Presente em mesas de diversos países, o peru percorreu séculos de história até se tornar o prato mais emblemático do Natal.
Muito antes de o peru ocupar lugar de destaque nas ceias natalinas, as celebrações de Natal na Europa eram marcadas por banquetes abundantes, compostos por boi, porco, carneiro, aves silvestres e peixes, como mostra o registro histórico da ceia do bispo Richard Mitford, em 1406, na Inglaterra. Naquele período, o peru sequer era conhecido no Velho Continente.
A ave que hoje simboliza o Natal não é originária do país Peru, mas sim do México, onde era criada e consumida por povos originários, como os astecas. O peru (Meleagris gallopavo) tinha relevância cultural e religiosa, chegando a ser associado a uma divindade, Chalchiutotolin, o “deus peru”. Os registros históricos indicam que o animal era preparado com temperos locais, como pimentas e vegetais.
O contato europeu com o peru ocorreu em 1519, quando os espanhóis chegaram à antiga capital asteca, Tenochtitlán. Foi o conquistador Hernán Cortés quem levou os primeiros exemplares para a Europa. Inicialmente vistos como aves exóticas de grande porte, os perus rapidamente passaram a integrar as mesas da nobreza espanhola e, posteriormente, de outros países.
Na Inglaterra, o peru chegou por volta de 1541 e passou a ser associado às refeições festivas. Durante o século 16, começou a aparecer nas ceias de Natal, dividindo espaço com o tradicional ganso, que aos poucos perdeu protagonismo. Escritos da época já citavam o peru como parte do cardápio natalino das classes mais altas.
Prato típico
A consolidação do peru como prato típico do Natal ocorreu especialmente a partir do século 19, durante o período vitoriano, quando a família real britânica ajudou a difundir costumes natalinos que permanecem até hoje. Ainda assim, por muito tempo, o consumo do peru permaneceu restrito às classes mais abastadas.
Somente após a Segunda Guerra Mundial, com a modernização da produção agropecuária, a criação do peru se tornou mais acessível. A partir daí, a ave passou a integrar a ceia de famílias comuns, consolidando-se como símbolo de fartura e celebração. O costume se espalhou pelas Américas e por outros continentes, tornando o peru um dos pratos mais tradicionais do Natal — e, nos Estados Unidos, também do Dia de Ação de Graças.
Hoje, o peru representa mais do que uma escolha gastronômica: é o resultado de séculos de história, trocas culturais e transformações sociais, que transformaram uma ave nativa das Américas em um ícone global das festas de fim de ano.
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