Raça gigante e histórica da Andaluzia sobrevive com menos de 1000 indivíduos e luta para manter sua pureza genética. Saiba mais sobre o burro gigante da Andaluzia
O burro andaluz, também chamado de Asno Andaluz, Asno Cordobés ou Asno de Lucena, é uma das raças de jumentos domésticos mais antigas e prestigiadas do mundo. Originário da província de Córdoba, na Andaluzia, ele já foi considerado um símbolo de status no século XVIII, a ponto de a Coroa Espanhola proibir sua saída do país para evitar a perda do patrimônio genético. Mesmo assim, em 1785 o rei Carlos III enviou dois machos ao presidente norte-americano George Washington; apenas um sobreviveu à travessia marítima e ficou conhecido como Royal Gift, tornando-se fundador de linhagens de muares nos Estados Unidos.
Hoje, porém, a realidade é oposta ao prestígio histórico. O Ministério da Agricultura da Espanha classifica a raça como “autóctone em perigo de extinção”. Em 2013 havia apenas 749 indivíduos registrados, quase todos na Andaluzia. Em 2018 o número subiu para 839, mas apenas 14 fêmeas eram confirmadamente puras, evidenciando uma grave ameaça à continuidade genética do rebanho.
O burro andaluz é conhecido por seu porte avantajado entre as raças asininas.
- Altura: entre 150 e 160 cm na cernelha.
- Pelagem: curta, fina e macia, com predominância do cinza claro, por vezes quase branco.
- Cabeça: perfil convexo com proporções equilibradas.
- Temperamento: calmo, dócil e altamente treinável.
- Adaptação: excelente desempenho em clima quente e seco, típico da Andaluzia.

Apesar da elegância, trata-se de um animal funcional: forte, robusto e resistente, historicamente utilizado na agricultura, no transporte regional e para formação de muares de alta qualidade. Sua combinação de força física e temperamento dócil fez dele um componente estratégico para a economia rural espanhola por séculos.
Mais do que um animal de trabalho, o burro andaluz é considerado patrimônio vivo do campo espanhol. Sua presença está ligada à memória econômica e cultural da Andaluzia tradicional. Contudo, o estreitamento populacional e a baixa oferta de matrizes puras tornam o risco de erosão genética iminente.
Entidades de criadores e programas de conservação trabalham para manter registros, estimular a reprodução seletiva e ampliar a base genética, mas o progresso é lento frente ao diminuto número de animais e ao desinteresse comercial contemporâneo.

- É uma raça fundadora, de alto impacto histórico em programas de cruzamento no Ocidente
- Possui adaptação natural a ambientes extremos, recurso valioso numa era de mudanças climáticas
- Representa identidade cultural e patrimônio genético único, que não pode ser recriado após a perda
O burro andaluz é, portanto, um ativo biológico e cultural em risco real de desaparecer. Preservá-lo é mais que proteger um animal raro: é evitar que uma peça importante da história rural europeia seja definitivamente apagada.
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