
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com base nos dados da OCDE, publicou o indicado PSE que destaca quanto o suporte/apoio governamental representa na renda dos produtores rurais
Embora ocupe posição de protagonismo na economia global, o agronegócio brasileiro figura entre os menos assistidos diretamente pelo poder público quando comparado a outros países. Contrariando a percepção recorrente de que se trata de um setor amplamente subsidiado, os dados do Banco Interamericano de Desenvolvimento indicam que apenas 2,59% do valor da produção de renda bruta do produtor rural brasileiro decorre de políticas públicas – índice muito inferior à média da OCDE, de 13%.
O BID, com base em dados da OCDE, divulgou esse mapa que mostra quanto da renda dos produtores rurais vem de apoio governamental (subsídios, preços mínimos, infraestrutura rural, etc). O nome do indicador é PSE – Estimativa de Suporte ao Produtor.

Essa disparidade, por si só, não representa um problema. Pelo contrário, há o lado positivo de o agro brasileiro estar cada vez mais alicerçado em fontes de financiamento privado. O que não se pode admitir é que essa predominância de capital privado no financiamento do setor seja utilizada como bengala para isentar o Estado de financiar um setor tão estratégico como o agro, especialmente em momentos de crise climática e alto endividamento no setor.
O exemplo mais recente ilustra essa preocupação: em junho, o governo suspendeu R$ 445 milhões do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) – verba já prevista.
A medida, tomada sem aviso prévio ou diálogo com o setor, contraria o espírito democrático ao não discutir de forma antecipada com os representantes da maior Frente Parlamentar do País, que é a da Agropecuária (FPA). O corte no PSR se soma à paralisação temporária das linhas com recursos equalizados registrada em fevereiro deste ano e potencializa o sentimento de insegurança institucional e política para quem produz.
Essa prática compromete a clareza na comunicação pública e dificulta a avaliação objetiva da evolução do apoio estatal ao setor agropecuário pela população em geral, que continua tendo a percepção totalmente ultrapassada de que o agro é sustentado com recursos públicos.
Cadê o dinheiro do Plano Safra?
A jornalista Kellen Severo, denunciou que o produtor rural não está conseguindo acesso ao crédito do Plano Safra. “Os números não deixam dúvida. Em julho, o crédito rural caiu 22% em relação ao mesmo mês do ano passado. De R$ 47 bilhões em 2024, despancou para R$ 37 bilhões em 2025. O dado mais contundente está no investimento. Uma queda de 75%. Você quer ver a paralisia no financiamento agropecuário? Modernfrota, menos 96%” – denunciou a jornalista.
A jornalista ainda divulgou um trecho da responda que recebeu da assessoria do governo. “O primeiro mês da safra não é um parâmetro definitivo para se avaliar o futuro da performance do crédito rural durante toda a safra. Fatores conjunturais, sejam eles breves ou de duração mais persistente, como preços de produtos e de insumos e condições climáticas podem afetar a disposição do produtor em contratar crédito, reverberando no tempo consumido para a tomada de decisão” – publicou.
A agricultura não pode ser tratada como política de governo, mas sim discutida e executada como uma política de Estado. O agro brasileiro é estratégico demais para depender de decisões pontuais ou arranjos de última hora. A construção de uma política agrícola sólida exige previsibilidade, rigor técnico e responsabilidade fiscal.
O produtor precisa de segurança: seguro rural subvencionado, crédito nas condições prometidas e orçamento estável. O agro exige um ambiente institucional confiável e diálogo constante com o governo. O Brasil tem capacidade e estrutura – o que falta, por ora, é vontade política de valorizar quem move a economia: quem produz.
Para um país como o Brasil, que é potência agropecuária, esse dado chama muito a atenção. Vale a reflexão.
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