Cavalo Del Oeste Zorrino consagrado como Melhor Exemplar da FICCC e pai de gerações campeãs do cavalo Crioulo deixa legado inigualável na história da equinocultura
A morte de Del Oeste Zorrino, um dos mais icônicos cavalos da história da raça Crioula, marca o fim de um ciclo histórico na equinocultura sul-americana. O garanhão da Estância Liberdade, no Rio Grande do Sul, não foi apenas um campeão nas pistas, mas um divisor de águas na seleção genética e no avanço morfológico e funcional da raça no Brasil e na Argentina.
Um campeão entre os maiores campeões
Del Oeste Zorrino entrou para a história ao conquistar o título mais importante da raça: Grande Campeão e Melhor Exemplar da FICCC (Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos), feito que por si só o alçaria ao hall da fama do cavalo Crioulo. Porém, sua importância transcendeu troféus.
Zorrino alterou paradigmas da raça. Sua conformação morfológica, temperamento, andamento e expressão racial elevaram os critérios de julgamento e colocaram a régua num novo patamar. “Um cavalo perfeito como indivíduo”, descreveu Evaldo Rosa, da Estância Liberdade, ao se despedir do animal pelas redes sociais.
O feito histórico em Palermo
Se a trajetória de Zorrino já era notável, ela se tornou lendária em 2023, na pista da Rural de Palermo, na Argentina. Pela primeira vez na história, os cinco finalistas da disputa do Grande Campeonato da raça eram filhos do mesmo padrillo: todos descendentes diretos de Zorrino.
Esse feito, inédito e de rara magnitude, consolidou a linhagem do garanhão como uma das mais influentes da atualidade na América do Sul. E não por acaso: além de transmitir morfologia refinada, os filhos de Zorrino vêm apresentando grande desempenho funcional, comprovando o equilíbrio entre beleza e trabalho — uma das exigências fundamentais do cavalo Crioulo.
Uma linhagem que se multiplica no Brasil
Embora sua trajetória como reprodutor tenha ganhado projeção primeiro na Argentina, o Brasil começa agora a conhecer o verdadeiro impacto genético de Zorrino. Conforme informou a Estância Liberdade, a primeira geração de sua progênie está em doma no país, com potros e potras que já demonstram alta qualidade e fidelidade ao padrão racial do pai.
A expectativa no meio técnico é de que a linhagem de Zorrino influencie fortemente os rumos da seleção no Brasil, como já acontece nos plantéis de elite da Argentina e do Uruguai. O sangue de Zorrino, agora disperso em diversas cabanhas, promete pavimentar o caminho de uma nova geração de campeões.
Morre Del Oeste Zorrino mas deixa legado para além da genética
Mais do que títulos ou genética superior, Zorrino uniu continentes, cativou criadores e apaixonados pela raça e ajudou a consolidar laços entre Brasil, Argentina e Uruguai. “Por causa dele fizemos amigos que levaremos para toda a vida, além das fronteiras”, destacou Evaldo Rosa em sua homenagem.
A Estância Liberdade, responsável por trazer e promover o garanhão no Brasil, fez questão de ressaltar o impacto emocional e afetivo que Zorrino causou. “Por causa dele, temos a certeza de que o melhor e mais bonito sempre está por vir”, disse Rosa, resumindo o espírito que guiou a trajetória do cavalo.
A importância do cavalo Crioulo para o setor equino brasileiro
O cavalo Crioulo tem ganhado protagonismo crescente no setor equino brasileiro. Reconhecido por sua rusticidade, inteligência, docilidade e desempenho funcional, ele é o segundo cavalo mais criado no Brasil, atrás apenas do Quarto de Milha, e o principal nas provas de resistência, como a Freio de Ouro.
Com um mercado cada vez mais aquecido — movimentando mais de R$ 200 milhões anuais em leilões e eventos —, a raça se fortalece como importante ativo econômico e cultural no agronegócio brasileiro.
Morre Del Oeste Zorrino, a perda de um ícone que também representa a perenidade de sua linhagem. Seu legado segue vivo nos descendentes que já encantam as pistas e nos corações dos apaixonados pela raça Crioula em todo o continente.
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