MapBiomas lança primeira versão do mapa de agricultura de segunda safra

O mapeamento aponta que o milho é a principal cultura de segunda safra no Brasil. Em 2024 foram identificados na segunda safra 14,7 milhões de hectares de milho.

São Paulo, 10 – O MapBiomas lança nesta quarta-feira (10) sua primeira versão do mapa de agricultura de segunda safra, ou seja, de cultivos agrícolas plantados após a colheita da safra de verão de lavouras temporárias. Ele agrega informações ao mapa de quantidade de ciclos que foi lançado ano passado e pretende identificar a cultura plantada após a colheita dos cultivos de primeira safra já mapeados no MapBiomas, que é uma rede multi-institucional, que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas.

O mapeamento aponta que o milho é a principal cultura de segunda safra no Brasil. Em 2024 foram identificados na segunda safra 14,7 milhões de hectares de milho, 2,5 milhões de hectares de algodão e 6,5 milhões de hectares de outros cultivos temporários ou de espécies para cobertura do solo. Cerca de 95% das lavouras de milho de segunda safra mapeadas pelo MapBiomas foram plantadas após a colheita da soja. Estes são alguns dos dados que já estão disponíveis gratuitamente na plataforma https://brasil.mapbiomas.org.

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“A segunda safra é um trunfo da agricultura tropical na produção de grãos. Ela incrementa o retorno econômico ao produtor e colabora na conservação da vegetação nativa, pois permite aumentar a produção sem abrir novas áreas. Além disso, aproveita nutrientes da cultura anterior e eleva o potencial de sequestro de carbono. O milho, em especial, deixa uma palhada abundante após a colheita, fundamental para a conservação do solo e da água e para a fixação de carbono no solo via plantio direto. Mas a expansão da segunda safra também enfrenta desafios. Um deles é a degradação do solo pelo uso mais intensivo, requerendo atenção especial com as práticas de manejo. Há também o clima, com tendência de redução da chuva e de alongamento da estação seca, que pode tornar inviável a segunda safra no futuro, especialmente do milho”, disse em comunicado o professor Eliseu Weber, um dos coordenadores do tema de agricultura do MapBiomas.

Em relação aos Estados, o mapeamento identificou que em 2024 foram cultivados 7,1 milhões de hectares com milho (48% do total mapeado) e 1,6 milhão de hectares com algodão na segunda safra em Mato Grosso. O Paraná apresentou um total de 5 milhões de hectares plantados com segunda safra, sendo 2,2 milhões de hectares com milho e 2,8 milhões de hectares com outra cultura de segunda safra ou plantio de cobertura. Em Mato Grosso do Sul, a segunda safra ocupou 2 milhões de hectares, sendo 1,9 milhão de hectares cultivados com milho e 100 mil hectares com algodão. Goiás apresentou números semelhantes: 2 milhões de hectares cultivados na segunda safra, sendo 1,7 milhão de hectares com milho e 300 mil hectares com algodão.

No caso da safra de verão, o cultivo de soja passou de 4,5 milhões de hectares mapeados em 1985 para 40,7 milhões de hectares mapeados em 2024. Quase dois terços (65%) da agricultura mapeada em 2024 no Brasil correspondem a lavouras de soja de primeira safra. Mais de dois terços (65%) da área mapeada como soja na primeira safra de 2024 apresentou dois ciclos de cultivo (26,3 milhões de hectares) e 6,1%, três ciclos (2,5 milhões de hectares). Quase um quarto do total (21%) apresentou apenas um ciclo (8,6 milhões de hectares).

Em 2024, após a colheita da soja, foram cultivados 14 milhões de hectares de milho, 2,4 milhões de hectares de algodão e 6 milhões de hectares de outras culturas temporárias. A maior área com essa dinâmica fica no Mato Grosso, onde 6,7 milhões de hectares de milho são cultivados após a colheita da soja. Isso significa que 94% do total de milho no estado é cultivado em sucessão à cultura da soja na safra de verão. Em segundo lugar vem o Paraná (2,2 milhões de hectares), seguido pelo Mato Grosso do Sul (1,8 milhão de hectares).

Foram mapeadas também áreas de cana-de-açúcar, que passaram de 2,2 milhões de hectares em 1985 para 10,1 milhões de hectares mapeados em 2024. As áreas mapeadas com arroz passaram de 390 mil hectares em 1985 para 1,1 milhão de hectares mapeados em 2024. No caso de citros, o aumento foi de 100 mil hectares, em 1985, para 400 mil em 2024. Dendê também teve um aumento expressivo, passando de 10 mil hectares mapeados em 1985 para 240 mil hectares em 2024, sendo este crescimento concentrado no estado do Pará. As áreas ocupadas com silvicultura passaram de 1,56 milhão de hectares em 1985 para 9 milhões de hectares em 2024.

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