
Recuo no preço do milho maior que os movimentos dos produtos processados sustentou a margem das indústrias de etanol de milho.
A colheita da safra brasileira de milho 2024/25 está atrasada. Com uma janela de semeadura tardia e precipitações fora de época (março/abril) nas principais praças produtoras, o desenvolvimento da cultura se estendeu.
Até 2 de agosto, 75,2% da área semeada fora colhida. No ano passado, o índice de colheita era de 91,3% e, na média dos últimos cinco anos, era de 77,6%. Veja na tabela 1.
Tabela 1.
Progresso da colheita da segunda safra de milho no país.

Apesar do atraso, o desenvolvimento da cultura ocorreu em boas condições e se confirmado, a produtividade e produção, aumentarão, respectivamente, 11,6% e 14,3% em relação à safra passada, totalizando 131,9 milhões de toneladas – safra recorde (1ª, 2ª e 3ª safra).
O aumento da oferta tem pressionado os preços, que se encontram na mínima do ano. Acompanhe na figura 1.
Figura 1.
Preço do milho, em R$/saca, em diferentes regiões do Brasil.

O preço médio, em R$/saca, em julho de 2025, apesar da queda desde o início do ano, é maior do que há um ano.
Apesar disto, os principais consumidores viram uma melhora no poder de compra, com a cotação de seus produtos tendo maior valorização (ou menor depreciação) na base anual ou semestral, fato que melhorou a margem das operações. Veja na tabela 2.
Tabela 2.
Preço de diferentes commodities que utilizam o milho ou derivam dele, sua variação (%) mensal, semestral e anual. Produto jul-25(A) Há seis meses(B) Há um ano(C) A/B (%) A/C (%) Milho,R$/saca R$ 46,30 R$ 64,78 R$ 42,26 -28,5% 9,6% Frango resfriado*,R$/kg R$ 6,64 R$ 7,91 R$ 6,23 -16,0% 6,5% Carcaça especial suína*,R$/kg R$ 12,33 R$ 11,88 R$ 11,56 3,8% 6,6% Boi gordo**,R$/@ R$ 295,51 R$ 308,03 R$ 205,40 -4,1% 43,9% DDG ou DDGS, 30% de PB,R$/t R$ 1.143,64 R$ 1.120,68 R$ 1.105,93 2,0% 3,4% Óleo de milho,R$/kg R$ 5.710,28 R$ 5.210,49 4560,5 9,6% 25,2% Etanol hidratado,R$/l R$ 3,23 R$ 3,29 R$ 3,07 -1,9% 5,2%
**média de preços entre as praças de Mato Grosso, considerando o preço a prazo e livre de impostos.
Fonte: Scot Consultoria, CEPEA
Produção de etanol e a margem bruta de processamento (MDP) das usinas
A produção de etanol de milho no Brasil ganhou relevância de 2020 para cá.
Adiante, analisaremos a margem da operação em 2025, que, com a queda do preço do milho, está em seu melhor nível.
O etanol não é a única fonte de receita das usinas. Os coprodutos (ou produtos) do processamento tem relevância na margem bruta, sendo os grãos secos de destilaria (DDG/DDGS) e o óleo de milho os mais relevantes – a levedura do processo de fermentação e outros produtos também podem ser aproveitados, mas, aqui, focaremos nesta tríade: etanol, DDG/DDGS e óleo de milho.
Segundo dados da UNEM (União Nacional do Etanol de Milho), uma tonelada de milho processada produz, aproximadamente, 440 litros de etanol, 212kg de DDG/DDGS e 19kg de óleo de milho.
Partimos destas premissas para calcular a margem bruta de processamento (MBP) das usinas de etanol de milho.
Ressaltamos, porém, que agentes do setor indicam que o rendimento, em função da otimização dos processos industriais, pode ser maior do que as médias apontadas pela Unem.
Para o DDG/DDGS, por exemplo, há a indicação de que até 290kg por tonelada possam ser produzidas. Já para o óleo, o rendimento pode oscilar entre 17 e 22kg/t.
Estimamos que, com a queda no preço do milho e maior firmeza no preço dos coprodutos, conforme apresentado na tabela 2, a margem bruta do processamento (MDP) está em seu melhor nível em 2025 – R$463,00/t, em Mato Grosso e, R$451,00/t, em Goiás. Acompanhe na figura 2.
Figura 2.
Margem bruta de processamento (MDP), em R$/t, das usinas de etanol de milho.

A margem não considera os custos operacionais, mas serve como um indicador da saúde momentânea da indústria.
Com a colheita ainda em andamento e uma boa oferta adiante, a expectativa é de que os preços do milho trabalhem entre estabilidade ou queda no curto prazo.
Do lado dos coprodutos, o aumento do teor de participação do etanol na gasolina (E30) e do biodiesel no diesel (B15), iniciado em agosto, deverá estimular a demanda interna por etanol e óleo – de soja ou derivados – contribuindo com preços sustentados.
Para o DDG/DDGs, a antecipação de vendas no início do ano (as programações de entrega pelos fornecedores já datam outubro/25), colabora para que a indústria tenha pouco produto no mercado físico e, o que se faz necessário vender, manter os preços firmes.
Fonte: Scot Consultoria
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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