Marchió: arranjo pecuária-floresta pode ser adaptado a áreas de qualquer tamanho

Embora o mercado não esteja oferecendo diferencial de remuneração para o gado sustentável, a sociedade exige sustentabilidade nos negócios.

Rio, 3 – Os sistemas pecuária-floresta entregam mais valor aos proprietários que as fazendas convencionais e podem ser adaptados a propriedades de qualquer tamanho, disse há pouco o consultor William Marchió, especialista em agropecuária e sustentabilidade, no debate “Agropecuária Sustentável: Caminhos para a Produção de Baixo Carbono e Preservação Ambiental”, no Rio+Agro, realizado no Rio de Janeiro.

“O produtor não recebe a mais por a carne ser mais sustentável – apenas pela rastreabilidade entrega mais valor, mas pouco, que nem sempre cobre a implementação da tecnologia”, disse Marchió. “Mas os arranjos mistos são mais rentáveis que a produção convencional porque há sinergia entre diferentes fatores, e o rebanho e as culturas produzem 15%, 20% a mais.”

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Embora o mercado não esteja oferecendo diferencial de remuneração para o gado sustentável, a sociedade exige sustentabilidade nos negócios. “A sociedade demanda que a gente escancare a sustentabilidade”, disse Marchió. “Precisamos mostrar ao mundo como somos sustentáveis. O nosso diálogo com o consumidor urbano e o com estrangeiro precisa melhorar. Precisamos alardear mais, falar mais, estabelecer essa comunicação com mais ênfase.”

Além disso, no País, o grande desafio é converter áreas de pastagens – não necessariamente degradadas – em áreas altamente produtivas, sem a necessidade de desmatar nem uma árvore, disse o consultor. Para ele, é preciso fortalecer sistemas que capturam carbono, e está equivocada a ideia de que se abster de comer carne é mais sustentável.

O diretor executivo de Tecnologia da Caravan Tech, Fabian Molinengo, concordou: “É preciso alimentar o mundo. É possível cuidar do planeta e ao mesmo tempo gerar comida de qualidade”, afirmou, frisando que os sistemas produtivos não precisam gerar sofrimento aos animais em confinamento.

Molinengo explicou ainda que a rastreabilidade efetiva de rebanhos pode apoiar contratos futuros de boi, que fixam os preços.

A repórter Isadora Duarte, do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), mediou o debate.

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