Touro de destaque da seleção CV Nelore Mocho, criado por Carlos Viacava, Comodoro de CV deixou um legado permanente na genética de corte brasileira.
A pecuária de corte brasileira está de luto: faleceu nesta quarta-feira, 10 de dezembro, o touro Comodoro de CV, pertencente ao criatório CV Nelore Mocho, de Carlos Viacava. A notícia foi confirmada pelo próprio seleto criatório, que externou profundo pesar pela perda de um animal cuja relevância transcende um simples reprodutor: Comodoro foi — por muitos anos — referência de robustez, eficiência genética e de produtividade para todo o segmento de Nelore Mocho no país.
A trajetória de Comodoro de CV
Desde a fundação da seleção CV Nelore Mocho, em 1986, o criatório buscou consolidar um plantel de alta qualidade genética e adaptabilidade para o mercado de corte. Comodoro de CV, registrado como CVCV 19331, nasceu em 22 de agosto de 2016 — produto direto da linhagem REM Armador × WACA de CV.
Conhecido por imprimir em sua progênie características altamente desejadas — como musculatura bem preenchida, conformação equilibrada de carcaça e excelente desempenho em ganho de peso —, Comodoro era um reprodutor que atendia às demandas técnicas mais rigorosas da pecuária de corte. Além disso, o criatório destacou sua capacidade de transmitir longevidade às fêmeas, precocidade sexual e boa aptidão materna — atributos essenciais para sustentabilidade econômica e genética de rebanhos.
Comodoro não era apenas um touro de destaque: ele integrava um seleto grupo de reprodutores da marca que receberam o “selo de fertilidade”, reconhecimento de sua performance genética, fertilidade e impacto positivo na produção. Sua genética era amplamente utilizada por criadores e centrais de inseminação de todo o Brasil, o que reforça a importância de seu legado: cada dose de sêmen ou cada descendente representava a propagação de genética de elite que já vinha moldando rebanhos de corte eficientes há décadas.
O peso do legado e a contribuição para a pecuária nacional
A perda de Comodoro de CV é sentida não apenas pelo criatório, mas por toda a cadeia produtiva da pecuária de corte. Ele foi peça-chave na consolidação da marca CV como uma referência dominante em Nelore Mocho no Brasil. Muitos criadores que buscavam união entre rusticidade, precocidade e conformação de carcaça voltaram seus olhos para reprodutores como Comodoro e sua progênie — confiando na promessa de produtividade e retorno econômico.
Além disso, a seleção da CV há décadas contribui com melhoria genética consistente. Em um mercado tão competitivo e exigente, animais como Comodoro tornaram-se “carimbos de qualidade”: eles ajudaram a elevar os padrões da pecuária brasileira, influenciando decisões de cria, recria e terminação, e garantindo carne de boa conformação, peso e valor no mercado.
Repercussão para criadores, centrais e futuros rebanhos
Para os criadores que já utilizavam sua genética — ou tinham descendentes — a notícia gera apreensão: Comodoro não poderá mais contribuir diretamente com sêmen ou novos acasalamentos. Entretanto, seu legado permanece vivo por meio dos inúmeros descendentes e da difusão de sua genética, o que assegura que sua influência genômica continue.
Para centrais de inseminação e melhoramento genético, a perda representa um vazio técnico e simbólico. Comodoro era um reprodutor que combinava diversos atributos valiosos: fertilidade, conformação, ganho de peso, rendimento de carcaça e origem de linhagem consolidada. Substituí-lo não será tarefa trivial — e o mercado certamente observará com atenção quais serão os touros da próxima safra que poderão, de alguma forma, herdar esse papel de destaque.
Para o setor como um todo, a morte de Comodoro reforça a importância de preservação e registro cuidadoso de genética de elite. Ele deixa claro que, mesmo em seleções consagradas, há perdas que sobressaem — e que valorizam ainda mais a busca por qualidade, consistência e planejamento genético nos rebanhos.
Homenagem a um ícone da raça Nelore Mocho
O criatório CV Nelore Mocho já manifestou publicamente seu pesar e reconheceu oficialmente o “legado inestimável” de Comodoro de CV, saudando a contribuição do animal para o avanço genético da pecuária nacional. A homenagem reverbera entre criadores, técnicos, inseminadores e pecuaristas de todas as regiões do Brasil — que perderam não apenas um reprodutor, mas um símbolo de excelência da Nelore Mocho.
Em tempos em que produtividade, eficiência e qualidade genética definem quem se destaca na pecuária de corte, Comodoro de CV será lembrado como um pilar de referência — uma base sólida que ajudou a erguer rebanhos mais robustos, produtivos e competitivos.
A morte de Comodoro de CV representa uma perda irreparável — mas seu legado, sem dúvida, continuará vivo e influente nas pastagens, currais e fazendas de todo o país.
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