O que é a ZCAS e como ela afeta o clima

Entenda o que é a ZCAS e como ela afeta o clima no Brasil. Saiba como esse corredor de umidade define as chuvas de verão e impacta o agronegócio nacional

Com a chegada da temporada de verão, produtores rurais e a população em geral voltam suas atenções para os céus. Um dos protagonistas dessa estação é a Zona de Convergência do Atlântico Sul. Mas, para planejar a safra e a logística, é fundamental saber exatamente o que é a ZCAS e como ela afeta o clima nas diferentes regiões produtivas do país.

Esse sistema meteorológico, que também pode dar as caras no final da primavera, é o grande responsável por garantir a manutenção da umidade no solo em vastas áreas do território nacional, embora seu excesso possa trazer desafios operacionais.

Características: O que é a ZCAS e como ela afeta o clima regional?

A Zona de Convergência do Atlântico Sul, conhecida pela sigla ZCAS (pronuncia-se “zacas”), define-se tecnicamente como um corredor de umidade largo e persistente. Visualmente, em imagens de satélite, ela aparece como uma faixa de nebulosidade que conecta a Amazônia ao Oceano Atlântico Sul.

Quando analisamos o que é a ZCAS e como ela afeta o clima, o principal impacto é a ocorrência de chuvas volumosas e recorrentes por vários dias consecutivos. Esse fenômeno atua predominantemente sobre as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, podendo influenciar também partes do Nordeste e, mais raramente, o Sul.

O que é a ZCAS e como ela afeta o clima

Para o agronegócio, a ZCAS é uma “faca de dois gumes”:

  • Benefício: Garante a reposição hídrica dos solos e abastecimento de reservatórios.
  • Risco: O excesso de precipitação pode atrapalhar a colheita, o manejo de defensivos e a logística de escoamento.

Em muitos municípios, o acumulado de chuva gerado por um único episódio de ZCAS pode corresponder a uma parcela significativa da precipitação esperada para todo o trimestre chuvoso.

O que é a ZCAS e como ela afeta o clima

A “Receita” da ZCAS: Como o sistema se forma

A formação desse sistema não é aleatória; ela depende de uma “dança” atmosférica precisa. Segundo dados da Climatempo, para que a ZCAS se estabeleça, é necessária a interação simultânea de diversos fatores atmosféricos:

  1. Frente Fria Semi-estacionária: Posicionada na costa do Sudeste.
  2. VCAN (Vórtice Ciclônico de Altos Níveis): Um sistema de baixa pressão que gira no sentido horário a cerca de 10 km de altitude, geralmente sobre o Nordeste.
  3. Alta da Bolívia: Um grande sistema de alta pressão (circulação anti-horária) também em grandes altitudes (10 km).
  4. Cavado Atmosférico: Uma ondulação nos ventos em níveis médios (5 km de altitude).

Além da complexidade na formação, existe um critério temporal rigoroso. Para ser classificado tecnicamente como ZCAS, as áreas de instabilidade devem persistir sobre a mesma região por, no mínimo, 4 dias.

Variações de Posicionamento da ZCAS e como ela afeta o clima local

O “corredor de chuva” da ZCAS não é estático. Ele pode oscilar sobre o mapa do Brasil, alterando drasticamente quem recebe a água. Entender essa dinâmica é vital para compreender o que é a ZCAS e como ela afeta o clima em diferentes estados:

1. Posição Mediana (Clássica)

Atinge o Sudeste e Centro-Oeste de forma bem distribuída, alcançando estados do Norte como Amazonas, Rondônia e Acre. É o cenário mais comum.

2. Eixo Posicionado ao Norte

Neste cenário, a chuva se concentra no Espírito Santo, centro-norte de Minas Gerais, Bahia (“Matopiba”), Tocantins, sul do Amazonas e norte de Goiás e Mato Grosso. Consequentemente, áreas produtoras do centro-sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul podem enfrentar janelas de estiagem.

3. Eixo Posicionado ao Sul

A instabilidade desce, provocando chuvas volumosas em São Paulo, centro-sul do Rio de Janeiro e Minas Gerais, além do sul de Goiás e Mato Grosso. O Paraná também costuma ser beneficiado nesta configuração.

Influência do El Niño e La Niña

Os fenômenos climáticos globais ditam o ritmo da ZCAS. O aquecimento (El Niño) ou resfriamento (La Niña) das águas do Pacífico Equatorial interferem diretamente na organização desse canal de umidade.

  • El Niño: Em geral, dificulta a formação da ZCAS, pois atrapalha a organização da Alta da Bolívia. Contudo, não impede totalmente o fenômeno (como visto em janeiro de 2024).
  • La Niña: Tende a atuar a favor da ZCAS, facilitando a conexão de umidade entre a Amazônia e o Sudeste.
  • Neutralidade: Cenários sem El Niño ou La Niña também são favoráveis à formação e manutenção do sistema.

Compreender o que é a ZCAS e como ela afeta o clima permite que o produtor rural e a sociedade se preparem melhor para os extremos do verão brasileiro, mitigando riscos e aproveitando as janelas hidrológicas.

Escrito por Compre Rural com informações do Climatempo.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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