Mudanças no mercado internacional impulsionam sustentabilidade da pecuária brasileira

Evento da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável discute futuro do mercado para o produtor rural diante de exigências regulatórias e do cenário pós-COP 30.

Poucos dias após o encerramento da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP 30), realizada em Belém entre 10 e 22 de novembro, e às vésperas da entrada em vigor da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), a pecuária brasileira se vê diante de um cenário que combina desafios e novas oportunidades.

Com o objetivo de discutir como as mudanças no mercado internacional — impulsionadas pelos desdobramentos da COP 30 e por novas exigências vindas da Europa, China e outros países importadores — têm impactado a competitividade e o acesso a mercados da produção pecuária, ao mesmo tempo em que abrem espaço para oportunidades econômicas, a Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável realizou, na tarde de quinta-feira (2), o terceiro Diálogo Inclusivo de 2025.

Sob o tema “O Futuro do Mercado para o Produtor Rural: Impactos Econômicos de Exigências Globais”, o encontro reuniu representantes de diferentes elos da cadeia da carne para analisar como as transformações regulatórias internacionais podem refletir no desempenho do produtor, quais são as perspectivas práticas de adaptação e de que forma o setor pode responder produtivamente, identificando novas oportunidades econômicas.

O Diálogo Inclusivo foi promovido em parceria com a Fundação Solidaridad, associada da Mesa Brasileira, e integra o Projeto SAFE, que compõe a Iniciativa Team Europe sobre Cadeias de Valor Livres de Desmatamento, financiada principalmente pela União Europeia, Alemanha, Países Baixos e França, além de outros Estados-membros da UE.

Painéis temáticos

O evento contou com dois painéis temáticos. O primeiro, intitulado “Pós-COP 30 e EUDR: Como o cenário global influencia o produtor?”, mostrou como o agronegócio brasileiro vem se posicionando diante dos desafios e compromissos climáticos globais — com metas de redução de emissões, políticas de combate ao desmatamento e recuperação de pastagens, por exemplo — e como as novas exigências regulatórias estão sendo acompanhadas por instrumentos viáveis de implementação no campo.

Participaram deste painel Fernando Sampaio, então diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Laurent Micol, diretor de Novos Negócios e Carbono na Caaporã, Paulo Lima, gerente de programas da Fundação Solidaridad e Paulo Costa, Head de Pecuária da Produzindo Certo.

“Depois da COP 30 podemos olhar e dizer que a pecuária brasileira está no caminho da sustentabilidade. Nós temos condições de cumprir com as exigências que virão e ir além. É preciso, no entanto, mobilização de todos os envolvidos na cadeia […] para que possamos escalonar os resultados positivos que já temos”, diz Ana Doralina Menezes, presidente da Mesa Brasileira.

O segundo painel foi intitulado “O futuro do mercado para o produtor rural – Quais impactos econômicos para o campo?”. Nele, os participantes discutiram se o mercado está preparado para remunerar práticas sustentáveis no campo e em que medida tais práticas podem gerar retornos econômicos ao produtor.

Participaram deste painel Guilherme Bastos, secretário de Política Agrícola da FGV, Ana Doralina Menezes, presidente da MBPS, Guilherme Galvani, gerente do Banco do Brasil e Lisandro Inakake, gerente de projetos do Imaflora.

“A Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável é o espaço onde todos os elos da cadeia da carne podem debater e trabalhar conjuntamente […] na construção de um futuro mais sustentável e promissor para a pecuária brasileira“, finaliza Ana Doralina Menezes.

O que é a EUDR

EUDR é a sigla para European Union Deforestation-Free Regulation, ou Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento. É uma nova lei que, segundo a UE, visa combater o desmatamento global ao banir a importação de produtos agropecuários ligados à destruição da vegetação nativa. A norma estava prevista para entrar em vigor em dezembro de 2025 para grandes empresas e em junho de 2026 para micro e pequenas. Um adiamento aprovado no Parlamento Europeu postergou a vigência em um ano.

Pecuária na COP 30

A intersecção entre clima e natureza esteve presente em vários espaços de Belém, dentro e fora da COP 30. No âmbito negocial, discussões sobre mercado de carbono e descarbonização dialogaram diretamente com as atividades do setor pecuário. Na Agenda de Ação, diferentes soluções sustentáveis para a agricultura tropical foram apresentadas. Estudo realizado pela FGV e Abiec mostra que a pecuária moderna brasileira pode reduzir 79,9% de suas emissões até 2050.

A íntegra do terceiro Diálogo Inclusivo de 2025 está disponível no Canal da MBPS no Youtube. Assista agora!

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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