O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que o fenômeno deve atingir mais de 50 cidades durante a madrugada
Um raro fenômeno voltou a chamar a atenção dos brasileiros: a neve. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para o Sul do país após registros do primeiro episódio do ano, um evento que, apesar de não ser inédito, continua sendo pouco frequente no território nacional. Mas o que exatamente causou essa mudança brusca no clima? E onde, de fato, a neve foi registrada?
O que explica a ocorrência de neve?
De acordo com a Climatempo, a combinação de três fatores meteorológicos foi decisiva para o cenário gelado que tomou conta da região Sul nesta quinta-feira (29). Um ciclone extratropical se formou no litoral do Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo em que uma frente fria avançava pela área, carregando umidade do oceano para o interior. Isso criou um ambiente propício para nuvens carregadas nas áreas de maior altitude.
Somando-se a isso, uma forte massa de ar polar derrubou drasticamente as temperaturas. Em algumas localidades, os termômetros marcaram até 5 °C a menos do que o normal. Essa união entre ar gelado e alta umidade cria o contexto ideal para a formação de neve e outras precipitações invernais, como a chuva congelada e o sleet, conhecido também como granizo leve.
Segundo o boletim meteorológico, para que a neve ocorra, é necessário que as temperaturas estejam abaixo de 0 °C desde a base das nuvens até o solo. Sem isso, os flocos acabam derretendo antes de tocar o chão. A umidade é igualmente essencial para a geração de cristais de gelo.
Por que é tão raro nevar no Brasil?
O meteorologista Celso Luís de Oliveira Filho, da Safira Energia, explica que o Brasil, por estar quase totalmente entre os trópicos, possui um clima naturalmente mais quente. Por isso, a neve costuma aparecer apenas em áreas de altitude elevada e sob condições climáticas muito específicas.
Essas condições são mais comuns na Serra Catarinense e na Serra Gaúcha, onde a junção de relevo elevado, umidade e a presença de massas de ar frio favorece esse tipo de fenômeno. Algumas das cidades mais propensas à ocorrência de neve no Brasil incluem:
- São Joaquim (SC)
- Urubici (SC)
- Urupema (SC)
- Bom Jardim da Serra (SC)
- Cambará do Sul (RS)
- São José dos Ausentes (RS)
- Gramado e Canela (RS)
Onde nevou nesta quinta-feira?
A primeira ocorrência de neve de 2025 foi registrada logo ao amanhecer desta quinta (29), com flocos aparecendo em várias cidades da região dos Campos de Cima da Serra, no Rio Grande do Sul. Municípios como São José dos Ausentes, Bom Jesus e Cambará do Sul foram os primeiros a relatar o fenômeno, segundo informações da MetSul Meteorologia.
Já em Santa Catarina, a Defesa Civil confirmou que ao menos quatro cidades observaram neve: Urupema, Urubici, São Joaquim e Bom Jardim da Serra. Durante a madrugada, os termômetros em Urupema chegaram a -1 °C. Em São Joaquim, foi registrada uma leve neve com flocos visíveis, mas sem acúmulo, já que a temperatura estava por volta de 1 °C.
Há previsão de mais neve?
A previsão indica que sim. Um ciclone extratropical deve continuar atuando nesta quinta-feira (29), provocando ventos fortes e novas áreas de instabilidade, especialmente no entorno da Lagoa dos Patos, em Porto Alegre, no sul da região metropolitana, e na faixa costeira entre São José do Norte e o litoral norte gaúcho.
Segundo a meteorologista Estael Sias, há possibilidade média a alta de novos episódios de neve em altitudes superiores a 1000 metros, tanto no planalto sul catarinense quanto nos Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul. Também existe uma chance, ainda que menor, de ocorrência no planalto de Palmas (PR), planalto norte catarinense e na serra gaúcha.
A madrugada de sexta-feira (30) promete ser ainda mais fria. A Defesa Civil de Santa Catarina alerta para temperaturas abaixo de 0 °C, com risco de geadas nos planaltos e no oeste do estado. O meteorologista Willians Bini reforça que esta deve ser a onda de frio mais intensa registrada no ano até o momento.
E o inverno ainda nem começou
Com o início oficial do inverno marcado para o dia 21 de junho, novas ondas de frio não estão descartadas. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem enfrentar mais dias com temperaturas negativas, condição que pode favorecer tanto a formação de geadas quanto de novas precipitações de neve.
Nas demais regiões do país, o cenário é bem diferente. No Sudeste e Centro-Oeste, o mês de junho deve ser mais seco e quente, com poucas chuvas e temperaturas acima da média, principalmente durante as tardes. No Norte e Nordeste, o calor continua predominante.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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