
Espírito Santo será pilar da estratégia com nova fábrica bilionária da Suzano, maior produtora mundial de celulose; Empresa brasileira anunciou um acordo para comprar 51% dos negócios internacionais de tissue da norte-americana
A Suzano, maior produtora mundial de celulose, oficializou nesta quinta-feira (05) um movimento estratégico que a posiciona como potência global também na produção de papéis tissue — utilizados em higiene pessoal, como papel higiênico, guardanapos, toalhas e lenços. A empresa brasileira anunciou um acordo para comprar 51% dos negócios internacionais de tissue da norte-americana Kimberly-Clark, por US$ 1,734 bilhão à vista, criando uma joint venture avaliada em US$ 3,4 bilhões.
O negócio não inclui os ativos da Kimberly-Clark nos Estados Unidos, mas abrange 22 fábricas em 14 países, responsáveis por abastecer mais de 70 mercados na Europa, Ásia, Oriente Médio, América Latina, África e Oceania. A nova empresa terá sede na Holanda e capacidade instalada de 1 milhão de toneladas/ano, com receita líquida estimada em US$ 3,3 bilhões apenas em 2024.
Expansão com valor agregado
O presidente da Suzano, Beto Abreu, destacou que a nova empresa une “duas líderes globais” com competências complementares: a eficiência industrial da Suzano e a força de marcas e marketing da Kimberly-Clark. Fazem parte do acordo mais de 40 marcas regionais e também nomes globais como Kleenex, Scott, Cottonelle, Viva, WypAll e Kimberly-Clark Professional, licenciadas à joint venture por longo prazo.
A empresa brasileira terá o controle do negócio, com três dos cinco assentos no Conselho de Administração da joint venture, enquanto a Kimberly-Clark manterá os dois restantes. Há ainda uma cláusula que permite à Suzano comprar os 49% restantes da empresa daqui a três anos, ampliando ainda mais seu domínio no setor.
Espírito Santo no centro da estratégia da maior produtora mundial de celulose
Mais do que um movimento global, o acordo também fortalece a presença da Suzano no Brasil — especialmente no Espírito Santo, onde a companhia iniciou sua trajetória na década de 1970, com a antiga Aracruz Celulose. Nos últimos anos, o Estado tem se consolidado como plataforma de expansão para produtos acabados, deixando de ser apenas exportador de matéria-prima.
Em 2020, a Suzano investiu R$ 130 milhões em uma conversora de papel tissue em Cachoeiro de Itapemirim. Agora, no fim de 2025, entra em operação uma nova fábrica integrada em Aracruz, com investimento de R$ 650 milhões e capacidade de produção de 60 mil toneladas por ano. A unidade produzirá desde a celulose até o papel final, operando junto ao Portocel, terminal portuário estratégico para exportação.
Menor exposição ao mercado volátil
O novo passo da Suzano também é uma resposta à volatilidade do mercado internacional de celulose. Ao agregar valor e assumir o controle de produtos finais, a companhia reduz sua dependência das oscilações de preço da commodity, reforçando a sustentabilidade financeira no longo prazo. Essa é uma linha estratégica já adotada com sucesso quando adquiriu os ativos da Kimberly-Clark no Brasil, em 2023.
“Já alcançamos ganhos expressivos de eficiência e temos convicção de que esses resultados serão replicados globalmente”, afirmou Luís Bueno, vice-presidente executivo de Bens de Consumo e Relações Corporativas da Suzano.
Conclusão prevista para 2026
A operação ainda depende da aprovação de autoridades concorrenciais e regulatórias, além da conclusão da reorganização societária da Kimberly-Clark. A expectativa é que a transação seja concluída em meados de 2026, envolvendo cerca de 9 mil colaboradores ao redor do mundo.
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