Maior fábrica de celulose do mundo é erguida com investimento de US$ 4,6 bilhões em 2025

Projeto Sucuriú, da chilena Arauco, transforma Inocência (MS) em símbolo do Vale da Celulose ao reunir investimento bilionário, tecnologia inédita, energia limpa e impacto social histórico.

O ano de 2025 entrou para a história do setor florestal brasileiro como o período em que começou a ser erguida a maior fábrica de celulose do mundo. Localizada em Inocência, município de pouco mais de 8 mil habitantes no leste de Mato Grosso do Sul, a planta da Arauco, multinacional chilena do setor, simboliza uma virada definitiva do Brasil rumo à liderança global da bioeconomia.

Batizado de Projeto Sucuriú, o empreendimento recebeu investimento de US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 27,3 bilhões) e se tornou o maior projeto privado em curso no setor de celulose no planeta. A unidade terá capacidade produtiva de 3,5 milhões de toneladas de celulose de fibra curta por ano, superando o então recordista Projeto Cerrado, da Suzano, em Ribas do Rio Pardo (MS). A operação está prevista para iniciar no último trimestre de 2027, marcando também a primeira fábrica industrial da Arauco no Brasil.

A chegada da Arauco não ocorreu de forma isolada. Ao longo da última década, Mato Grosso do Sul se consolidou como um dos maiores polos globais da indústria de celulose, reunindo clima favorável ao eucalipto, disponibilidade de terras, logística estratégica e um ambiente regulatório atrativo.

Com investimentos bilionários de empresas nacionais e internacionais, o estado passou a ser reconhecido como o “Vale da Celulose”, concentrando mais de 8 milhões de toneladas de capacidade produtiva instalada. Além da Arauco em Inocência, o polo inclui a Suzano, em Ribas do Rio Pardo, e unidades da Eldorado Brasil e da antiga Fibria (hoje Suzano) em Três Lagoas, além de grandes áreas florestais operadas por multinacionais do setor.

Desde o anúncio, o Projeto Sucuriú chamou atenção pela escala industrial sem precedentes. A planta contará com duas linhas de fibras, três secadoras, seis picadoras, dois digestores e a maior caldeira de recuperação do mundo, fornecida pela Valmet, capaz de processar mais de 15 mil toneladas de resíduos por dia.

Outro diferencial é a planta de gaseificação, que produzirá biocombustível para abastecer os fornos de cal, reforçando o conceito de economia circular. A unidade foi concebida dentro dos padrões de indústria 4.0, com automação avançada, conectividade em tempo real, simuladores operacionais e gestão integrada de toda a cadeia, do campo à expedição.

Um dos pontos mais emblemáticos do projeto é a autossuficiência energética. A fábrica será capaz de gerar mais de 400 megawatts (MW) a partir de biomassa, dos quais 200 MW serão consumidos internamente. O excedente, suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes, será injetado no Sistema Interligado Nacional, reforçando a matriz energética renovável do país.

Para garantir o abastecimento da planta, a Arauco estruturou uma base florestal de 400 mil hectares de eucalipto, cultivados majoritariamente por meio de parcerias com produtores rurais locais. A área equivale a quase metade do território de Campo Grande, evidenciando a dimensão do projeto.

A logística também recebeu atenção estratégica. O plano inclui a construção de um ramal ferroviário de 47 quilômetros, conectando Inocência à malha nacional com destino ao Porto de Santos, investimento estimado em R$ 1 bilhão, com obras previstas para começar em setembro de 2025. Além disso, o município passou a contar com um aeroporto, que recebeu R$ 15,4 milhões em melhorias para dar suporte à operação industrial.

Durante o pico das obras, o Projeto Sucuriú mobilizou mais de 14 mil trabalhadores, número que superou a própria população de Inocência. Após a entrada em operação, a expectativa é de cerca de 6 mil empregos permanentes, com impacto direto e indireto estimado em aproximadamente 100 mil pessoas ao longo da cadeia produtiva.

Para lidar com os efeitos do crescimento acelerado, a Arauco firmou um plano estratégico com o governo estadual e a prefeitura, mapeando nove áreas prioritárias, como saúde, educação, segurança e habitação. Parcerias com o SENAI garantiram capacitação gratuita para operadores de máquinas, caminhões e equipamentos pesados, preparando mão de obra local para o novo ciclo econômico.

Na avaliação do governador Eduardo Riedel, o avanço do Vale da Celulose é resultado de uma política deliberada de atração de investimentos sustentáveis, iniciada anos antes. “Criamos um ambiente seguro, competitivo e desburocratizado. Hoje, o Estado colhe os frutos dessa estratégia”, afirmou à época.

Já o presidente da Arauco no Brasil, Carlos Altimiras, destacou o simbolismo do projeto: “Inocência passa a integrar o mapa mundial da bioindústria, com um empreendimento que projeta o Brasil como referência global em celulose e sustentabilidade”.

Ao longo de 2025, o Projeto Sucuriú deixou de ser apenas um anúncio e se consolidou como um dos maiores marcos industriais da história recente do país. Mais do que números bilionários, a maior fábrica de celulose do mundo passou a representar um novo patamar de integração entre produção florestal, tecnologia, energia limpa e desenvolvimento regional.

Com Inocência no centro desse movimento, Mato Grosso do Sul se firmou como o coração verde da industrialização florestal do século XXI, enquanto o Brasil reforçou sua posição de liderança absoluta no mercado global de celulose.

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