Manejo correto de pastagem eleva produção em 40%

Em estudo da Embrapa Gado de Corte, com manejo correto animais registraram ganho de peso de 760g por dia em pasto de 30 cm com a forrageira Xaraés.

“Só de fazer o manejo correto do pasto, é possível aumentar de produção animal de 30% a 40%”, afirmou o pesquisador Ademir Zimmer, da Embrapa Gado de Corte, em palestra na Showtec 2017, em Maracaju, MS, no dia 19.

Pesquisas da Embrapa Gado de Corte mostraram que no quarto ano de experimento com o capim Xaraés, o animal ganhou 760 gramas de peso por dia em pasto de altura de 30 cm, em 370 dias, com taxa de lotação de 2,8 UA/ha, resultando em 1.170 kg/ha. O custo desse modelo é de R$ 1,80 por animal/dia (mais adicionais) e custo total de R$ 1.330 por hectare. O total da receita com o pasto a 30 cm, considerando o quilo do peso a R$ 4,95, foi de R$ 5.800, com a margem de lucro de R$ 4.470. Melhor resultado de altura de pasto.

Comparando com a altura do pasto em 15 cm, a margem de lucro foi de R$ 2.420. O ganho de peso foi menor: 450 gramas/dia, com taxa de lotação maior: 3,4 UA/ha, e um tempo maior para a engorda, quase o dobro: 620 dias, com ganho animal por área menor: 1.030 kg/ha.

Com altura de 45 cm, com a taxa de lotação praticamente igual ao pasto de 30 cm de altura: 2,7 UA/ha. Mas o ganho animal por dia e por área foi menor: 600 gramas/dia e 930 kg/ha, respectivamente, e margem da receita menor: R$ 2.990

Para a produção de leite, Zimmer mostrou resultados em pastos de capim mombaça, que obteve melhores resultados quando à altura de entrada nos pastos foi de 90 cm ao invés de 140 cm. A média de leite foi de 14 litros por vaca a 90 cm, enquanto em 140 cm a produção foi de 10,8 litros.

Pastagem de capim-xaraés 100 dias após a semeadura na Fazenda Santo Antônio, em Bujari, AC
Foto: Carlos Mauricio Soares de Andrade / Embrapa

Na ILP, a presença do gado no pasto é positiva quando se realiza juntamente com o sistema plantio direto (SPD). Um fator importante é a altura de pastejo para a massa de palhada. O efeito da altura da Brachiaria ruziziensis na massa de palhada teve melhor resultado em 35 cm, com produção de 6,8 toneladas de massa, com 96 cm de altura de plantas e produção de soja de 4.240 kg (70 sacas por hectare).

Em 15 cm, foi de 4,1 toneladas, 88 cm de altura e 3.930 kg (65 sc/ha). Com o pasto a 50 cm, a altura da planta foi de 87 cm e 3.900 Kg (65 sc/ha).”Colocar boi “na roça” é bom. A soja produz mais com o pastejo, por estimular o perfilhamento, a ciclagem de nutrientes e crescimento radicular”, afirmou o pesquisador.

O bom manejo das pastagens tem outras vantagens: reduz a emissão de gases de efeito estufa, protege o solo e aumenta a produtividade de grãos no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, entre outros fatores.

É uma via de mão dupla: um solo bem manejado é um ambiente propício para pastagens de qualidade, e pastagens de qualidade contribuem para a construção de uma boa estrutura do solo. “Nosso equipamento de produção do produtor rural é o solo; o boi e os grãos são os produtos.”

Zimmer também falou sobre a importância da suplementação em sistemas de produção com idades de abate decrescentes (pasto, suplemento, confinamento). A suplementação na seca é feita com sal mineral nas águas e proteinado de baixo consumo na seca, sendo o abate aos 29 meses. Na suplementação na seca mais águas, o suplemento deve ser proteico-energético de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca (abate aos 27 meses).

Com a terminação realizada em semi-confinamento, a recomendação é que o sumplemento seja proteico-energético de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca e terminação em semi-confinamento, avançado (1,8% do peso vivo em concentrado) e abate em 21 meses.

O abate aos 19 meses acontece quando se faz a suplementação proteica-energética de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca e terminado em confinamento.

O resultado desses sistemas acima em integração lavoura-pecuária (ILP) possui desempenhos superiores e o abate é feito entre 14 e 20 meses.

Mais forrageiras – Com a Brachiaria híbrida BRS Ipyporã (Brachiaria ruziziensis com Brachiaria brizantha): na altura ideial, 30 centímetros, possui alto valor nutricional (de 11% a 12% de proteína) – ganha da marandu, mas perde em capacidade de suporte; possui digestibilidade de 60%; aguenta ataque de cigarrinha da pastagem e cigarrinha da cana (ela é a exceção, porque nenhuma brachiaria tem resistência).

Panicum maximum cv BRS Quênia (híbrido de panicum) – no Bioma Cerrado, o desempenho animal (grama por animal/dia) nos primeiro e segundo anos, no período das águas e melhor que a mombaça, mas é menor que a na seca.

Mas, no terceiro ano, o desempenho é maior que a mombaça nos dois períodos, mostrando que é uma cultivar persistente. Já a proteína bruta e a digestibilidade são maiores tanto no período de chuva quanto na seca.

Bem estar animal – “Bem-estar animal é fazer certo”, disse a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Fabiana Villa Alves, no início de sua palestra. Ela enfatizou que valorizar a ambiência não é somente para suínos e aves – com estruturas construídas para manter o animal longe do estresse -, mas também para o gado de corte e de leite.

Para proporcionar o bem-estar, é necessário seguir cinco diretrizes: o animal deve estar livre de fome e sede; de desconforto; de dor, lesões e doenças; de medo e estresse; e estar livre para expressar comportamento. “Tudo que diz respeito a estresse causa diversas alterações”, afirmou.

As principais são queda de dezempenho reprodutivo, redução da ingestão de alimentos; aumento do consumo de água; diminuição na produção de leite, redução da libido e da espermatogênese; redução da fertilidade; aumento da mortalidade embrionária; e diminuição de peso dos neonatos”, listou Fabiana.

Um exemplo em relação ao bem-estar animal é o número de animais para formação de lotes. O ideal é que cada lote tenha de 120 a 150 animais. Segundo a pesquisadora, é preciso manter animais dominantes em lotes separados.

“Existe uma hierarquia entre os animais. Não se deve misturar os lotes ao transportar os animais. Se dois dominantes estiverem no mesmo lote , eles vão brigando até o frigorífico e a carne terá problema e será configurada com defeito de carne por estresse”, alertou.

ILPF – A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é mais uma ação importante para o bem-estar animal. Além da sombra proporcinada, que pode reduzir a temperatura de 2ºC a 9ºC, as árvores aumentam a umidade do ar e do solo. À sombra, seja a natural proporcionada pelas árvores ou por sombrite, a produção de leite aumenta aproximadamente em 30%.

Mas o componente floresta ainda proporciona outras vantagens como a ação contra os ventos; redução das amplitudes térmicas, resultando em bem estar e conforto térmico; além da fixação de nitrogênio, ciclagem de nutrientes no solo e créditos de carbono.

Também existe o enriquecimento cênico. “Na Europa, já se paga para visitar os locais, porque é bonito, é bucólico. Aqui no Brasil talvez se dê valor a esse atributo somente daqui a 15 anos, que é um excelente nicho de mercado”, opinou a pesquisadora. Outro benefício apontado é que com a adoção de forma adequada da ILPF pode dar à carne o selo de “Carne Carbono Neutro” (CCN), uma iniciativa da Embrapa Gado de Corte.

Escolha da espécie – Para a escolha da da espécie de árvore, é necessário analisar as condições edafoclimáticas, o tipo de solo e o mercado. “Em Mato Grosso do Sul, o ideal é o eucalipto, que cresce cerca de 12 cm por ano, que se adapta bem em solos arenosos e ácidos, e que possui bom mercado para a venda da madeira”, afirmou Fabiana.

Fonte: Embrapa Gado de Corte e Portal DBO

Sobre o Capim Xaraés

 

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM