizado para divulgar a 4ª edição da feira nacional da reforma agrária, que será realizada pelo MST na capital paulista em maio, e também para marcar o lançamento da cozinha escola “Para Brilhar Dona Ilda Martins”. Teixeira disse que o governo federal participará da feira do movimento dos sem-terra, no próximo mês.

O ministro afirmou ainda que todas as superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) serão mudadas pelo governo Lula. “Todas as diretorias regionais do Incra estão sendo mudadas. As mudanças estão em curso. E ainda nesta semana vamos concluir aquelas que estão faltando”, disse. Questionado especificamente sobre Alagoas, comandado por César Lira, e a superintendência do Amapá, com Fábio Muniz, o ministro confirmou as mudanças dos superintendentes. “Todas estão sendo mudadas porque é um novo governo. Novo governo remete a mudanças”, afirmou o ministro.

Teixeira disse que o diálogo com o MST foi retomado depois das invasões realizadas pelo movimento popular pelo país neste mês e afirmou que as críticas às ações do movimento popular foram superadas. “As ocupações estavam dentro de uma jornada de luta. Acabaram. Deixaram, a nosso pedido, a área da Embrapa e da Suzano”, disse. Integrantes do movimento desocuparam no domingo (23) o terreno da Embrapa Semiárido, em Pernambuco, e na quinta-feira (27) saíram das áreas de plantio de eucalipto da Suzano.

O ministro defendeu o movimento, que será alvo de uma CPI na Câmara. “Minha solidariedade ao MST. Não vejo razão para CPI”, afirmou. “Não tem irregularidades. Não sei se uma entidade privada pode ser investigada pelo Parlamento”, disse, referindo-se ao MST. “O setor público não pode se prestar a perseguir uma instituição por divergências [ideológicas]”, declarou o ministro.

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