Mesmo capim, resultados diferentes

Com a escolha correta do capim, conseguimos vários benefícios, como: adaptar a planta forrageira ao clima e ao solo da região.

escolha do tipo de capim que será estabelecido na pastagem é um passo importante, mas, por si só, não é suficiente para o sucesso com a produção animal a pasto.

Com a escolha correta do capim, conseguimos vários benefícios, como: adaptar a planta forrageira ao clima e ao solo da região; influenciar a produção de forragem e a qualidade da forragem produzida; e evitar problemas com doenças e insetos-praga.

Mas, após escolher o tipo de capim a ser usado, ainda é necessário fazer o controle rigoroso do pasto e dos animais em pastejo, o que, na prática, tem sido conseguido com o controle da altura do pasto.

A altura do pasto é uma característica de medição fácil, rápida, barata e que tem alto impacto na produção do capim e também no desempenho dos animais em pastejo. Por sua vez, para controlar a altura do pasto, torna-se necessário realizar o ajuste da taxa de lotação na pastagem.

Em função da importância da altura do pasto sobre as respostas de plantas e dos animais em pastejo, seu controle é tão ou mais importante do que a escolha do capim.

De fato, duas pastagens semelhantes, contendo o mesmo capim e sob o mesmo método de lotação (“pastejo contínuo” ou pastejo rotativo), podem ter resultados de produtividade animal totalmente diferentes, caso os pastos delas sejam manejados com diferentes alturas.

Sempre comento com meus alunos que, da mesma forma que “quem faz o empregado é o patrão”, “quem faz o capim é o pecuarista”.

Com essa analogia, procuro reforçar que o resultado de produção animal obtido com o uso de um determinado capim no sistema pastoril não é consequência apenas da genética desse capim, mas também é resultado, principalmente, da forma como o capim é manejado pelo homem.

A conscientização desse fato por parte do pecuarista é importante, porque o faz assumir a responsabilidade sobre os resultados a serem obtidos em seu sistema de produção, ao invés de simplesmente colocar a culpa no capim, quando os resultados forem ruins.

Tendo em mente essas verdades, a seguir irei apresentar um exemplo para que você perceba que um mesmo capim (mesma genética de planta forrageira) apresenta resultados produtivos totalmente diferentes sob pastejo rotativo, caso a altura em que o pasto é manejado seja alterada.

Vejamos um exemplo com o capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça). Num trabalho de pesquisa2 realizado em Pinhais/PR, este capim foi manejado sob pastejo rotativo, com adubação nitrogenada de 200 kg/ha de N e com período de ocupação de 3 dias.

Nesta pesquisa, o capim-mombaça foi submetido a dois tipos de manejo. Em um deles, a altura do pasto no momento em que os animais entravam no piquete para iniciar o período de ocupação foi de 90 cm. Essa altura é chamada de pré-pastejo. Já no outro tipo de manejo do pastejo, os animais entraram nos piquetes quando o pasto alcançava 140 cm de altura.

Os pesquisadores avaliaram a produção de leite de vacas da raça Holandesa durante o verão. Essas vacas consumiram apenas o pasto mais o sal mineral.

Eles verificaram que o aumento da altura do pasto na condição de pré-pastejo, de 90 cm para 140 cm, resultou em redução de 28% na produção diária de leite das vacas (Tabela 1).

Tabela 1 – Produção diária de leite (kg/vaca.dia) em pastagens com capim-mombaça pastejado com 90 ou 140 cm de altura pré-pastejo em lotação intermitente2

tabela redução de produção de leite

Então, pode-se afirmar que o pasto de capim-mombaça com 140 cm em pré-pastejo teve pior qualidade, pois resultou em menor desempenho animal. 

Por outro lado, o pasto de capim-mombaça com 90 cm permitiu que as vacas expressassem maior resposta em termos de desempenho. Por essa razão, esse pasto pode ser classificado como de melhor qualidade.

Observa-se, com esse trabalho de pesquisa, que quem faz a qualidade de um determinado pasto é o homem, através do manejo do pastejo.

Realmente, como vimos, a genética do capim-mombaça foi expressa de modos diferentes, em função do ambiente de manejo do pastejo ao qual a planta estava submetida. Com base nesse exemplo, espero que você tenha compreendido, sem sombra de dúvidas, a importância de se controlar a altura do pasto, de modo a melhorar o desempenho dos animais em pastejo.

Fonte: MilkPoint
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