As linhagens do Mangalarga Marchador seguem como principal ativo da raça e explicam por que a genética virou o grande motor de valorização no campo e nas pistas.
O Mangalarga Marchador, maior raça equina do Brasil em número de registros, vive um dos momentos mais sólidos de sua história genética. Em 2025, a valorização de linhagens tradicionais, aliada ao avanço técnico da seleção, transformou determinados sangues em verdadeiros ativos patrimoniais, disputados por haras, investidores e criadores de todas as regiões do país.
Mais do que nomes consagrados em pistas, as linhagens representam consistência genética, previsibilidade na produção e histórico comprovado de campeões. É esse conjunto que sustenta cifras cada vez mais altas em leilões, condomínios de garanhões e venda de coberturas.
Nesta matéria especial, o Compre Rural apresenta um panorama atualizado das linhagens mais valorizadas do Mangalarga Marchador até 2025, os nomes que dominam os pedigrees atuais, os haras que lideram esse movimento e as tendências que moldam o futuro da raça.
A história do Mangalarga Marchador nasce no sul de Minas Gerais, ainda no século XIX, a partir de fazendas que se tornaram referência absoluta na formação da raça. Entre elas, seis criatórios são considerados os troncos fundadores: Favacho, Campo Lindo (JB), Traituba, Narciso, Angaí e Campo Alegre.
Desses núcleos surgiram as características que até hoje definem o Marchador: marcha confortável, rusticidade, docilidade, resistência e beleza funcional. Com o passar das décadas, esses sangues foram sendo trabalhados, cruzados e refinados, originando as linhagens tradicionais que ainda dominam o mercado.
Favacho: a linhagem mais influente da raça
Entre todas, a linhagem Favacho segue como a mais valorizada e dominante em 2025. Criada em Cruzília (MG), ela é reconhecida pela marcha batida extremamente cômoda, longevidade funcional e capacidade de transmissão genética.
O peso do sangue Favacho é evidente nos rankings da ABCCMM, nos campeonatos nacionais e nos principais leilões do país. Garanhões históricos como Armistício, Candidato, Estanho, Juazeiro e Único moldaram gerações inteiras.
Nos últimos anos, nomes como Estanho de Alcateia e O Iguape Catalão consolidaram o Favacho como sinônimo de campeão de progênie, com filhos premiados e grande aceitação comercial. Haras como Favacho, Alcateia, MH, Cavarú-Retã e Morro Queimado lideram a manutenção e expansão dessa genética.
Destaque: o Favacho é hoje a linhagem mais presente nos pedigrees dos campeões nacionais de marcha batida.

JB (Campo Lindo): morfologia, elegância e equilíbrio
A linhagem JB, originária da Fazenda Campo Lindo, é outra coluna vertebral do Marchador moderno. Seu diferencial sempre foi a excelência morfológica, com animais de grande presença, boa estrutura corporal e andamento correto.
Garanhões como Bellini JB, Ouro Preto JB e Clemenceau II marcaram época e seguem influenciando gerações atuais. Em 2025, o sangue JB aparece com frequência em cruzamentos estratégicos, especialmente quando o objetivo é refinar morfologia sem perder comodidade.
A JB é muito utilizada em conjunto com Favacho e Herdade, formando pedigrees altamente valorizados. Haras tradicionais e modernos mantêm esse sangue como base de seleção.

Herdade: conforto extremo e regularidade genética
A linhagem Herdade consolidou-se como referência em marcha extremamente confortável, temperamento equilibrado e regularidade de produção. Os animais dessa linha são conhecidos pela marcha de centro e estabilidade funcional.
Garanhões como Herdade Cadillac e Herdade Jupiá deixaram descendentes que seguem dominando pistas e programas de reprodução. Atualmente, o sangue Herdade aparece em alguns dos animais mais caros do Brasil, incluindo garanhões de alto valor genético e comercial.
Haras como Herdade, Seta, HO, Santa Lúcia e Pedra Forte comandam essa linhagem, que continua sendo uma das mais seguras para quem busca produção consistente.

Angaí: rusticidade, força e resistência funcional
A linhagem Angaí ocupa posição central na história do Mangalarga Marchador, sendo considerada um dos pilares da formação e da organização da raça, obtendo Angahy, o primeiro cavalo a ser oficialmente registrado na ABCCMM . Originária de Minas Gerais, construiu sua reputação sobre uma marcha batida firme, avante e estável, reconhecida pelo alto conforto ao cavaleiro, mesmo em longas cavalgadas.
Do ponto de vista genético, a Angaí teve papel decisivo na construção do Marchador moderno. Garanhões como Angaí Caxias, Angahy, Angaí Junco, Angaí Bolero e Angaí Apolo tornaram-se referências genéticas, influenciando diretamente diversas outras linhagens. Até hoje, grande parte dos pedigrees da raça carrega esse sangue em sua base.
Com animais de ossatura forte, rusticidade e grande longevidade funcional, a linhagem Angaí segue valorizada como fundação genética, sendo frequentemente utilizada em cruzamentos para garantir regularidade de marcha, resistência e previsibilidade de produção. Seu legado permanece vivo como símbolo histórico e genético do Mangalarga Marchador.

Abaíba: beleza e impacto visual
A linhagem Abaíba ganhou fama pela beleza marcante, cabeças expressivas e pescoços bem lançados. Embora nem sempre tenha sido referência absoluta em comodidade, tornou-se extremamente valorizada como linha de correção morfológica.
Hoje, o sangue Abaíba é utilizado de forma estratégica para agregar elegância a linhagens mais funcionais. Haras como Maripá e Pau D’Alho seguem preservando esse tronco genético.

Passa Tempo: o resgate da marcha picada
A linhagem Passa Tempo é uma das mais antigas e respeitadas da marcha picada no Mangalarga Marchador, com origem ligada à Fazenda Campo Grande, à família de Bolívar de Andrade e à tradição de Passa Tempo (MG) como polo histórico da raça.
Especializada na marcha picada confortável, regular e estável, a linhagem consolidou sua identidade funcional ao longo das décadas. Após um período de retração, passou por um importante resgate genético, liderado por criatórios como a Terra Brava Agropecuária, que devolveram protagonismo ao sangue Passa Tempo.
Entre os grandes símbolos da linhagem estão Jogo de Passa Tempo, Campeão Nacional e Brasileiro de Marcha Picada e destaque na reprodução, e Everest de Passa Tempo, garanhão com mais de 50 títulos, considerado um verdadeiro ícone da linhagem. Hoje, a Passa Tempo voltou a ocupar posição de destaque entre as principais referências nacionais da marcha picada.

O atual cenário da raça é marcado por reprodutores líderes de mercado, cujos nomes se tornaram marcas próprias:
- Estanho de Alcateia – líder de ranking de progênie e um dos garanhões mais valorizados do país
- Elfo do Porto Azul – referência máxima da marcha picada, com milhares de filhos registrados
- Pavão do Morro Queimado – pilar da linhagem moderna da marcha batida
- Fator da Cavarú-Retã – consistência genética e forte valorização comercial
- Lúcido da Figueira – símbolo da valorização extrema da genética, associado aos maiores negócios da raça
- O Iguape Catalão – expressão máxima do sangue Favacho na atualidade
Esses animais concentram investimentos, condomínios, contratos de reprodução e protagonizam os principais leilões do país.
Até 2025, o Mangalarga Marchador consolidou uma tendência clara: linhagem virou patrimônio. Criadores buscam cada vez mais previsibilidade genética, histórico de produção e linhagens comprovadas, reduzindo apostas e elevando o nível técnico da raça.
O uso intensivo de biotecnologias reprodutivas, o fortalecimento de condomínios de garanhões e a valorização de progênie comprovada indicam que o futuro da raça será ainda mais seletivo — e as linhagens tradicionais seguem no centro dessa estratégia.
No Marchador, o tempo provou: quem domina a linhagem, domina o mercado.
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