
Contaminação por alcaloides tóxicos e falhas de controle de produção levaram à decisão mais rígida já tomada contra uma empresa do setor de nutrição animal; após morte de cavalos foi averiguado que a ração da Nutratta continha substâncias tóxicas
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou, de forma cautelar, a proibição do consumo de todos os produtos da Nutratta Nutrição Animal, para qualquer espécie, fabricados a partir de 22 de novembro de 2024. A decisão foi tomada após a morte de ao menos 122 equinos em diferentes estados, além de relatos adicionais de outros 36 óbitos ainda sob investigação, todos associados ao consumo de rações da marca.
A medida, anunciada oficialmente em 25 de junho de 2025, amplia a determinação anterior, que já exigia o recolhimento de produtos destinados a equídeos desde 17 de junho. Agora, a proibição se estende a todas as espécies animais, diante de evidências laboratoriais e falhas graves na linha de produção da empresa.
Substâncias tóxicas confirmadas em exames da Nutratta
Laudos preliminares dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária identificaram a presença de alcaloides pirrolizidínicos, especialmente monocrotalina, nas rações. Essas substâncias são conhecidas por causarem danos hepáticos graves e mortes em equinos e outras espécies, segundo a literatura técnico-científica.
Os exames foram feitos em amostras recolhidas nos locais onde os cavalos adoeceram e também dentro da própria fábrica da Nutratta. Os resultados apontaram para um nexo causal presumido entre o consumo da ração contaminada e os quadros clínicos observados nos animais, incluindo apatia, alterações hepáticas e sinais compatíveis com intoxicação alimentar.
Além disso, o Mapa mencionou a possível presença de outros contaminantes, que teriam agravado os casos, embora os testes não tenham detectado monensina ou outros ionóforos, frequentemente associados a intoxicações.
Falhas sistêmicas na produção levaram a morte de cavalos
A inspeção conduzida pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Mapa encontrou falhas estruturais graves na linha de produção da Nutratta, tornando “tecnicamente impossível assegurar a segregação segura dos produtos por espécie ou lote”.
As principais irregularidades apontadas foram:
- Falta de rastreabilidade integral da produção, o que impossibilita o controle por lotes;
- Utilização de matérias-primas não autorizadas, como resíduos de soja não constantes na lista aprovada;
- Ausência de separação adequada de ingredientes, como torta de algodão, feno e soja nos silos;
- Deficiências nos registros de produção, dificultando a identificação e o controle de etapas críticas.
Riscos continuam mesmo após alerta
O Mapa também alertou para o uso continuado dos produtos da Nutratta em alguns locais de Minas Gerais, mesmo após a primeira notificação oficial. A pasta reforçou que laudos privados não substituem os testes oficiais, e que qualquer uso dos produtos representa risco grave à saúde animal, com risco de mortes de cavalos.
Recolhimento e orientações
Embora a Nutratta não tenha se manifestado oficialmente até o momento da publicação, o Ministério orienta que os produtos adquiridos devem ser devolvidos diretamente ao fabricante, sem intermediação do serviço oficial. A orientação segue as normas do Código de Defesa do Consumidor e da legislação civil.
Impacto no setor e próximos passos
A decisão do Mapa representa uma das mais amplas sanções aplicadas contra uma empresa de nutrição animal nos últimos anos. O caso gerou forte comoção no setor, especialmente entre criadores de equinos. Os desdobramentos do caso seguem em análise, e novos resultados laboratoriais ainda serão divulgados.
A proibição permanecerá em vigor até que todas as investigações técnicas e laboratoriais estejam concluídas, o que ainda não tem prazo definido.
📌 Para criadores e tutores, a recomendação é suspender imediatamente o uso de qualquer ração da marca Nutratta e acompanhar os comunicados oficiais do Mapa.
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