Operação do Ministério da Agricultura flagra uso irregular de cascas para substituir grãos na produção de café; prática é considerada fraude e oferece riscos à saúde pública.
Fiscais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apreenderam 4,2 toneladas de cascas de café utilizadas de forma irregular em uma unidade de torrefação no município de Brusque, localizado no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. A operação, realizada no início de dezembro de 2025, identificou o uso do material como substituto dos grãos de café na produção de café torrado e moído — prática expressamente proibida pela legislação brasileira e considerada fraude contra o consumidor.
Subproduto inadequado e perigoso
Conhecida também como polpa de café, a casca é um subproduto da colheita, normalmente aproveitado em outras finalidades, como adubo orgânico ou matéria-prima para compostagem. Entretanto, seu uso na produção de café comercial é vetado, principalmente devido ao risco sanitário.
De acordo com o Mapa, a casca pode conter micotoxinas perigosas, como a Ocratoxina A, substância tóxica produzida por fungos que pode se desenvolver em ambientes de armazenamento inadequado. A exposição prolongada à micotoxina está associada a problemas renais, imunológicos e até câncer.
Além disso, impurezas como terra, areia, pedras e resíduos químicos são frequentemente encontradas nas cascas, tornando o uso ainda mais arriscado para a saúde pública.
Fraude identificada após análise técnica
A ação da fiscalização foi motivada por uma análise anterior de amostras, na qual foram detectadas impurezas acima do permitido em um lote da empresa. A partir desse achado, os fiscais retornaram ao local e constataram a utilização indevida da casca como substituta parcial dos grãos.
Na ocasião, novas amostras foram coletadas para reavaliação da identidade e da qualidade do produto final. O objetivo é confirmar se a adulteração compromete o padrão legal e sanitário do café comercializado.
Empresa foi notificada, mas nome não foi revelado
O nome da empresa investigada não foi divulgado oficialmente. No entanto, o Ministério da Agricultura afirmou que o estabelecimento foi notificado e orientado a corrigir falhas nas boas práticas de fabricação, além de ser instado a realizar melhorias estruturais para assegurar condições adequadas de higiene e processamento dos alimentos.
Fiscalização será intensificada em Santa Catarina
Em nota, o Mapa declarou que irá ampliar a fiscalização em todo o estado de Santa Catarina, com o objetivo de coibir fraudes semelhantes e garantir a segurança alimentar dos consumidores brasileiros.
A operação serve como alerta tanto para a indústria quanto para os consumidores sobre a importância de rastreabilidade, qualidade e segurança nos produtos comercializados. Em um setor onde o Brasil se destaca como um dos maiores produtores e exportadores mundiais de café, práticas fraudulentas como essa comprometem não apenas a saúde pública, mas também a imagem do país no mercado internacional.
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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