MG reivindica medidas para reduzir importações de leite

O agro mineiro exporta, atualmente, para mais de 170 países e somos líderes, por exemplo, no fornecimento de café e carnes para o mundo.

O leite é alimento básico para a população, além de ser um dos produtos mais consumidos no mundo. A pecuária leiteira, uma das atividades mais tradicionais e importantes para a segurança alimentar do Brasil, está presente em 99% dos municípios, gerando emprego e renda para milhares de famílias.

No país, são produzidos formalmente 24 bilhões de litros de leite por ano, e Minas Gerais ocupa 27% dessa fatia. No estado são 216 mil fazendas, entre pequenas e médias em sua maioria, e mais de mil indústrias de laticínios.

Esse setor, com tamanha representatividade, está enfrentando dificuldades que podem acarretar impactos econômicos e sociais em médio e longo prazos, pelo forte aumento do custo de produção registrado a partir de 2020 e, especialmente, pela elevação desenfreada das importações.

Somente em maio deste ano, o volume importado triplicou, chegando a um patamar histórico de 10% do consumo de leite do Brasil. Isso tornou-se uma alta tendência, levando a um falso incremento de leite e derivados no mercado, sem perspectivas concretas de evolução do consumo.

Justo comércio internacional

Antes de explicitar mais claramente os danos que esses números podem causar à cadeia produtiva, é preciso deixar claro que somos amplamente favoráveis ao livre comércio. O agro mineiro exporta, atualmente, para mais de 170 países e somos líderes, por exemplo, no fornecimento de café e carnes para o mundo. Também importamos insumos que são fundamentais para a nossa atividade, como os fertilizantes. Portanto, não somos contra as importações.

O que reivindicamos, no caso do leite, é o estabelecimento de um justo comércio internacional, que não coloque em risco a perenidade da nossa pecuária leiteira, fonte de subsistência para milhares de produtores rurais que se dedicam a ela. 

Se em curto prazo as importações aparentam ser solução para abastecer o mercado interno e favorecerem o consumidor com produtos mais baratos do que os nacionais, com o passar do tempo o cenário poderá agravar-se drasticamente. A redução da margem de lucro do produtor de leite brasileiro, que não tem subsídios e convive com altos custos de produção, poderá levá-lo ao abandono da atividade leiteira e consequentemente comprometer a capacidade de produção nacional. Além disso, pode aumentar a ociosidade e a instabilidade da indústria de lácteos.

Riscos ao consumidor

Há, também, o risco de desabastecimento e aumento da inflação ao consumidor. Com a cadeia produtiva esfacelada, ficaremos cada vez mais dependentes de produtos importados. De acordo com o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite do Sistema Faemg Senar, Jonadan Ma, o quadro atual gera incertezas quanto ao crescimento da nossa pecuária leiteira.

Enquanto a produção nacional recua em volume de leite, mais produtores deixam a atividade. Já na Argentina, país do qual o Brasil mais importa leite, a produção acumula mais de 8% de crescimento desde 2020. Ou seja, estamos fortalecendo outros países, enquanto o nosso está cada vez mais enfraquecido.

É preciso que o Governo Federal olhe para a situação e tome providências urgentes. Lutamos pela defesa da pecuária leiteira nacional por meio de um livre mercado leal, baseado em regras bem estabelecidas. Desestruturar uma cadeia produtiva tão capilarizada no Brasil é comprometer o enfrentamento da fome no país. É desalojar o pequeno e o médio produtor, que não terão como bancar o seu empreendimento. É desempregar e aumentar o êxodo rural. A situação é séria e necessita de celeridade.

Queremos medidas que possibilitem equilíbrio e isonomia nas relações de exportação e importação entre os países, sem ultrapassar os limites de segurança para a nossa produção interna.

Por Antônio Pitangui de Salvo, engenheiro agrônomo e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais.

Fonte: O Tempo

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