O passo a passo da preparação das matrizes para a estação de monta

A estação de monta é o período previamente definido em que todas as fêmeas do rebanho são destinadas à reprodução, seja por monta natural controlada, inseminação artificial (IA) ou inseminação artificial em tempo fixo (IATF)

A reprodução é um dos motores da pecuária de corte e de leite no Brasil. Em 2025, com margens de produção cada vez mais estreitas, cada bezerro desmamado representa não apenas o futuro do rebanho, mas também a sustentabilidade econômica da fazenda. Nesse contexto, a estação de monta se consolida como uma das estratégias mais eficazes para organizar a reprodução bovina e aumentar a eficiência do sistema produtivo.

Mas, para que os índices de fertilidade e produtividade realmente avancem, a preparação antecipada das matrizes se torna indispensável. Não se trata apenas de iniciar a estação com as vacas em bom estado: o sucesso depende de um conjunto de medidas sanitárias, nutricionais e de manejo implementadas ao longo de todo o ano.

O que é e por que adotar a estação de monta?

A estação de monta é o período previamente definido em que todas as fêmeas do rebanho são destinadas à reprodução, seja por monta natural controlada, inseminação artificial (IA) ou inseminação artificial em tempo fixo (IATF).

Essa concentração dos acasalamentos traz vantagens práticas e econômicas:

  • Organização do calendário produtivo: partos, lactações e desmamas ocorrem em períodos definidos.
  • Maior controle zootécnico: é possível medir e comparar desempenho de touros, vacas e lotes de bezerros com precisão.
  • Padronização dos lotes: bezerros mais uniformes em idade e peso, o que facilita manejo nutricional e comercialização.
  • Eficiência reprodutiva: redução do intervalo entre partos e aumento da taxa de prenhez.
  • Aumento da lucratividade: estudos recentes (2024/2025) indicam que rebanhos com estação de monta definida alcançam até 20% mais bezerros por vaca/ano em comparação a rebanhos sem manejo reprodutivo estruturado.

Preparação das matrizes: passos fundamentais

O desempenho reprodutivo de uma vaca começa antes mesmo do início da estação de monta. A seguir, os principais pontos que determinam o sucesso:

1. Avaliação da condição corporal (ECC)

  • O escore de condição corporal (ECC) mede a proporção de gordura e massa muscular, numa escala de 1 a 5.
  • Para 2025, recomenda-se que as vacas estejam entre 3,0 e 3,5 pontos no início da estação.
  • Animais abaixo desse índice apresentam baixa ciclicidade ovariana, enquanto vacas acima de 4 tendem a ter problemas metabólicos.
  • Pesquisas recentes mostram que cada 0,5 ponto a menos no ECC pode reduzir em até 12% a taxa de prenhez.

2. Exames ginecológicos e sanidade reprodutiva

  • A inspeção ginecológica permite identificar fêmeas aptas à reprodução e diagnosticar problemas como cistos ovarianos, endometrites ou anestro.
  • Exames comuns: palpação transretal, ultrassonografia e avaliação de muco vaginal.
  • Protocolos de vacinação preventiva (brucelose, leptospirose, IBR, BVD) são obrigatórios para evitar perdas embrionárias.
  • O descarte estratégico de vacas inférteis evita custos adicionais e aumenta a eficiência do rebanho.

3. Planejamento nutricional

A alimentação é o pilar da reprodução. Uma dieta desequilibrada compromete tanto a fertilidade quanto o desenvolvimento fetal.

  • Pré-estação: recuperação da condição corporal com suplementação proteica e energética.
  • Gestação inicial: foco em manter o peso e prevenir perdas de prenhez.
  • Pós-parto: dieta rica em proteína e energia para estimular retorno rápido ao cio.
  • Manejo de pastagens bem planejado, aliado ao uso de suplementos minerais e proteico-energéticos, mostrou em 2024 resultados de até 15% mais prenhezes no primeiro terço da estação.

4. Bem-estar e ambiente

  • O estresse térmico é um fator que reduz a taxa de concepção. Em regiões de calor intenso, recomenda-se sombreamento natural ou artificial e disponibilidade de água fresca.
  • A oferta de água deve ser abundante: uma vaca em lactação consome em média 70 a 100 litros por dia.

Cuidados ao longo do ano: o segredo para uma estação de monta eficiente

A preparação não deve se concentrar apenas no início da estação. O ciclo reprodutivo das matrizes é contínuo, e os cuidados precisam ser mantidos em todas as épocas do ano.

  • Período das águas: aproveitar a alta qualidade do capim para recuperar a condição corporal.
  • Período da seca: o grande desafio é manter o escore corporal. Aqui, entram estratégias como uso de silagem, feno e suplementação proteico-energética.
  • Transição pós-parto: vacas precisam de dieta específica para evitar balanço energético negativo, que atrasa o retorno ao cio.

Um erro comum é “lembrar” das vacas apenas no momento da monta. A pecuária moderna mostra que a taxa de desmama e a longevidade produtiva da vaca são reflexos diretos do manejo anual.

A tecnologia como aliada: gestão digital da estação

Em 2025, a digitalização já está presente em milhares de fazendas. Plataformas como o iRancho oferecem recursos para controlar:

  • registros individuais de cio, inseminações e prenhezes;
  • análise em tempo real das taxas de concepção;
  • relatórios comparativos de desempenho por lote, touro ou matriz.

Esse tipo de ferramenta transforma a estação de monta em um processo estratégico de gestão, reduzindo falhas de anotações manuais e permitindo decisões rápidas.

Impacto econômico da estação de monta bem planejada

  • Bezerros mais pesados: matrizes preparadas garantem maior peso ao nascer e ao desmame. Em média, cada 10 kg extras no bezerro desmamado representam R$ 100 a mais por animal em 2025.
  • Intervalo entre partos menor: cada dia adicional sem prenhez custa em torno de R$ 7,50 por vaca/dia em sistemas de corte.
  • Padronização de lotes: favorece a venda de bezerros em leilões e aumenta a liquidez no mercado.

Conclusão

A estação de monta não é apenas um período de reprodução, mas um dos momentos mais estratégicos da pecuária moderna. Em 2025, as fazendas que obtêm os melhores índices são aquelas que:

  • iniciam o preparo das matrizes com meses de antecedência;
  • monitoram escore corporal e saúde reprodutiva;
  • ajustam nutrição conforme cada fase do ciclo produtivo;
  • utilizam tecnologia para gestão de dados e tomada de decisão.

O resultado é direto: mais prenhezes, bezerros mais fortes, maior padronização dos lotes e retorno econômico garantido.

Escrito por Compre Rural

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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