Mudanças no manejo no fim de ano elevam risco de cólica equina

Alterações na alimentação, na rotina e até no clima tornam os meses de novembro e dezembro um período crítico em relação ao aumento de casosos de cólica equina; a prevenção e observação são fundamentais.

O período de fim de ano, marcado por feriados, viagens, mudanças na rotina das propriedades e variações climáticas, costuma acender um sinal de alerta nos haras, centros de treinamento e propriedades rurais. Entre novembro e dezembro, cresce de forma significativa o número de casos de cólica equina, uma das emergências veterinárias mais graves na clínica de equinos e que pode evoluir rapidamente para quadros fatais se não houver atendimento imediato.

A cólica equina é caracterizada por dor abdominal aguda, podendo ter diferentes origens — desde gases e espasmos até obstruções intestinais, impactações por areia, deslocamentos do intestino ou torções. Em comum, todos os quadros exigem diagnóstico rápido e intervenção veterinária imediata, já que o tempo é um fator decisivo para a sobrevivência do animal.

Por que o risco de cólica aumenta no fim de ano?

Veterinários e especialistas em manejo equino observam um pico recorrente de atendimentos por cólica nesse período, especialmente em cavalos estabulados ou com rotina mais controlada. Entre os principais fatores de risco estão:

Mudanças na alimentação

Alterações repentinas na dieta estão entre as causas mais frequentes de cólica. A redução da oferta de forragem de qualidade, seja por escassez de capim ou troca de feno, aliada ao aumento no fornecimento de ração concentrada, pode comprometer o funcionamento normal do trato digestivo do cavalo, que é extremamente sensível.

Redução da ingestão de água

Em regiões onde o fim de ano coincide com tempo seco e altas temperaturas, muitos cavalos passam a ingerir menos água do que o necessário. Essa diminuição favorece a desidratação do conteúdo intestinal, aumentando o risco de impactações — quando a ingesta seca forma verdadeiras “rolhas” no intestino.

Mudanças de manejo e estresse

A movimentação típica das festas, a presença de pessoas desconhecidas, sons diferentes, viagens dos proprietários e alterações na rotina do tratador podem gerar estresse e excitação excessiva nos animais. Esse cenário favorece a chamada cólica espasmódica, relacionada a alterações na motilidade intestinal.

Diminuição da atividade física

Com a pausa em treinos, passeios ou exercícios regulares, o cavalo pode ter o trânsito intestinal prejudicado, já que o movimento corporal ajuda a estimular a digestão e a eliminação de gases.

Embora a cólica seja imprevisível em muitos casos, o manejo correto reduz drasticamente os riscos. Especialistas reforçam que pequenas atitudes no dia a dia fazem grande diferença:

Manter a rotina

Mesmo durante feriados, é fundamental preservar horários regulares de alimentação, trato e exercícios. O sistema digestivo do cavalo responde melhor à previsibilidade.

Alimentação de qualidade e sem mudanças bruscas

Capim ou feno de boa procedência, livre de mofo e poeira, devem estar disponíveis ao longo do dia. Qualquer alteração na dieta deve ser feita de forma gradual, respeitando o tempo de adaptação do animal.

Hidratação constante

O acesso a água limpa, fresca e em quantidade suficiente é indispensável. Em dias mais quentes ou secos, vale redobrar a atenção e estimular o consumo hídrico.

Observação diária do animal

A proximidade com o cavalo permite identificar rapidamente mudanças sutis de comportamento, como apatia, inquietação ou perda de apetite — sinais que muitas vezes antecedem a cólica.

A cólica equina pode se instalar de forma rápida e silenciosa. Entre os principais sinais de alerta estão:

  • Desconforto abdominal e mudança de comportamento
  • Deitar e levantar repetidamente
  • Rolar no chão ou tentar se jogar
  • Falta de resposta a estímulos em quadros mais graves

Diante de qualquer suspeita, o médico veterinário deve ser acionado imediatamente. Até a chegada do profissional, algumas medidas podem ser adotadas com cautela:

  • Administrar analgésicos somente se houver orientação prévia do veterinário, como flunixin ou dipirona
  • Manter o cavalo caminhando de forma leve, evitando que ele role e sofra lesões internas
  • Nunca administrar medicamentos via nasal, laxantes ou receitas caseiras sem supervisão profissional

A cólica equina não é uma doença única, mas sim uma síndrome com múltiplas causas, quase sempre relacionadas ao manejo nutricional, hidratação, estresse ou parasitas. O tratamento pode envolver analgésicos, fluidoterapia intensa e, em casos mais graves, cirurgia.

Por isso, o recado dos especialistas é claro: prevenção, rotina e observação salvam vidas. No fim de ano, quando a atenção costuma se dividir entre compromissos e celebrações, o cuidado com os cavalos precisa ser ainda mais rigoroso para atravessar o período sem sustos — e sem perdas.

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