Comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 decidiu reduzir o consumo de proteína animal, priorizando frutas, legumes e proteínas vegetais nas refeições dos atletas e do público. Mas parece que a “guerra contra o boi” foi perdida antes de começar
Atletas do mundo todo têm reclamado da falta de proteínas no refeitório da Vila dos Atletas em Paris. O motivo é simples de ser entendido, o mundo declarou “guerra contra o boi”. Em uma iniciativa voltada para promover uma alimentação mais saudável e sustentável, o comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 optou por reduzir o consumo de proteína animal, priorizando frutas, legumes e proteínas vegetais nas refeições dos atletas e do público. Essa mudança gerou um debate intenso sobre a eficácia dessa estratégia em termos de sustentabilidade, especialmente quando comparada com as práticas de pecuária regenerativa no Brasil.
Os produtores rurais brasileiros têm investido significativamente em tecnologia e inovação para tornar a pecuária cada vez mais sustentável. Sistemas integrados de produção, manejo de pasto, rotação de culturas, plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta são práticas comuns no Brasil que ajudam a descarbonizar o uso da terra. A pecuária brasileira adota rotinas que preservam áreas permanentes e melhoram a gestão ambiental.
Especialistas destacam que o metano, frequentemente apontado como vilão do aquecimento global, tem um ciclo biogênico diferente do CO2. Enquanto o CO2 pode permanecer na atmosfera por séculos, o metano se decompõe e é reabsorvido em cerca de uma década, transformando-se em CO2 e água. Essa absorção é parte de um ciclo natural, onde os bovinos atuam como filtros naturais ajudando a controlar os níveis de CO2.
Além de mudar a dieta dos atletas, o Comitê Olímpico de Paris 2024 implementou medidas para reduzir o desperdício de alimentos, diminuir o uso de plásticos descartáveis e incentivar o consumo de produtos locais e sazonais. A meta é alcançar uma pegada de carbono de 1 kg de CO2 por refeição, metade da pegada observada em edições anteriores. Estima-se que 13 milhões de refeições serão servidas durante o evento, reunindo 15.000 atletas de 208 países e territórios.
A decisão de reduzir o consumo de carne nos Jogos Olímpicos suscitou debates sobre a sustentabilidade da pecuária. No Brasil, a pecuária é vista como uma atividade sustentável que protege o meio ambiente. A eliminação do metano pelos animais, um processo fermentativo natural, pode ser otimizada para reduzir emissões e melhorar a eficiência energética dos animais.
“A ‘guerra contra o boi’ pode ser um erro estratégico quando se confunde metano com CO2“, afirmam os especialistas. A pecuária brasileira está na vanguarda da sustentabilidade, demonstrando que é possível produzir carne de forma ambientalmente responsável. A resposta dos produtores rurais brasileiros é clara: a pecuária pode coexistir com práticas sustentáveis e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.
“A ‘guerra contra o boi’ pode ser um erro estratégico quando se confunde metano com CO2”, afirmam os especialistas.

Enquanto isso, atletas de todo o mundo têm reclamado da falta de proteínas no refeitório da Vila dos Atletas em Paris. Os brasileiros, entretanto, têm sido socorridos pelo restaurante montado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em sua base em Saint-Ouen, próximo à vila. “Por isso que nós trouxemos a nossa comida brasileira, né?”, comentou o presidente do COB, Paulo Wanderley. “Está todo mundo indo comer lá no Chateau, está muito bom nesse sentido”.
O tema da falta de proteínas na Vila Olímpica foi explorado pela imprensa europeia. Andy Anson, presidente-executivo do comitê olímpico britânico, disse ao The Times que “não há o suficiente de certos alimentos: ovos, frango, certos carboidratos. E tem também a qualidade da comida, com carne crua sendo servida aos atletas. Eles precisam melhorar isso dramaticamente nos próximos dias”.
A falta de proteína é apenas um dos problemas enfrentados pela organização dos Jogos. O transporte também foi criticado, com skatistas de elite do Brasil, Japão e Austrália sendo deixadas sem ônibus após um treino. As brasileiras tiveram que voltar de táxi para a vila. “Todos os chefes de missão têm uma reunião diária com o comitê organizador e isso foi motivo de atenção nossa para eles”, reconheceu Paulo Wanderley.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 não apenas reúnem atletas de todo o mundo, mas também trazem uma agenda ambiciosa [ou melhor, uma agenda anti-carne] em termos de sustentabilidade e alimentação. Entre os objetivos mais destacados está a redução significativa da presença de carne nas refeições servidas durante o evento, utilizando o argumento de que a carne é uma ameaça ambiental.
Entre os objetivos mais destacados está a redução significativa da presença de carne nas refeições servidas durante o evento, utilizando o argumento de que a carne é uma ameaça ambiental.

A principal justificativa para essa mudança é a preocupação com as emissões de carbono. A organização dos Jogos estabeleceu a meta de limitar as emissões geradas em cada refeição para 1 kg de CO2, metade da pegada de carbono das edições anteriores. Para atingir esse objetivo, haverá uma redução no consumo de proteínas animais e um aumento na oferta de vegetais, frutas e carnes vegetais.
No entanto, essa abordagem não está isenta de críticas. Maurício Nogueira, diretor da consultoria em pecuária Athenagro, argumenta que a pecuária também desempenha um papel importante na remoção de CO2 do sistema, através da manutenção de pastagens. Estudos sugerem que as pastagens podem absorver mais carbono do que as emissões produzidas pelo gado. Portanto, a demonização da proteína animal pode ser uma visão simplista e incompleta do problema.
Além disso, há preocupações sobre a acessibilidade e o impacto social dessa mudança. O professor Daniel Vargas, da FGV, aponta que o foco na redução da proteína animal pode refletir mais um modismo alimentar do que uma abordagem verdadeiramente sustentável. Enquanto os consumidores de alta renda na França podem ter acesso a uma variedade de alternativas de proteína, grande parte da população mundial ainda luta contra a fome e a subnutrição. Reduzir a oferta de proteína animal pode não ser viável para todos os grupos sociais.

Os Jogos Olímpicos são um símbolo de paz e união entre os povos, mas também podem servir como uma plataforma para transmitir mensagens importantes sobre questões globais, como a sustentabilidade. No entanto, é essencial que essas mensagens sejam fundamentadas em evidências sólidas e considerem os impactos sociais e econômicos de suas ações.
Portanto, a decisão de reduzir a oferta de proteína animal nas refeições dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 renderá uma diversidade de discussões. É importante que essa decisão seja acompanhada por uma análise cuidadosa de seus efeitos, tanto ambientais quanto sociais, considerando todas as perspectivas relevantes. Afinal, enquanto é crucial reduzir as emissões de carbono, também é vital garantir que todas as pessoas tenham acesso a uma alimentação saudável e nutritiva.
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